“Meu nome é Tatiane Menezes, tenho 28 anos e sou do Rio de Janeiro-RJ. A história de meu cabelo vai da escravidão dessa ditadura da beleza até a liberdade da transição.”
As mudanças capilares foram realizadas devido ao bullying que eu sofria por ter o cabelo ‘bem cheio’. Quando criança ele era ondulado, mas depois na adolescência, cacheou. Ouvi muitas críticas falando que ele estava ‘endurecendo’. E se usava solto, recebia críticas pelo volume.
Ainda por cima, sempre fui magra, muito magra, e claro, também sofria com críticas e perturbações em relação ao meu corpo. Afinal, quando somos novas, acabamos sendo induzidas a seguir os padrões de beleza pra fazer parte de um todo, para pertencer a este mundo daqueles que são aceitos por ter determinado perfil.
Como tinha dificuldade em engordar, fui para o mais prático primeiro: fiz relaxamento. Mais tarde, alisamento. Tudo para me enquadrar nesse estereótipo de beleza. Minha rotina com meu cabelo era fazer a hidratação e finalizar, mas quando secava, logo prendia num rabo de cavalo ou coque, e ainda colocava uma faixa, para manter ainda mais preso.
Ouvia sempre aquele ditado preconceituoso: ‘cabelo ruim é que nem bandido: ou vive preso ou armado’. E por conta disso, não achava meu cabelo bonito e tinha baixa autoestima. Foi um período horrível.
Quando decidi ter meu cabelo natural novamente, foi em 2012. Fui deixando o cabelo crescer e ia cortando, o que achei péssimo! Eu não sabia cuidar direito, fazer fitagem ou texturização, e logo tinha metade lisa e a outra cacheada. Se eu pudesse voltar no tempo, com certeza teria feito o big chop de uma vez só.
A liberdade de não ter química não aconteceu tão rápido quanto eu gostaria. Ainda não estava preparada pra abandonar os procedimentos e me enxergar totalmente cacheada, então sucumbi novamente ao relaxamento.
Em 2013, deixei tudo. Não queria ficar presa. E fui cortando o cabelo até ter meu cabelo natural mesmo. Neste longo processo, foi difícil, pois senti saudade da escova, daquele cabelo sem volume. Ainda tinham as pessoas que achavam que eu deveria continuar com o alisado, falavam que meu cabelo estava feio e era muito cheio.
Foi um longo processo de aceitação e de reconhecimento. Hoje, fico feliz por ter vencido e me sinto mais feliz por não ter ouvido ninguém. Me sinto livre de fato. Amo meu cabelo, e por amá-lo, soube cuidar melhor dele. Sigo a rotina Low Poo há meses e percebo que os cachos estão ainda mais bonitos, e isso me deixa segura, pois consigo enxergar minha real beleza.
Transição para mim significa liberdade.Agora espalho para todos os cantos o quanto é bom ser livre, ter seu cabelo como ele é. Não ligo para frizz, não ligo se está cheio… Eu somente quero ter cachos! Falo para outras pessoas que a transição vale a pena. Muitas amigas agora voltaram a ser cacheadas. Eu fico feliz por elas, e por mim, pois devemos ser livres para ser o que desejamos ser. E nada melhor do que ser você mesma!
Tatiane participou da Promoção Meu cabelo, minha história, que teve início no dia 19/07 e encerrou no dia 22/08. Leia aqui a história vencedora. Embora a promoção tenha acabado, a seção Meu Cabelo, minha história continua. Quer ver sua história publicada aqui? Envie para cachosefatosoficial@gmail.com com quatro fotos anexadas. Quer ler outras histórias de superação? Clique aqui!