“Meu nome é Andrea Melchior, tenho 39 anos e sou de São Paulo, capital. Secretária de profissão, mas fora do mercado por opção. Sou filha de mãe lisa e pai crespo e mãe de uma adolescente cacheada.
Meu relacionamento com as químicas começou quando eu tinha 15 anos. Primeiro com as tinturas, do loiro ao preto azulado. Aos 18, me rendi ao encanto do relaxamento para ‘domar’ meu cabelo cacheado volumoso, a contragosto da minha mãe, a única que gostava dele. Afinal, ela nunca tinha sido chamada de cabelo de medusa, miojo…
Entretanto, aquele visual bonito começou a ficar feio com o tempo, devido as várias texturas, por conta dos retoques de raiz. Então, comecei a cortar o cabelo e, cada vez mais, começava a odiá-lo. Por isso, dos 21 até 25, o mantive curtinho, tipo joãozinho.
Fiquei grávida e ele cresceu sendo desprezado. A ideia da praticidade da progressiva não me saía da cabeça, ainda mais com uma criança pequena. Quando minha filha fez dois anos, voltei a trabalhar e, enfim, realizei meu sonho de ter um cabelo liso, sem volume e brilhoso. Puro engano! Nas primeiras vezes o cabelo fica como o prometido, mas depois… quebradiço, emborrachado, sem vida, sem graça!
Quando minha filha tinha 11 anos, ela me disse que queria alisar o cabelo, fazer progressiva, porque machucava para desembaraçar, ficava armado, não sabíamos como cuidar e ela sempre me via linda e lisa com tudo no lugar. Comecei a me preocupar, pois não queria que ela alisasse, o cabelo dela era tão lindo, ainda assim fiz botox (progressiva com outro nome) nela duas vezes.
Voltando ao cabelo cacheado natural
Em maio de 2015, eu deveria ter refeito minha progressiva, mas não fiz, e resolvi colocar em prática a ideia de voltar ao cabelo cacheado natural, porém não sabia como. Pesquisei na internet e encontrei muita gente que estava na tal transição, ou que fizeram o big chop. Como eu queria me livrar do fardo de ficar duas horas secando e chapando o cabelo, gastar um dinheirão no salão a cada três meses, perder momentos de lazer para não estragar o cabelo, optei pelo big chop. Minha cabeleireira ficou chocada quando pedi que cortasse toda a química, progressiva e luzes. Logo eu, que sagradamente estava lá a cada três meses!
Me senti liberta! Livre de todos os padrões impostos na sociedade, impostos sim! Cheguei a ser discriminada numa vaga de emprego por conta do cabelo. Hoje, eu entendo porque a escolhida foi a moça alta de cabelos lisos e não a baixinha de cabelo cacheado, mas com um belo currículo.
De julho, quando fiz o big chop, para cá, vivo um caso de amor com o meu cabelo. Às vezes brigamos e em outras nos amamos, é intenso! Mas estou liberta com meus cabelos cacheados e brancos, totalmente naturais. Percebi que depois dessa atitude, libertei minha filha. Hoje ela é feliz com suas ondas definidas ou não tão definidas, mas sempre muito orgulhosa de si e de mim. Essa é a minha história.”
Andrea participou da 2ª Promoção Meu Cabelo, Minha História – apoio Multi Vegetal, que foi encerrada em agosto. Quer ler outras histórias? Clique aqui! Quer enviar a sua? Escreva para cachosefatosoficial@gmail.com, com assunto: Meu cabelo, minha história.