No ano passado eu dei uma entrevista para a carioca, Mariana Santos, do blog Irradiar Estrelas. A entrevista foi publicada em 19 de novembro de 2014, mas só recentemente a descobri publicada. Nesta entrevista eu conto um pouco sobre a minha trajetória aqui no blog e como tudo levou à Garagem dos Cachos. Leia na íntegra, abaixo ( reproduzi como estava no blog dela com as mesmas ilustração. PS- A loira da foto não sou eu! E também não é ela!)
Entrevista com a dona da “Garagem dos Cachos”
Oi genteeeeeeeeeee. Meu Deus, quanto tempo! Eu não estou entrando aqui frequentemente porque estou enroscada de provas/ trabalhos/ e afins, mas vocês me entendem, né? Enfim, estava com esta entrevista aqui desde outubro porém não deu tempo de organizar nada e eu acabei não postando. Como vocês sabem, minha caminhada para meus cachos ainda está acontecendo, e é claro, estou sempre procurando fontes e dicas novas para passar nessa fase, tanto para mim quanto para vocês. Conversei com a dona do blog “Cachos e Fatos”, a Sabrinah Giampá, e hoje vocês vão saber um pouquinho mais de como tudo isso começou. Para quem não sabe, A dona desse blog criou na garagem de casa um salão chamado “Garagem de cachos”, e vamos saber como isso tudo começou. Mas antes preciso adiantar e dizer que eu me apaixonei pelo o jeito que ela escreve e tenho certeza que vocês também vão. Espero que gostem!
Como surgiu essa ideia de criar a “garagem dos cachos”?
A garagem de cachos surgiu por causa do blog Cachos e Fatos. Como jornalista, eu nunca havia imaginado me tornar cabeleireira, ainda mais especializada em cabelos cacheados, crespos e ondulados. Na verdade, ainda me considero aprendiz, pois tudo aconteceu muito rápido, de forma inusitada. Eu criei o blog com o intuito de ajudar outras mulheres a assumirem seus cabelos naturais, indo na contramão da cultura do longo e liso, que a sociedade nos impõe desde a mais tenra infância. E conforme os trabalhos foram desenrolando no blog, percebi que precisava me especializar para ter uma base argumentativa maior para escrever. Não queria ser mais uma blogueira na multidão, queria escrever com propriedade, e por isso investi nos cursos de cabeleireira. Mas uma hora, percebi que precisava colocar as mãos na massa, se quisesse entender de verdade como funcionam os nossos cabelos, e confesso que me apaixonei.
Você também passou por transição? quanto tempo durou?
Passei sim, mas por uma transição relâmpago (risos). Fui criada para acreditar que o cabelo cacheado era uma anomalia genética, uma fera indomável, que precisava ser algemada a todo custo, e se libertar destes conceitos foi difícil, ainda mais quando sempre vinha alguém da família ou amigo me dizer que eu ficava mais bonita de cabelo liso. Resolvi me libertar disso tudo, quando ao me olhar no espelho, me deparei com uma ‘pobre camponesa de nobre coração que ia todos os dias ao bosque coletar lenha’. Resumindo: estava com cara de ‘tadinha’ com a quele cabelo lambido, totalmente sem volume, e bem diferente de um liso natural, com volume e movimento. Foi a partir deste momento que decidi voltar ao natural. Ah, uma colega do trabalho, a Gabi Rosa ( tem post dela no blog), que tinha um ondulado maravilhoso e natural, também me inspirou e incentivou. Voltando para a pergunta (risos), quando comecei a transição, queria de início só ter meu volume de volta, e por isso ainda usava o secador para modelar como liso. Voltar ao cacheado natural foi um processo de aceitação, mais interno que externo. Por isso costumo dizer que o conhecimento é libertador.
O que você acha da ditadura dos cabelos grandes mesmo no caso das cacheadas?
A ditadura dos cabelos longos é oriunda de uma época onde as mulheres da elite eram criadas para serem ‘bibelôs de homem’, ou seja, enquanto eles trabalhavam e viviam sua vida, a bonita ficava em casa, escovando o cabelo para esperar o marido. Tenho orgulho de ser feminista e enxergar o quanto conseguimos avançar dentro disso tudo. E claro, uma mulher que usa o cabelo longo, não é necessariamente um bibelô. Conheço muitas feministas que amam um cabelão. O que condeno é essa cultura machista que impõe que homens devam ter cabelo curto e mulher comprido, como se isso fosse sinônimo de feminilidade e sensualidade. Sempre digo para as minhas clientes que a feminilidade está na cabeça, na atitude, na forma que você se coloca pro mundo, e não no comprimento do cabelo. Esse é um pensamento extremamente medíocre, ainda mais para mulheres do século XXI, que trabalham, estudam, tem filhos, e não tem tempo a perder com o cabelo.
Uma dica para as garotas que querem entrar nesse processo
Uma dica que dou para as garotas é única: leia muito, se informe, se questione. Por que eu acho o cabelo liso mais bonito? Por que o cabelo cacheado tem que ser domado? Questões como estas sempre nos levam a um único desfecho: o preconceito contra os cabelos crespos e cacheados está diretamente ligado ao preconceito étnico-racial, pois tudo que se aproxime da raça negra é repudiado. Agora a pergunta que não quer calar; Você quer compactuar com isso, ou pagar o preço de ser você mesma?
E se você gostou dessa ideia toda não deixe de passar no blog e quem sabe no salão da nossa querida entrevistada (clique aqui). Beijocasssssss e até a próxima.