“Meu nome é Silvana Rodrigues e tenho 34 anos. Até pouco tempo, não me lembrava de como era meu cabelo. Tenho muitas fotos de infância, mas todas com os fios presos e com tranças bem apertadas. Achava que havia começado os alisamentos por volta dos meus 10 anos, porém, minha irmã mais velha disse que tudo começou quando eu tinha 7 anos.

Final abril 20152

Imagine só, hoje tenho 34. Minha mãe começou a alisá-lo com o antigo henê, depois passou para um alisante mais forte. Minha adolescência foi muito triste. Usava bobs enormes e depois colocava touca. Sentia muito vergonha.
E quando chovia? Era um sofrimento. O cabelo inchava e eu me sentia horrível. Lembro-me uma noite, antes de dormir, que orei a Deus e pedi que acordasse no outro dia com os cabelos lisos. Recordo disto hoje e me sinto envergonhada, mas por outro lado, não me ensinaram a me valorizar.

1º corte - Cópia

Lembro-me uma noite, antes de dormir, que orei a Deus e pedi que acordasse no outro dia com os cabelos lisos. Recordo disto hoje e me sinto envergonhada, mas por outro lado, não me ensinaram a me valorizar.

Sou de uma família predominantemente negra, mas que não se aceita. Com 18 anos, comecei a tratar meu cabelo no salão e fazer relaxamento. Usei várias marcas. Minha cabeça feria muito, porém, religiosamente, de três em três meses, relaxava. Parei com o processo quando engravidei, aos 29 anos. Fiquei um ano sem química.

Quando minha filha completou três meses, relaxei de novo, porém, não ficou bom. Foi então que comecei a fazer a progressiva. O cabelo ficou ótimo e continuei assim por mais dois anos.

De repente, ao observar o crescimento do cabelo da minha filha, fui me encantando com os cachos dela, e fiquei curiosa, pois nem sabia como meus cabelos eram de verdade. Quando começavam a crescer, eu logo os escondia novamente.

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Observar os cachos naturais da filha fez com que Silvana tivesse curiosidade para redescobrir seu próprio cabelo

Perguntava à minha mãe se meu cabelo era parecido com o da minha filha. Nem minha mãe lembrava. Foi quando percebi que não queria isso para minha pequenina.

Em abril de 2014, fiz minha última progressiva. Meu primeiro grande corte foi em dezembro de 2014, e no mês de abril de 2015, me livrei de toda química.

No início, achei estranho. Nunca tive o cabelo tão curto. Percebo a reprovação das pessoas, afinal, o mundo é dos lisos. Já me perguntaram o porquê da mudança. Quando explico que é para incentivar minha filha, costumam me dizer: – Mas depois que ela estiver grande você vai voltar a alisar, né? Prefiro nem responder.

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Implicitamente estão reprovando minha decisão, mas não ligo. Não vejo a hora de ver meus cabelos encaracolados e bem compridos. Mas estou feliz com eles curtinhos também.

Hoje falo para minha filha como ela é linda. Mostro muitas fotos de mulheres negras, crespas e cacheadas. Valorizo a beleza de mulheres brancas com cabelos lisos também, mas a ensino que Deus nos fez diferentes, e que cada um pode ser feliz do jeitinho que nasceu.

Como uma grande incentivadora, me disse uma vez: – Nosso cabelo tem a ver com a nossa personalidade. Não posso deixar de falar do incentivo do meu marido, que tem me apoiado muito.

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Após o primeiro corte, Sandra continuou com partes lisas, mas mesmo assim não desistiu da transição, e continuou firme até o grande corte.

Em momento algum culpo minha mãe, pois se quisesse, poderia ter parado de alisar. Ela nunca nos obrigou. E há 30 anos não tínhamos os recursos que temos agora. Imaginem, naquela época, duas filhas cacheadas/crespas. Acredito que não era muito fácil.

O importante é que me redescobri. Estou APAIXONADA pelos meus cachos e nunca me senti tão feliz. Espero que minha história sirva de incentivo pra outras cacheadas, escondidas por aí.

Um grande beijo,
Silvana Rodrigues

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Silvana participou da Promoção Meu cabelo, minha história, que teve início no dia 19/07 e encerrou no dia 22/08. Leia aqui a história vencedora. Embora a promoção tenha acabado, a seção Meu Cabelo, minha história continua. Quer ver sua história publicada aqui? Envie para cachosefatosoficial@gmail.com com quatro ou mais fotos anexadas. Quer ler outras histórias de superação? Clique aqui!

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