Esses dias, ao fazer compras em uma farmácia de grande porte, eu e uma amiga fomos surpreendidas pela insistência de uma balconista, que nos empurrava pela milésima vez um exemplar da revista oficial da empresa, que segundo ela, arrecadaria fundos para uma instituição de caridade. Indignada, comentei com minha amiga: quem vai a uma farmácia pra comprar revista, ainda mais para fazer uma caridade em nome da própria? Ou seja, você dá a grana e a farmácia que ganha o mérito. -Realmente é muito fácil fazer caridade com a grana alheia, ela, como publicitária, comentou. Penso que seria mais digno da parte da farmácia, retirar parte dos lucros, nem que seja de um determinado dia da semana para fazer sua ação sustentável, e não usar os próprios consumidores como uma espécie de laranjas, afinal, não fomos lá para comprar a revista, não é mesmo?
Este tipo de trampolim conspiratório em prol da sustentabilidade subestima a inteligência do consumidor, ainda mais quando somos abordados na rua, ou literalmente, agarrados por membros da Abrinc (Fundação pelo Direito das Crianças), Greenpeace e ONG´s do gênero. De tanto desviar, um amigo acabou tropeçando na rua e teve que dar três pontos da testa. Eu mesma, já fui obrigada a agir com grosseria para driblar os insistentes arrecadadores de doações: – Você gosta de crianças? – Não. Odeio!
Enfim, a sensação de ser laçada como gado de rodeio em plena paulista não é das melhores, ainda mais quando é pra arrancar o seu dinheiro usando do argumento que é pro bem do planeta e criancinhas. Que culpa tenho eu se pago um volume tão grande de impostos que deveriam ser usados para cuidar do planeta e das crianças, mas a finalidade nunca acaba sendo esta? Gostaria de pegar parte destes impostos e investir sim em investimentos para evitar o aquecimento global e outras questões ambientais e sociológicas. E mesmo se tivesse com dinheiro sobrando para fazer caridade, jamais conseguiriam de mim um centavo usando esta abordagem invasiva. Nada contra a causa, e sim com a forma que angariam suas contribuições.