Yeda Oliveira na campanha que ela mesma levou para a sua faculdade, em Divinópolis-MG. Nesta, ela segura uma frase preconceituosa que ouviu de uma ‘amiga’ semanas antes da mobilização contra o preconceito.
Mais que inserida no universo da comunicação, essa mineira nascida em Luz, mas que mora em Divinópolis, conseguiu mobilizar a faculdade onde estuda, quando implantou a campanha Minha Identidade, com a mesma proposta de uma similar, criada nos Estados Unidos, na Universidade de Harvard.
Para esta campanha, que trata diretamente sobre o preconceito do dia a dia, ela teve que rebuscar em sua própria história, fatos que preferia ter esquecido, mas que como ela mesma diz: “tem frases que ficam martelando na sua cabeça por muito tempo”.

Yeda é vítima do preconceito desde a infância. Nesta foto, que ela fez especialmente para o Cachos e Fatos, ela segura uma das frases preconceituosas que mais martelam em sua cabeça, quando fica só consigo mesma.

Sendo assim, foi preciso reviver o preconceito e violência sofridos desde a infância, seja devido à etnia ou pelo simples fato de ser mulher, no ambiente familiar e fora dele.  Crescida numa família onde era o estranho no ninho por ser a única negra e não ter olhos azuis, foi preterida pela mãe e assediada pelo padrasto, que tentou violentá-la quando tinha apenas 14 anos. Todos esses fatores a levaram a sair de casa aos 17, e entrar num casamento para o qual não estava preparada, onde precisou encarar novamente uma rotina de preconceito, pois o então marido não aceitava a sua cor e tinha vergonha de desfilar com ela na rua.

Ao analisar essas lembranças, mesmo as mais recentes e corriqueiras, ela se deu conta que ficar em silêncio a tornava ainda mais refém do preconceito, e o que ela poderia fazer, ao invés de ficar calada e sem reação, era lutar contra ele, expondo sua indignação para o mundo, mesmo que precisasse partir de Divinópolis. Com isso, conseguiu incentivar também outras pessoas a se libertarem desses tentáculos depreciativos, que só o preconceito é capaz de criar, e que muitas vezes, conseguem nos levar diretamente para o abismo da baixa autoestima. Confira aqui essa bela história!

Colega de Yeda durante a campanha implantada por ela na Faculdade Pitágoras, onde estuda jornalismo
Resgatada desse abismo há cinco anos, Yeda Oliveira tem 28 anos, é estudante de jornalismo, locutora de rádio há sete anos, e cantora de uma banda de rock. Além de todas essas atividades, ela ainda encontra tempo para ser mãe da Lavigne (que significa iluminada), de nove anos , paparicar o namorado, e escrever no blog A Garota do Black
A Campanha de Yeda mobilizou todos os colegas da sua faculdade contra o preconceito do dia a dia

Sabrinah Giampá- Fale sobre o seu blog, A Garota do Black.

Yeda Oliveira – Meu Blog surgiu faz um ano. Sempre quis escrever sobre algo, então começou apenas como um diário, porém, há alguns meses, acho que quis revolucionar um pouco, ‘’colocar a boca no trombone’ e contar como as coisas aconteciam de verdade. O blog esteve desativado por um tempo, mas o reativei com gás total, e o nome veio da forma como as pessoas me chamam: a menina do cabelo esquisito , a menina do cabelo espetado , e por fim: a garota do Black!

Sabrinah Giampá – Fiquei sabendo do seu blog através de uma colega sua, a Brunielly, que inclusive me entrevistou para um trabalho da faculdade. Na verdade, ela me falou sobre a campanha Minha Identidade, que você realizou lá, e através dela, cheguei no seu blog. Queria que contasse como surgiu a ideia da campanha.

Yeda Oliveira – Vi na internet, uma campanha contra o preconceito feita pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A campanha consistia em mobilizar pessoas que passaram por uma situação de preconceito, para que mostrassem o rosto e segurassem um cartaz com a frase ofensiva que marcou um momento de sua vida. As frases eram pesadas, e me fizeram refletir sobre quantas pessoas já sofreram com alguma coisa desagradável que lhes disseram. No final dessa matéria que eu li, tinha os dizeres: “e no Brasil, o preconceito segue velado !” Isso mexeu muito comigo, e me fez querer mostrar que nós também podemos falar sobre o preconceito de forma aberta, que nós também podemos fazer algo para frear atitudes e palavras que nos agridem. Foi aí que decidi fazer a mesma campanha em minha faculdade. A princípio, pensei que ninguém teria coragem de falar de verdade sobre suas grandes mágoas, mas acabei me surpreendendo quando percebi que estavam todos motivados em participar. Foi muito gratificante, e eu amei fazer parte disso tudo, os professores me parabenizaram e meus colegas me apoiaram muito, só tenho que agradecer.

Colega de Yeda da faculdade, 
que resolveu expor o preconceito que sofria por usar piercings, 


durante a campanha Minha Identidade

“Vi na internet, uma campanha contra o preconceito feita pela Universidade de Harvard. Ela consistia em mobilizar pessoas que passaram por uma situação de preconceito. As frases eram pesadas, e me fizeram refletir sobre quantas pessoas já sofreram com alguma coisa desagradável que lhes disseram.”



Sabrinah Giampá – Qual foi o seu objetivo em trazer essa campanha da Universidade de Harvard para a Faculdade Pitagoras, de Divinópolis-MG?

Yeda Oliveira – A Campanha Minha Identidade na versão ‘tupiniquim’ tem o objetivo de mostrar como o preconceito no Brasil é varrido para debaixo do tapete. Em algum momento da sua vida, com certeza você já ouviu uma frase preconceituosa que deixasse você para baixo com a sua aparência. As pessoas usam palavras ‘doces’ para ferir, e muitas vezes elas são disfarçadas em forma de conselhos, e/ou uma ‘simples’ opinião. O meu desabafo sobre esse tipo de conselho seria: -Não! Eu não quero saber sua opinião sobre minha aparência. Também não quero um conselho que não pedi, nem qualquer tipo de palpite. – Na verdade são frases que você até gostaria de falar, mas ao invés disso, o impacto das palavras é tão forte, que você se fecha, e acredite, em algum momento, quando estiver sozinho, essa frase virá a sua cabeça.

Participante da campanha Minha Identidade, da faculdade de Pitágoras

“Isso mexeu muito comigo, e me fez querer mostrar que nós também podemos falar sobre o preconceito de forma aberta, que nós também podemos fazer algo para frear atitudes e palavras que nos agridem. Foi aí que decidi fazer a mesma campanha em minha faculdade.

Sabrinah Giampá -E você, tem uma dessas frases preconceituosas, que vem na cabeça quando menos espera?

Yeda Oliveira –  Como não poderia deixar de ser, tenho sim: “Pra uma negra, até que você é bonita”. Mas na semana em que Harvard deu início a essa campanha, eu havia acabado de ouvir de uma ‘amiga’ o seguinte questionamento: ela queria saber como eu lavava meu cabelo… se ele molhava! Eu achei aquilo tudo um absurdo, até porque sou totalmente a favor dos cabelos naturais, e uso o meu assim há cinco anos, e nesse meio tempo, nunca tinha me deparado com tamanha babaquice (risos).

O preconceito em relação ao cabelo crespo
apareceu várias vezes durante a campanha

“As pessoas usam ‘palavras doces’ para ferir, disfarçadas em forma de conselhos. O meu desabafo seria: -Não! Eu não quero saber sua opinião. Na verdade, você até gostaria de falar, mas ao invés disso, o impacto das palavras é tão forte, que você se fecha, e acredite, em algum momento, quando estiver sozinho, essa frase virá a sua cabeça.”



Sabrinah Giampá- Na sua campanha o preconceito é abordado de forma generalizada, mas no caso de um preconceito contra cacheadas e crespas, você acredita que este está diretamente relacionado ao preconceito étnico? 
Yeda Oliveira –Acho que o preconceito já está enraizado em nossa cultura. As pessoas, principalmente nossos parentes, se sentem no direito de dizer como você deve ser, e isso não acontece só fisicamente. Quando vejo um filme clássico ou novela antiga, sempre me deparo com cenas de mulheres que passam horas arrumando seus cabelos, se pintando, para parecerem bonecas ao invés de mulheres reais. Daí quando sua avó vê você com o cabelo natural, te chama de desleixada, porque aprendeu que para ter um cabelo bonito precisa passar horas arrumando, e no caso do crespo, esticando. O fato de você usar seu cabelo de origem faz com que as pessoas interpretem isso como falta de vaidade, de autoestima. E isto pode estar ligado ao o preconceito étnico, sim. Um exemplo é quando o seu chefe faz piadas sobre a característica do seu cabelo o tempo todo, ou uma pessoa que você nunca viu na vida te manda alisar os fios.
“Acho que o preconceito já está enraizado em nossa cultura. As pessoas, principalmente nossos parentes, se sentem no direito de dizer como você deve ser. Quando vejo um filme clássico ou novela antiga, sempre me deparo com cenas de mulheres que passam horas arrumando seus cabelos, se pintando, para parecerem bonecas ao invés de mulheres reais.

Sabrinah Giampá – Você contou que há cinco anos usa o seu cabelo natural, gostaria que falasse sobre a sua trajetória, com início na fase quimicada até a aceitação do crespo.
Yeda Oliveira – Antes de assumir o natural, eu mantinha meu cabelo alisado, e até chorava quando não dava para escová-lo, porém nunca fui radical ao ponto de fazer uma progressiva, escova definitiva. Mas até os 23, eu usei guanidina. Para ficar em casa, eu mantinha os meus cachinhos, mas tinha que lidar com a insistência da minha mãe em me presentear com uma progressiva no natal (risos). Até que um dia, numa festa em minha cidade, eu não pude escovar meu cabelo, então fui com ele cacheado. Percebi que todos me olhavam, e eu acabei bebendo um pouco mais que o costume. De repente, começou a chover , e eu,que sempre dei aulas de dança, e danço ‘razoavelmente bem’, fui para a chuva e , simplesmente, dancei. Confesso que nunca me senti tão livre. Foi neste momento que percebi que metade do meu sofrimento vinha, não da aceitação dos outros, mas da minha própria falta de aceitação. 
Yeda quando ainda usava seu cabelo alisado
“Antes de assumir o natural, eu mantinha meu cabelo alisado, e até chorava quando não dava para escová-lo, porém nunca fui radical ao ponto de fazer uma progressiva, escova definitiva. Mas até os 23 eu usei guanidina. Para ficar em casa, eu mantinha os meus cachinhos, mas tinha que lidar com a insistência da minha mãe em me presentear com uma progressiva no natal (risos).”

Sabrinah Giampá – E como foi a reação das pesssoas quando você resolveu assumir o crespo natural?

Yeda Oliveira – Nessa época eu nem conhecia esses movimentos em prol do cabelo natural. Então, quando, finalmente, assumi meus fios de origem, e cortei Joãozinho para tirar a química (eu amava ele curtinho!), as pessoas começaram a me perguntar se eu tinha feito permanente. Alguns diziam que meu cabelo estava lindo, outros achavam ridículo, mas como sempre tive orgulho dos meus traços, minha autoestima aumentou.Sempre fui uma pessoa conhecida na minha cidade, e por trabalhar com comunicação, logo as mães começaram a me perguntar: – Como faço para os cachinhos da minha filha ficarem bonitos? Mas mesmo assim, ainda sou obrigada a enfrentar olhares estranhos e piadinhas.

“Um dia, numa festa em minha cidade, eu não pude escovar meu cabelo, e fui com ele cacheado. Percebi que todos me olhavam , e  acabei bebendo um pouco mais que o costume. De repente, começou a chover, e eu,que sempre dei aulas de dança, fui para a chuva e , simplesmente, dancei. Confesso que nunca me senti tão livre. Foi neste momento que percebi que metade do meu sofrimento vinha, não da aceitação dos outros, mas da minha própria falta de aceitação.” 

Sabrinah Giampá – Você me mandou uma foto abraçada com um instrumento, você toca?

Yeda Oliveira –  Não! (kkk) Eu canto! Sou cantora há 10 anos. Faço shows em barzinhos. Agora estou com uma banda de rock.  Cantamos jovem Guarda ,  numa versão mais pauleira.

Yeda é cantora há mais de 10 anos
 e tem uma banda de rock

Sabrinah Giampá – Na pré-entrevista, você me disse que tem uma filha de nove anos, que também tem cabelo crespo. Queria saber como você transmite esses valores de autoaceitação pra ela, pois imagino que a mídia também possa afetá-la com a ditadura dos lisos e longos, aliás, vc acredita nessa ditadura?

Yeda Oliveira – Sim, ela já me perguntou porque as amiguinhas tinham os cabelos lisos,e se poderia alisar o dela quando crescesse. Eu disse que, antes dela nascer ,quando ainda era um anjinho, o papai do céu fazia carinho no cabelo dela todos os dias, e que ele enrolava os fios com carinho para que ficassem cacheados. Disse ainda que ela foi feita assim porque Deus quis que ela fosse assim , e que seus cabelos foram um presente dele.

Yeda Oliveira: Elogios, mas também olhares
estranhos e piadinhas

“Quando, finalmente, cortei joãozinho para tirar a química (eu amava ele curtinho!), as pessoas começaram a me perguntar se eu tinha feito permanente. Alguns diziam que meu cabelo estava lindo, outros achavam ridículo(…)Logo as mães começaram a me perguntar: – Como faço para os cachinhos da minha filha ficarem bonitos? Mas mesmo assim, ainda sou obrigada a enfrentar olhares estranhos e piadinhas.”

Sabrinah Giampá – Seus pais também te ensinaram assim ou foi diferente?

Yeda Oliveira – Não, comigo foi diferente. Minha mãe vivia me dando progressivas de presente de natal (risos). Ela começou a alisar meu cabelo quando eu tinha sete anos, e eu gostava porque era a única negra da família, ou seja, o estranho no ninho, então era uma forma de eu me sentir igual aos outros.

Sabrinah Giampá – Como assim a única negra?

Yeda Oliveira – Sim , sou fruto de uma traição da minha mãe. Meus irmãos são brancos , minha irmã é loira de olhos verdes.

Yeda e sua filha Lavigne, de nove anos:
aprendendo a amar os cachos naturais desde cedo

“Ela já me perguntou porque as amiguinhas tinham os cabelos lisos,e se poderia alisar o dela quando crescesse. Eu disse que, antes dela nascer ,quando ainda era um anjinho, o papai do céu fazia carinho no cabelo dela todos os dias, e que ele enrolava os fios com carinho para que ficassem cacheados. Disse ainda que ela foi feita assim porque Deus quis que ela fosse assim , e que seus cabelos foram um presente dele.”

Sabrinah Giampá – E pelo fato de ser o fruto de uma traição, se sentiu alguma vez preterida em relação aos seus irmãos?

Yeda Oliveira – Sempre. Quando minha mãe bebia , me dizia palavras duras, me chamava de negrinha,
dizia que eu vim ao mundo para estragar a vida dela.

Sabrinah Giampá – Que coisa horrível! Deve ter sido muito difícil pra você…

Yeda Oliveira –  Foi difícil, mas eu sempre fui muito alto astral , não sabia o motivo dos maus tratos , mas pensava: um dia ela vai ter orgulho de ser minha mãe. Só comecei a amar minha cor aos 21 anos, quando me separei.

Yeda com sua irmã loira de olhos verdes:
a única negra da família

“Comigo foi diferente. Minha mãe vivia me dando progressivas de presente de natal. Ela começou a alisar meu cabelo quando eu tinha sete anos, e eu gostava porque era a única negra da família, ou seja, o estranho no ninho.  Sou a única negra porque sou fruto de uma traição da minha mãe. Meus irmãos são brancos , minha irmã é loira de olhos verdes.”

Sabrinah Giampá – Quando se separou da sua família? O que contribuiu para que se aceitasse como negra, mesmo vivendo num ambiente tão hostil?

Yeda Oliveira – Eu me casei aos 17 anos , e um dos motivos para que saísse de casa tão cedo foi  por ter sofrido  uma tentativa de estupro do meu padrasto aos 14. Porém, o meu marido da época, um descendente de italiano, também era preconceituoso. Ele não saía comigo na rua, tinha vergonha. Enfim… só me senti livre para me aceitar como sou, quando me separei, aos 21 anos. As pessoas me diziam o quanto eu era bonita, e finalmente, comecei a acreditar.

Yeda Oliveira: ” Minha mãe vivia  me oferecendo
progressiva de presente de natal”

“Quando minha mãe bebia , me dizia palavras duras, me chamava de negrinha,dizia que eu vim ao mundo para estragar a vida dela. Foi difícil, mas eu sempre fui muito alto astral , não sabia o motivo dos maus tratos, mas pensava: um dia ela vai ter orgulho de ser minha mãe. Só comecei a amar minha cor aos 21 anos, quando me separei.

Sabrinah Giampá – Menina… que história! E querendo dar uma de vidente, aposto que quando passou por esta tentativa de estupro, a família ficou do lado do padrasto ao invés de interceder por você… estou errada?

Yeda Oliveira – Foi isso mesmo. Minha mãe me odiou mais ainda.

O preconceito contra o cabelo crespo ficou ainda mais evidente na campanha lançada por Yeda.

Sabrinah Giampá –  E como são as coisas agora pra você, me explica como foi esse processo de aceitação, depois de ter que lidar com tanto preconceito inclusive dentro de casa

Yeda Oliveira- Hoje, quando saio na rua, ergo minha cabeça, e quando me chamam de mulata ou morena, eu digo em alto e bom som: – NEGRA , SOU NEGRA. Meu namorado me diz que todo mundo comenta com ele o quanto sou bonita e que meus cabelos são maravilhosos.

Yeda Oliveira: “As pessoas me diziam o quanto eu
era bonita, e, finalmente, comecei a acreditar”.

“Eu me casei aos 17 anos , e um dos motivos para que saísse de casa tão cedo foi  por ter sofrido  uma tentativa de estupro do meu padrasto aos 14. Porém, o meu marido da época, também era preconceituoso. Ele não saía comigo na rua, tinha vergonha. Enfim… só me senti livre para me aceitar como sou, quando me separei, aos 21 anos. As pessoas me diziam o quanto eu era bonita, e finalmente, comecei a acreditar.”

Sabrinah Giampá – Percebe-se logo que seu cabelo natural é muito bem cuidado. Como você cuida dele? É adepta das rotinas low poo/no poo?

Yeda Oliveira – Não sou adepta das rotinas. Agora meu cabelo está loiro, então eu lavo ele com creme, e apenas duas vezes por semana, uso xampu. Costumo usar pente afro, e quando tem festa, deixo ele beeeem armado.

Sabrinah Giampá – Então, meio que sem querer, você segue de forma torta, a rotina Low Poo (risos). Pente afro é aquele pente garfo?

Yeda Oliveira – Esse mesmo! Eu também faço hidratação no salão, sempre que posso.

Yeda e o namorado atual: amor sem preconceito

“Hoje, quando me chamam de mulata ou morena, eu digo em alto e bom som: – NEGRA, SOU NEGRA. Meu namorado me diz que todo mundo comenta com ele o quanto sou bonita e que meus cabelos são maravilhosos.”

Sabrinah Giampá- Quais são os seus produtos preferidos?

Yeda Oliveira- Gosto do xampu Monange , porque meu cabelo aceita ele numa boa (kkkk) , também uso muito o Tresemmé. Costumo comprar  daqueles potes grandes e mais baratos para usar no dia a dia.

“Tenho orgulho de ser negra,  amo meu Black.  Não é escolha , é maturidade. Eu nasci assim, é como eu realmente sou. Não é descobrir seus cabelos , é redescobrir sua própria identidade.”

Sabrinah Giampá – Você usa algum finalizador? Creme de pentear?

Yeda Oliveira – Não gosto muito não, porque deixa o cabelo baixo, comportado, e eu gosto deles bem pra cima! (kkk)

“Agora minha família me admira. Eu e minha mãe nos respeitamos, conversamos muito sobre tudo, e percebo que ela se arrependeu de algumas coisas. Ela trata minha filha como uma princesa, mas ainda é casada com aquele meu padrasto.”

Sabrinah Giampá- Eu também! Acho que o mais legal do cabelo crespo é o fato dele crescer para cima, então pra que lutar contra a natureza? E por falar em natureza, o que mudou na sua relação familiar após a autoaceitação e alguns anos fora de casa?

Yeda Oliveira – Agora eles me admiram. Meus irmãos, principalmente, querem me apresentar para os amigos. Sempre tem alguém comentando com eles sobre minha beleza e/ou simplicidade. Eu e minha mãe nos respeitamos, conversamos muito sobre tudo, e percebo que ela se arrependeu de algumas coisas. Ela trata minha filha como uma princesa, mas ainda é casada com aquele meu padrasto.

Yeda Oliveira: Orgulho de ser negra!

“Eu não falo com o meu padrasto e nem deixo minha filha se aproximar. Mas minha mãe gosta dele, não há muito o que fazer. Fomos criados na roça, ela sempre trabalhou muito, e agora eles viajam, fazem programas diferentes, ela nunca tinha tido isso.”

Sabrinah Giampá – E como é a sua relação com ele?

Yeda Oliveira – Eu não falo com ele e nem deixo minha filha se aproximar. Mas minha mãe gosta dele, não há muito o que fazer. Fomos criados na roça, ela sempre trabalhou muito para sustentar quatro filhos, e agora eles viajam, estão sempre fazendo programas diferentes, ela nunca tinha tido isso.

Sabrinah Giampá -Que conselho você daria para as meninas que querem assumir o cabelo natural, ou assumiram recentemente, mas não sabem como lidar com o preconceito?
Yeda Oliveira – Se pudesse escolher, hoje, como seria meu cabelo, ele seria assim como está. Deixei de ser comum quando me aceitei e assumi minha verdadeira identidade, amo meus cachinhos. Meu único medo é que essa ‘onda’ de cabelo natural se torne uma modinha, e que depois de um tempo, as meninas que assumiram seus crespos voltem a alisar. Não sou muito de dar conselhos, mas o que posso dizer é que as vantagens são bem maiores e melhores do que qualquer preconceito, Tenho orgulho de ser negra, amo meus cachinhos, amo meu Black.  Não é escolha ,é maturidade. Eu nasci assim, é como eu realmente sou.,não é descobrir seus cabelos, é redescobrir sua própria identidade.
“Meu único medo é que essa ‘onda’ de cabelo natural se torne uma modinha, e que depois de um tempo, as meninas que assumiram seus crespos voltem a alisar o cabelo. Não sou muito de dar conselhos, mas o que posso dizer é que as vantagens são bem maiores e melhores do que qualquer preconceito.”


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  1. Que história maravilhosa. Já li ótimas entrevistas aqui, mas essa sem dúvidas foi a melhor. Não se trata em apenas assumir os crespos, é história de superação e aceitação também. Yeda você é uma guerreira, Sabrinah parabéns pela entrevista, me emocionei!

  2. Obrigada, meninas, é uma história linda mesmo. A princípio, eu iria entrevistá-la apenas sobre a campanha, mas conforme fomos conversando e eu conhecendo a sua história, achei que seria uma tremenda incompetência da minha parte se parasse por ali. Pelo visto, acho que estava certa!

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