“Meu nome é Ingridy, tenho 19 anos, moro em Saquarema, cidade litorânea do Rio de Janeiro, e faz mais ou menos dois anos que assumi meu cabelo natural.

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Ingridy, já empoderada com seu cabelo natural

Desde que me entendo por gente, ir para a escola era sempre um drama. Não por causa dos estudos, mas por conta do cabelo. Sempre ‘cuidei’ do meu cabelo sozinha, não me lembro da minha mãe me ajudando a penteá-lo ou coisa do tipo.

Naquela época, não existiam muitas alternativas para cabelos cacheados e o impacto do racismo era muito maior. Quando se vive em uma sociedade na qual as pessoas relacionam uma pessoa negra com cabelo afro a uma pessoa suja, é bem complicado.

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Ingridy durante a infância. O racismo comprometeu a relação consigo mesma e com o próprio cabelo

Me lembro de acordar todos os dias às 5 horas da manhã para pentear o cabelo. Eu era bem perfeccionista, gostava de todos os ‘miojinhos’, como costumava dizer meu pai, alinhados, com nenhum fio fora do lugar.

Se não me falhe a memória, era 1 pote de creme por semana, e quando acabava e minha mãe não queria comprar mais, eu recorria até ao creme corporal!!! Sim, eu fazia isso! (vergonha). Meu cabelo ficava tão duro, que nem o vento conseguia desmanchar. Eu gostava do estilo ‘a vaca lambeu’ (risos).

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Ingridy achou que o alisamento seria a solução de todos os seus problemas

Muitas pessoas falavam que meu cabelo era duro, que não saia do lugar. E para piorar, eu nem ousava prender o cabelo, porque sempre tive complexo por ter orelhas de abano, e as pessoas comentavam muito isso. Nada era favorável para uma menina que estava entrando na adolescência.

Aos 12 anos, meu pai me levou em um salão para tentar resolver meu problema com meu cabelo, e lá eu fiz o tão sonhado alisamento. Me lembro que eu fiquei muito feliz naquele dia, apesar de ter quase perdido os cabelos com tanto formol. Minha felicidade era tanta, que sai do salão e fui andando para casa, apesar de ser um pouco distante, feliz com os cabelos ao vento. Alisei por mais ou menos 6 anos e antes de começar o 3° ano do ensino médio, decidi que não iria alisar mais os cabelos.

Até então achei que o alisamento seria fácil, era só fazer um corte e deixá-lo crescer. Pena que não foi bem assim. Quando começou o ano letivo, tinha acabado de passar por um corte mal sucedido e minha raiz já estava bem crescida. Fui bastante criticada na escola. Ouvia muito: – O que a Ingridy fez no cabelo? Me sentia feia, e fui obrigada a usar o cabelo preso, que eu detestava por conta das minhas orelhas. Passei o ano todo assim, me sentindo feia. Comecei então a cuidar melhor dos meus cabelos, que ainda tinham muitos fios lisos, que eu não conseguia cortar por achar que eu ficaria ainda mais feia com um cabelo curto. O ano letivo passou, me formei, na formatura recorri à prancha e depois de uma conversa com uma amiga, cheguei em casa, me olhei no espelho e decidi tirar o restante da química que ainda tinha em meus cabelos, e foi isso que eu fiz.

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Após o big chop me senti livre e bonita! Aos poucos fui me aceitando, deixando de usar o cabelo preso, deixando de usar litros de creme para cada fio ficar em seu devido lugar.

O que eu tirei disso tudo? Coragem e determinação. Inspirei minha mãe, minha tia e uma amiga a assumirem o seu cabelo natural. Não ligo mais se falarem que minha orelha é de abano, que meu cabelo é duro ou feio, o importante é que eu gosto, e me sinto bem assim. Fui até o fim com o que eu queria e estou muito feliz. Até hoje ouço – Você ficava melhor de cabelo liso, mas também escuto – Seu cabelo está lindo – E é o que me faz gostar mais ainda do jeito que é meu cabelo.

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Parabéns pelo seu trabalho que tanto inspira meninas que querem assumir o que são, mas que se preocupam demais com que os outros vão dizer. Acho lindo o blog, me motiva a cuidar mais e mais de mim e da minha autoestima, a dar tempo ao tempo. Continue com esse trabalho tão bonito e espero um dia ir em SP e conhecer a Garagem dos Cachos. Beijão!!”

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Gostou da história da Ingridy? Quer ler outras histórias de superação? Clique aqui! Quer ver a sua história publicada neste espaço? Escreva para cachosefatosoficial@gmail.com, com Meu Cabelo, minha história no assunto. Fotos são obrigatórias.

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