A Aline chegou na Garagem dos Cachos disposta a fazer seu big chop, independente do tamanho que seu cabelo ficaria. Ela era adepta dos alisamentos desde os 10 anos de idade e não fazia ideia de como ficaria com seu cabelo natural: “era tanto produto, mas nada até então tinha me deixado lisa e feliz”.
Como os cachinhos crespos são mais frágeis, por receberem em menores quantidades do sebo natural da raiz, e somado ainda ao uso constante de surfactantes pesados na higienização e químicas alisantes, foi um processo natural que o cabelo de Aline se tornasse cada dia mais frágil, poroso e quebradiço.
“Eu já estava cansada de viver dentro de um padrão imposto. Cresci ouvindo que meu cabelo era ruim e que minha mãe tinha que fazer alguma coisa. Claro que não foi uma decisão fácil parar de usar química. Primeiro pensei como ia cortar e depois como eu iria reagir após o corte”.
“Pesquisei muito na internet sobre transição capilar e o tal BC (Big Chop), e nessas pesquisas, encontrei o site Cachos e Fatos, onde pude ler vários relatos das meninas que também passaram pelo BC, o que me ajudou muito tomar a decisão. Foi neste site também onde conheci a Garagem dos Cachos, e vi que seria um ótimo lugar para fazer esse corte radical, pois só estava há três meses sem química e queria cortar com alguém que, além de saber o que estava fazendo, entendia o que nós crespas e cacheadas passamos.”
“Contei nos dedos o dia do ‘grande corte’. Estava bem animada para mudar de vez o visual. Meus amigos e familiares me apoiaram bastante. Todos me encorajaram dizendo que ia ficar legal, e esse apoio foi fundamental. O dia chegou e enfim, lá estava eu, 27 anos depois de muita tortura com chapinha e produtos que só danificaram meu cabelo. Após o big chop, me senti totalmente livre. De ímediato me achei um pouco estranha(risos), mas é normal. Agora já estou bem acostumada e descobrindo aos poucos o que meu cabelo gosta, aprendendo a lidar com ele do jeitinho que ele é.”
Eu, Sabrinah, particularmente, me senti muito honrada de ser a pessoa escolhida para participar deste rito de passagem tão importante na vida da Aline. A redescoberta do cabelo natural, não apenas a libertou de uma sucessão de processos químicos dolorosos, mas também a libertou dos preconceitos que lhe foram enraizados desde a infância por uma sociedade preconceituosa, racista, machista, e na maioria das vezes, impiedosa, principalmente com as mulheres negras.
Ela, mais do que ninguém, sabe que ainda não estará imune ao preconceito, ao racismo, ao machismo da sociedade,mas com conhecimento, informação e autoestima renovada, que o empoderamento da aceitação do crespo natural lhe trouxe, agora ela tem ferramentas para fazer com que a Aline de verdade ultrapasse todas estas barreiras.
Ela sabe que não precisa mais criar um personagem para ser aceita. Que seu cabelo natural é lindo, que ela é linda, sua cor é linda, e principalmente, toda a história que está por trás dela. Afinal, aceitar o cabelo natural é aceitar suas raízes africanas. E ela tem muito para que se orgulhar disto.
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* Tive autorização da minha cliente para divulgar essas fotos
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Carmen says:
Ficou muito mais bonita.