Ariane Riehl, conhecida como Nane, é uma menina linda, de 27 anos, que viu sua vida mudar radicalmente, quando após o falecimento do pai, resolveu se mudar pra Alemanha, para trabalhar como babá. Como ela mesma disse, trocou a mesa do escritório pelas fraldas, e foi a melhor coisa que fez na vida.
Entrar em contato com a nova cultura, a fez repensar velhos hábitos, como as duas horas diárias gastas com o secador de cabelo, para manter os fios lisos. Mas a economia de energia, que é cultural na Alemanha, não foi o único motivo que fez esta paulistana assumir o seu cabelo natural. Deparar-se com uma brasileira com um black power imponente, a fez se questionar sobre o fato de não conhecer o seu crespo de origem, e com isso, ganhou uma fada madrinha crespa, e consequentemente, um big chop, com direito a lágrimas, que serviram para deixar para trás uma rotina de tortura em prol da aceitação social, e principalmente, a de si própria.
Percebo a história de Nane Riehl, como o de uma cinderela pós-moderna, que após fazer de tudo para deixar de ser uma gata borralheira, finalmente encontrou seu sapatinho de cristal, chamado relaxamento. Mas com o tempo, percebeu que o príncipe, que veio a tiracolo com o sapatinho, era apenas uma ilusão que havia criado para si mesma, e que a verdadeira beleza, que brotava do seu verdadeiro eu, estava nos cachos tímidos que brotavam da raiz do seu cabelo, e que teimavam em lhe revelar a verdade que se negava a enxergar, como o espelho mágico da madrasta da Branca de Neve (por que não misturar as duas histórias?).
Sendo assim, livrou-se da fragilidade dos sapatos que não lhe pertenciam, ao descobrir que não passavam de um anúncio publicitário, para lhe vender uma beleza irreal e fragmentada. Sendo assim, tomou para si o cavalo branco do príncipe inventado, e foi atrás de um real, porque para uma verdadeira mocinha, para uma princesa de verdade, não basta ficar sentada esperando, é preciso se jogar, correr atrás, desbravar o mundo. E foi o que Nane fez. E ainda por cima, se casou com um alemão, e fincou raízes no novo país, sem abrir mão das próprias raízes, crespas, é claro! Espero que se emocionem com esse, lindo e autêntico, conto de fadas.
“Eu queria algo bem maior do que esperar por um ‘príncipe encantado’ ou o emprego dos sonhos. Eu queria bem mais do que me contentar em ouvir os outros me contarem sobre suas aventuras em outros países. Também não queria apenas uma viagem de quatro semanas, eu queria ir além!”
Sabrinah Giampá – O que te motivou a trocar o Brasil pela Alemanha?
Sabrinah Giampá – Por que escolheu a Alemanha?
Nane Riehl – Eu sempre sonhei em morar fora do Brasil. Meu destino dos sonhos era os EUA. Mas, depois que comecei a trabalhar em um instituto francês em São Paulo, aprendi mais sobre as oportunidades de estudos na Europa, e foi assim que me interessei pela Alemanha.
“A única forma que encontrei de poder me sustentar na Alemanha, foi obtendo o visto como Au-Pair(…) Então foi isso que aconteceu, eu troquei minha mesa de escritório para trocar fraldas, o que foi a melhor que coisa que fiz na vida!”
Sabrinah Giampá – E como foi esse processo todo?
Nane Riehl – Tive que largar meu posto nesse instituto, onde eu havia chegado ao cargo de gerente em muito pouco tempo, mesmo tendo começado como a menina do café. Preciso dizer que tomar essa decisão não foi fácil. Foi tudo a base de muita oração e fé, ainda mais porque tive que pedir para ser mandada embora depois de quase três anos de casa.
Nane Riehl – A única forma que encontrei de poder me sustentar na Alemanha, por pelo menos um ano, até ter o nível de alemão exigido para estudar numa universidade, foi obtendo o visto como Au-Pair. Pra quem não sabe, Au-Pair é um programa de intercâmbio cultural que vários países fazem, onde em geral, uma jovem pode morar durante um ano com uma família local, desde que desempenhe algumas atividades domésticas e assuma a função de babá. Então foi isso que aconteceu, eu troquei minha mesa de escritório em São Paulo para trocar fraldas na Alemanha, o que foi a melhor que coisa que fiz na vida!
Nane chegou na Alemanha com os fios relaxados, como usava no Brasil |
“Na Alemanha, os problemas para manter o visual chapado começaram a aparecer. Eu não podia fazer minha escova semanal, porque isso significaria quase duas horas de secador e prancha ligados, e os alemães prezam muito pela economia.”
Sabrinah Giampá – Na pré-entrevista, você me contou que fazia relaxamento nesta época. Como fez para dar continuidade a sua rotina capilar quando se mudou para a Alemanha?
“Longe de mim pensar em desistir de ter meus cabelos ‘arrumados’! Eu pensava que assim que fizesse amigas, poderia ter alguém para me ajudar a cuidar dos meus cabelos. Cabeleireiro na Alemanha, nem pensar! Primeiro porque é super caro, e segundo porque eles não sabem tratar dos cabelos crespos.”
Sabrinah Giampá – Foi nesse momento que decidiu assumir o cabelo natural, ou arrumou uma nova solução para manter os fios ‘alinhados’?
Sabrinah Giampá – E o que ocorreu durante essa espera?
Sabrinah Giampá – O que aprendeu com o Google durante a sua transição involuntária?
Sabrinah Giampá – Durante nossa primeira conversa, você me disse que a decisão de voltar ao cabelo natural surgiu apenas quando já estava morando na Alemanha, e que no Brasil jamais teria a coragem de se assumir. Me falou também que teve uma madrinha crespa. Comente sobre isso.
“Eu encontrei uma brasileira que tinha um black lindo. Eu pedi pra tocar, e ela deixou! Conversamos um pouco, e pra minha surpresa, ela era cabeleireira. Então marcamos para ela cortar meus cabelos. Eu ainda não sabia que o que eu estava prestes a fazer se chamava ‘Big Chop’.”
Sabrinah Giampá – E como foi o seu Big Chop?
Nane Riehl – Finalmente, o grande dia havia chegado. Eu estava tranquila, mas ainda não tinha entendido o que eu iria fazer. Então ela me perguntou: – Quer cortar tudo que tem química? – Eu disse que sim, porque achava que já tinha bastante comprimento por conta do volume. Eu também já estava farta de andar de coque, e me sentir feia. A texturização não dava mais certo porque o cabelo com química estava praticamente podre, até por que a água daqui é cheia de cal, e isso detonou ainda mais os meus cabelos quimicados. Enfim, na hora do Big Chop, ela cortou tudo de uma vez só, e com ele na mão, o balançou diante dos meus olhos, dizendo: – Olha quanto cabelo! – Então eu entrei em choque e chorei. Quando olhei no espelho, percebi que ela também havia ficado nervosa. Nessa hora, ela tentou me acalmar e terminou o corte. Daí começou a me mostrar os cachinhos, o que me ajudou muito, pois eu nunca tinha tido cabelos tão curtos na vida. O meu consolo foi que eu estava na Alemanha, as pessoas aqui jamais iriam caçoar de mim na rua, e eu não teria que encarar amigos, conhecidos e a família.
“Na hora do Big Chop, ela cortou tudo de uma vez só, e com ele na mão, o balançou diante dos meus olhos, dizendo: – Olha quanto cabelo! – Então eu entrei em choque e chorei. O meu consolo foi que eu estava na Alemanha, as pessoas aqui jamais iriam caçoar de mim na rua, e eu não teria que encarar amigos, conhecidos e a família.”
Sabrinah Giampá – Nesse sentido, o que o novo país trouxe de bom na sua vida?
Sabrinah Giampá – Você acha que no Brasil as pessoas são mais preconceituosas que na Alemanha? Por que?
“Se eu estivesse no Brasil, eu JAMAIS teria feito isso. Meus cabelos eram minha glória, era a primeira coisa que as pessoas elogiavam em mim, e o que eu mais gostava em mim mesma. Hoje, posso dizer que qualquer mulher que mora no Brasil, e que tenha coragem para assumir seus cabelos crespos, tem o meu total respeito e admiração.”
Sabrinah Giampá – Fale mais sobre essa diferença midiática entre Brasil e Alemanha. Acha que no Brasil, um país com a maioria negra, o negro ainda é mostrado de forma inferior?
“Falando sobre os alemães, embora sejam preconceituosos, eu tenho bem menos problemas com eles porque são discretos. Sou até feliz com eles, porque sempre me param na rua para me elogiar ou pra pedir pra tocar nos meus cabelos. “
Sabrinah Giampá – Concorda então que faltam referências positivas sobre a raça negra no Brasil?
“No Brasil, você só vai ver um negro em propaganda se for pra falar de bolsa família, anúncio de empréstimo consignado ou carnaval (…) A gente cresce com a televisão, e quem são as heroínas da TV? As loiras, as lisas… Tem alguma famosa e influente com cabelos crespos na TV brasileira? Acho que a resposta já diz tudo né?! Eu acho que a maioria das mulheres brasileiras pensam como eu pensava… “Preta sim, ‘cabelo duro’, jamais!”
Sabrinah Giampá – Esteve no Brasil depois de assumir o cabelo natural? Como foram suas percepções sobre o preconceito relacionado ao cabelo crespo, que está diretamente ligado ao preconceito étnico?
“A mídia brasileira encara o cabelo crespo como exceção, por isso, só se posiciona para falar e dar dicas sobre cabelos lisos. Quando você ouve falar sobre algum especialista em cabelos crespos, sua especialidade, na verdade, é transformar o crespo em algo lindo, que no caso, seria algo liso. Para mim isso é uma grande piada!”
Sabrinah Giampá – O movimento do big chop e transição capilar tem chegado aos poucos, posso dizer que bem timidamente em nosso país. Mas percebo que ainda existe um preconceito, mesmo que velado, às vezes das próprias meninas que estão no processo, principalmente em relação aos cabelos do tipo 4. Como você percebe isso? Como denomina o seu tipo de cabelo?
“Pensava que na Bahia eu iria encontrar mais mulheres com os cabelos crespos assumidos. Mas, infelizmente, eu estava sonhando. Quando cheguei lá, todas as mulheres estavam com os cabelos alisados. Já no trajeto do ônibus do aeroporto até a casa da minha amiga, pude sentir aqueles olhares estranhos. Vi mulheres me olhando por cima do ombro e balançando a cabeça em sinal de reprovação, pode???”
Sabrinah Giampá – Acredita que o preconceito com o cabelo crespo, mas especificamente os do tipo 4, é maior?
Sabrinah Giampá – Como é o trabalho que desenvolve em sua fanpage?
Sabrinah Giampá – Onde você acha que está a maior dificuldade nesse processo de aceitar o cabelo crespo sem cachos, como o 4C?
Nane Riehl – Eu aprendi que quando você vê algo diferente, automaticamente você rejeita, mas quando o que você vê se torna constante diante dos seus olhos, você começa a aceitar aquilo que antes era tido como estranho e diferente.
“Me irrita muito essa busca pelo cacho perfeito. Embora eu ache legal você mostrar pra uma mulher de cabelo 4C, que é possível fazer cachos no cabelo dela, com técnicas como o Twist, não acho que deva ser assim a forma de convencê-la a assumir seu crespo sem medo, afinal, pode ficar parecida com uma cacheada tipo 3, e não com ela mesma, como deveria ser.”
Sabrinah Giampá -Como era a sua relação com o seu cabelo na infância e adolescência?
“As meninas com cabelos tipo 4 são as principais vítimas de preconceito, e por isso, são as que mais precisam de ajuda e apoio. Além disso, tenho a certeza de que mulheres com os cabelos tipo 4B e C, que são minoria na hora de assumir o crespo, têm sempre a expectativa, ou sonham em obter um cabelo do tipo 3A ou B.”
Sabrinah Giampá – Assumir o cabelo natural é uma mudança, antes de tudo, interna? O que mudou na Nane após reassumir a própria identidade?
“Eu observo muito o público da minha Fan Page, e notei por exemplo, que há meninas que têm o cabelo tipo 4C que apenas curtem fotos de meninas com o cabelo tipo 3C, por exemplo. Além disso, eu sempre faço testes, e na primeira semana, entre as várias fotos de crespas que eu postei, postei uma de uma menina com cachos tipo 3A, e essa recebeu muito mais curtidas que as outras, do tipo 4. Fiquei p… da vida!”
Sabrinah Giampá – Assumir o natural trouxe a tona algum tipo de preconceito familiar?
Nane Riehl – Antes de fazer o Big Chop, eu não contei nada para ninguém. Como eu estava do outro lado do mundo, minha mãe só soube do corte semanas depois, porque eu estava cansada de dar desculpas esfarrapadas para não realizar uma chamada de vídeo. Pelo Skype, minha mãe e minha irmã, enfim puderam avaliar o meu ‘novo corte’. Não preciso dizer que ambas levaram um choque. Enquanto minha irmã caía na gargalhada, minha mãe chegou a ensaiar um choro. Todos da minha família tem cabelos cacheados ou crespos, mas eu tenho os cabelos mais crespos de todos. A reação de ambas mexeu comigo, minha irmã me deixou insegura e com um pouco de raiva, já a minha mãe me deixou bem surpresa e até preocupada, isso porque ela começou a achar que as coisas iam muito mal pra mim na Alemanha. Minha mãe encarou o fato de eu assumir meus cabelos crespos como uma vergonha, um sinal de fracasso. Ela entrou em desespero e disse com lágrimas nos olhos: – Ô filha, volta pra casa, volta pro Brasil, porque aqui você pode continuar bonita, cuidando dos seus cabelos, na sua cabeleireira, com os produtos que você conhece, você não precisa passar por isso, você não precisa passar por essa humilhação, volta pra casa. – Eu tentei explicar pra ela dizendo: – Mãe, é só cabelo – também disse que estava tudo bem, mas pra ela não era só cabelo, significava que eu havia perdido algo de valioso, que eu havia perdido minha beleza, minha autoestima. Enfim, com a reação da minha mãe, até minha irmã mudou de atitude e disse que não estava tão ruim assim, e que ia crescer bonito. (Quem conhece minha irmã sabe, uma falsa né ?! rsrsrsrs). Depois disso, minha mãe foi se acostumando e melhorando seu ponto de vista ao ver minhas fotos: super feliz e linda com os cachos que iam crescendo, mas a verdade é que acho que ela não iria se opor se eu decidisse alisar de novo. Quando estive no Brasil, depois de mais de dois anos longe de casa, ela ficava me olhando, tentando me reconhecer. De manhã, ela sempre ria de como meu crespo acordava e falava pra eu ir arrumar os cabelos se não ia perder meu noivo.
“Pelo Skype, minha mãe e minha irmã, enfim puderam avaliar o meu ‘novo corte’. Não preciso dizer que ambas levaram um choque. Enquanto minha irmã caía na gargalhada, minha mãe chegou a ensaiar um choro. A reação de ambas mexeu comigo”
Sabrinah Giampá – Por falar em noivo/marido, como ele lidou com essa mudança? E os seus amigos?
Nane Riehl – E falando do meu noivo, hoje meu marido, ele me dá 100% de apoio. Não importa se meus cabelos estão super ouriçados, e às vezes, com nós. Ele ama, brinca com eles, e se diverte com cada um dos penteados malucos que eu faço. Em algumas ocasiões, eu faço um penteado bem extravagante, pra ver se ele vai pedir pra eu mudar, e ele sempre tem a mesma reação. Ele diz: -Wow sehr schön Maus!!!- que em português quer dizer: -Uau muito lindo, ratinha!!!” (o equivalente de ratinha em alemão seria gatinha para nós no Brasil). Quanto aos amigos daqui da Alemanha, posso dizer que a maioria elogia, mas tem aqueles que não dizem nada (não aprovam). Também teve aqueles que faziam perguntas do tipo: – Mas você não vai deixar crescer né? Senão vai virar um black! – e ainda fazem o sinal com as mãos pra mostrar o quão enorme ficaria (tarde demais, já virou um black rsrsrs). O mais engraçado é quando ‘certas pessoas’ com o cabelo tão crespo quanto o meu, fazem piadas e comentários do tipo sobre meus cabelos, esse é o caso de muitas africanas por aqui. Aqui eu tenho amigos de tudo quanto é nacionalidade e a reação não difere muito da dos amigos no Brasil. Falando do Brasil, a maioria é positiva, e teve aqueles que quando me reencontraram não tiravam os olhos dos meus cabelos, falaram de tudo, mas não fizeram nenhum comentário sobre meu crespo, e claro, sempre vai ter aquelas que dizem que preferem ser sinceras e dizem que era melhor liso. Sabe, não existe ninguém que eu gostaria mais de mostrar meus cabelos do que para ele… meu pai. Ele não viveu o suficiente pra ver tudo o que eu fiz e me tornei, embora pareça que foi ontem, devem fazer quatro anos ou mais que ele se foi, mas eu gosto de pensar que se ele visse meus cabelos crespos, ele diria que eu estou maravilhosa. Hoje, felizmente, eu tenho a certeza de que cabelos crespos não são um defeito. Eles não foram um erro… foram feitos assim de propósito… Eu tenho certeza, de que se um dia eu acordasse em um paraíso, onde tudo e todas as pessoas, inclusive eu fossem perfeitas, meus cabelos ainda seriam crespos… e lindos do mesmo jeitinho!
Nane Riehl, na Alemanha, aonde mora atualmente |
“Eu podia passar até 15 dias com a cabeça imunda, mas não saía sem escova. Com o salão sempre lotado, eu quase sempre esperava horas pra ficar pronta. Já cheguei a sair de lá às quatro da manha, e com isso, me colocar em risco, ao voltar pra casa sozinha, tarde da noite. Me submetia a isso porque era o único horário que eu tinha, em algumas ocasiões, para fazer a minha escova.”
Sabrinah Giampá – Você acredita que existe uma ditadura dos cabelos longos e lisos no Brasil, o que acha sobre isso? Acha que influencia meninas para o lado oposto do big chop? Isso existe na Alemanha?
“Depois do relaxamento, eu me senti a menina mais linda do universo, foi a realização de um sonho. Eu, a ‘vassoura da turma’, estava linda, e então eu me senti aceita, me senti normal, porque, finalmente, os cabelos estavam para baixo, e não para cima, e o comprimento alcançava minha cintura. Foi sem dúvida um dos dias mais felizes da minha vida!”
Sabrinah Giampá – E o que mudou quando você se tornou a mulher que sempre quis ser, aquela que ostentava os cabelos longos e lisos?
“Eu cuidava do meu cabelo como se fosse liso. Eu escovava a todo momento porque eu vi na TV que os cabelos de uma princesa, para ganharem brilho, precisavam levar 100 escovadas, e assim eu fazia. Eu pedia pra minha mãe comprar xampu e produtos para cabelos lisos, porque eu acreditava que se eu tratasse meu cabelo como liso, ele responderia como tal, e ficariam idênticos aos da mulher da embalagem.”
“Eu estava sempre umedecendo os fios, para que eles não ficassem ‘cheios’. Perdi as contas de quantas vezes eu manchei minhas roupas com o excesso dos cremes, e sempre tinha alguém pra me cutucar e falar: – Teu cabelo tá branco de tanto creme. Sim, essa fui eu na infância e adolescência.”
Sabrinah Giampá – É preciso gastar rios de dinheiro para ter fios crespos bonitos?
Sabrinah Giampá – Como é atualmente a sua relação com seu cabelo natural?
“Minha mãe entrou em desespero e disse com lágrimas nos olhos: – Ô filha, volta pra casa, volta pro Brasil, porque aqui você pode continuar bonita, você não precisa passar por essa humilhação. – Eu tentei explicar: – Mãe, é só cabelo” – mas pra ela significava que eu havia perdido algo de valioso, que eu havia perdido minha beleza, minha autoestima.”
Sabrinah Giampá – Ostentar um cabelo crespo maravilhoso como o seu dá trabalho?
“Eu cresci achando que ter cabelo crespo era um defeito, e que para ser perfeita e linda, somente era possível para quem tivesse os cabelos lisos e longos. Por isso, alisar o cabelo foi a primeira coisa que fiz quando me tornei adulta. Só assim me transformei na mulher que sempre havia sonhando em ser, com lindos e longos cabelos lisos.”
Sabrinah Giampá – Segue uma das rotinas: low poo/no poo?
“Como estava com a minha autoestima em alta, arranjei meu primeiro namorado e muitos pretendentes surgiram. Era sempre elogiada por onde eu passava, e sim, posso afirmar que ter cabelo liso e longo no Brasil me ajudou muito na vida. Eu me sentia segura, linda e aceita. Infelizmente, essa é a grande verdade, o brasileiro é muito preconceituoso, e mentiroso também, porque nunca vi um povo pra se achar livre de preconceitos como esse.”
Sabrinah Giampá- Quais são seus produtos preferidos?
Sabrinah Giampá – Costuma fazer algum penteado?
“Eu vejo meninas que passaram pela transição, mas ainda assim não estão transformadas por dentro. Elas passaram por toda a experiência externa sem fazer as mudanças internas necessárias.”
Sabrinah Giampá – Qual o recado que você deixaria para outras meninas que tem uma história parecida com a sua, mas que não conseguem se aceitar devido ao preconceito?
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Anonymous says:
Eu amei tdo q ví e lí! vc é linda,seu cabelo tá lindo!vc é lindíssima!gostei d tdo q vc disse,até me emocionei,isso me serve d inspiração.obrigado.realmente,as proprias d cabelo crespo são preconceituosas.aq no Brasil é assim mesmo,oportunidade na tv p negras e negros é quase impossivel,muito triste.
Brizza says:
Amei essa entrevista! ACho que muitas negras cacheadas/crespas se identificam. Também comecei a alisar com 12 anos, quando me achava horrível e que morreria sozinha Tenho vergonha de admitir que eu renegava minha cor. sabia que eu era negra, mas deseja no meu íntimo ser branquinha. Me sentia inferiorizada. Nunca conversei com ngm a respeito e carreguei essa “culpa” durante muito tempo sozinha. Hoje, ao 27, estou super de bem comigo e com meu cabelo totalmente natural. Nunca recebi tantos elogios como agora.
Sabrinah Giampá says:
Brizza, fico feliz que, assim como a Nane, você conseguiu superar a fase da não aceitação e conseguiu valorizar o seu cabelo natural, e consequentemente, você mesma. bjks
Gizele Nascimento says:
Cara assim eu tô apaixonada por essa menina *_* tudo sobre o q ela falou eu concordo pois passar pela transição aqui no brasil é muito mais difícil, eu digo isso por experiência própria pois estou com 5 meses de transição (entrando para o sexto mês) e vejo a cara das pessoas para meu cabelo,quando eu falo sobre o assunto noto a reprovação na hora. infelizmente o preconceito ainda é muito grande.
Anonymous says:
A cada foto sua fico chocada com a beleza de seus cabelos e, claro, consequentemente a sua!! Parabéns!!!!
Anonymous says:
Para todos os casos um conhecido não teria problema em comentar…
Estou muito orgulhoso de você… E desde que você se foi daqui do brasil, sinto em seu olhar o quanto você esta feliz com tudo. E mais linda a cada dia.
Não deixe de acreditar em sí mesma e continue seu lindo trabalho 🙂
bjs e enorme abraço de urso nani.
ATT. seu eterno cunhadinho 😀
Unknown says:
Sempre achei vc muito bonita… mas agora vc é belíssima, Ariane! A Europa arejou sua cabeça, seus cabelos, sua vida! Estou muito feliz por poder acompanhar essa sua evolução! Estou indo dormir agora, já de madrugada, pq quis ler cada palavra dessa boa entrevista. Confesso que aumentou ainda mais a minha admiração por vc! Muito sucesso e que Jah bless u so much! (jailton mateus)
Graciete Santos says:
Ola, adorei a entrevista. Adoro o seu cabelo. Eu também fiz o big chip e está agora a crescer. Confesso que aninda ha muito preconceito em relação ao cabelo crespo. Eu tb passo por isso. Mas não LIGO. O nosso cabelo é lindo e estou adorando a minha nova eu, o meu cabelo natural. O teu cabelo é um maximo. Muitos beijinhos e parabéns. 💋
claudia says:
Adorei a entrevista. Linda.Parabéns.