Assim como aconteceu com a Isabella Souza, que conheci no metrô, com a Sandy a história simplesmente se repetiu. Depois que comecei o blog, eu fiquei ainda mais observadora do que já sou, principalmente no quesito cabelos.

Ainda me causa tristeza a quantidade de mulheres que estão aprisionadas em um padrão de beleza surreal, ou seja, aquelas que alisam seus cachos e esticam seus crespos, simplesmente, para se sentirem ‘adequadas’ ao mundo em que vivem. E isso é muito nítido no metrô de São Paulo.

A influência midiática, infelizmente, ainda é muito cruel com as crespas e cacheadas, que em sua maioria, acabam se tornando reféns de si mesmas, e com isso, ficando cada vez mais distantes da verdadeira felicidade, que nada mais é do que a autoaceitação, que permite com que você se liberte de todas as amarras sociais.

Quando me deparei com a Sandy, a princípio, o que me chamou a atenção não foi o seu cabelo crespo em si, que é maravilhoso e se impõe por si só; mas foi o conjunto. Achei essa menina tão bonita, mas tão bonita, e o melhor de tudo: ela não seguia o padrão de beleza que a mídia nos vende todos os dias pelos outdoors espalhados pela cidade e propagandas televisivas.

Ela era bonita naturalmente, ela era bonita por ser brasileira, miscigenada, meio negra, meio mulata, meio morena… meio como cada uma de nós. Como não poderia deixar de ser, tive que abordá-la. Foi mais forte do que eu. Ela era mais um rosto que eu queria aqui pro blog, até porque, o meu objetivo é tirar essa venda midiática dos olhos dessas mulheres que não se aceitam como são, e esfregar na cara delas que ao contrário do que a sociedade prega: sim, nós crespas podemos ser bonitas, e desvincular nossos cabelos daquele conceito de ‘estranho no ninho’.

E só de olhar para a Sandy, era essa a imagem que ela passava. Logo pensei que eu poderia perfeitamente trabalhar como olheira de alguma agência de modelos, até porque adoro achar uma agulha num palheiro, uma flor de verdade no meio de flores de papel, aquela que se destaca pelo perfume e pelo brilho interno que irradia. E por isso a Sandy foi um achado pra mim, e qual foi minha surpresa, quando nos encontramos para tomar um suco em um café perto da Paulista, quando ela me revelou que trabalhava como modelo. Claro! Um olheiro chegou antes de mim, fato. Rsss

Brincadeiras a parte, pude conhecer uma pessoa fantástica e que me ensinou muito. (Impressionante o quanto aprendo com as minhas entrevistadas). Trocamos figurinhas, afinidades e relatos de vida que só nós crespas e cacheadas sabemos do que se trata. Enfim, compartilhamos experiências que quero dividir aqui com vocês. Espero que gostem da entrevista:

Sandy Santos é uma linda mulher de 23 anos, com um cabelo crespo exuberante e que trabalha como modelo desde os 17. Ela foi abordada na rua por um olheiro que provavelmente ficou tão extasiado quanto eu em relação à sua beleza. Filha de negro, bisneta de japoneses e descendente de italianos e portugueses, ela fez alguns testes e quando viu, já estava no olho do furacão da moda. Com suas inseguranças de menina, não se deixou abater pelos padrões sociais impostos, mesmo quando algumas agências pelas quais passou a aconselharam a alisar seus fios crespos.

Sabrinah Giampá – É nítido que você tem uma boa relação com seu cabelo, digo de aceitação mesmo, e isso transparece pela sua postura e autoconfiança. Essa relação sempre foi assim?

Sandy Santos – Evidente que não. Como toda menina com cabelo crespo e cacheado, eu também tive minha fase de rejeição do cabelo, embora nunca tenha passado por um procedimento químico para mudar a estrutura dele, como uma progressiva ou alisamento. Era aquela fase em que a gente ainda não sabe lidar com os fios e daí usa preso, faz escova. Me lembro que de vez em quando eu fazia escova e ficava hor-rí-vel, hor-rí-vel, deste tamanho ó (fez aquele gesto de abrir os braços largamente). E o pessoal na escola zombava: acabou a luz na sua casa?  Insinuando que não havia tido como escovar o cabelo de fato e por isso ele estava feio daquele jeito.

Sabrinah Giampá – Pelo visto o preconceito também faz parte da sua história

Sandy Santos – Até hoje percebo que têm pessoas que estranham. Olham torto, como se alguma coisa estivesse errada comigo. Ainda pego algumas com medo de mexer no meu cabelo, e acho engraçado isso. Na verdade, elas não tem noção o quanto ele é fino e macio, acho que elas tem uma ideia de que o cabelo crespo é grosso e duro. Elas também acham que dá muito trabalho cuidar dele, mas sinceramente, não dá trabalho nenhum! A minha irmã mesmo, que tem progressiva, leva muito mais tempo que eu pra arrumar o cabelo dela, e olha que eu ainda seco o meu com o difusor!

“Me lembro que de vez em quando eu fazia escova e ficava hor-rí-vel, hor-rí-vel, deste tamanho ó. E o pessoal na escola zombava: acabou a luz na sua casa?”




Sabrinah Giampá – E como é a reação da sua família em relação ao seu cabelo? Percebe algum tipo de preconceito, algo do tipo: vai alisar essa juba minha filha?

Sandy Santos –Minha vó mesmo, vira e mexe pergunta se eu não vou pentear meu cabelo, daí eu falo: vó, mas é assim que fica legal, e levo na brincadeira. Meus tios me dão ‘apelidinhos’, como ‘ samambaia’, por exemplo, mas eu relevo.

Sabrinah Giampá– Nossa, eu já fui chamada assim, inclusive por uma professora, na frente de uma classe inteira, lembro que era constrangedor…

Sandy Santos – É… cada uma que temos que engolir, mas que saber: eu A-DO-RO meu cabelo. Acho que todo mundo deveria assumir o seu natural. A maioria das minhas amigas tem o cabelo bem black, aquele afro que não tem cachos, mas que fica maravilhoso se souber arrumar e fazer o corte certo, sabe? Pois bem, sabe o que elas fazem?

“Até hoje percebo que têm pessoas que estranham. Olham torto, como se alguma coisa estivesse errada comigo. Ainda pego algumas com medo de mexer no meu cabelo, e acho engraçado isso. Na verdade, elas não têm noção o quanto ele é fino e macio, acho que elas tem uma ideia de que o cabelo crespo é grosso e duro.

Sabrinah Giampá – Não, o que?

Sandy Santos – Elas colocam cabelo.

Sabrinah – Aqueles apliques, tipo megahair?

Sandy Santos – Isso mesmo.

Sabrinah Giampá – Acho um horror esse negócio, aquela ‘colinha’ entre o cabelo natural e o falso…

Sandy Santos– Eu também acho, e quando cresce, fica a textura diferente aparecendo e é pior ainda. Na minha opinião, o pior é ficar sem um bom cafuné. Eu adoro carinho na cabeça, mas imagina, alguém por a mão ali com esse monte de ‘colinha’, periga até soltar o cabelo. Imagina isso pra dormir!

Sabrinah Giampá – Pois é, é chocante o que as pessoas fazem em nome da beleza, ou melhor, numa tentativa desesperada de serem aceitas por uma sociedade que as despreza.

Sandy Santos– A influência da mídia é muito forte. Tenho uma amiga que é linda e que ama a Beyoncé, daí põe um aplique pra ficar com o cabelo igual ao dela, mas agora que a Beyoncé tosou o cabelo, quero ver se ela vai radicalizar também.



“Minha vó mesmo, vira e mexe pergunta se eu não vou pentear meu cabelo, daí eu falo: vó, mas é assim que fica legal, e levo na brincadeira. Meus tios me dão ‘apelidinhos’, como ‘ samambaia’, por exemplo, mas eu relevo.”





Sabrinah Giampá – Isso que eu acho triste da influência midiática, uma personalidade como ela, mulher e negra, deveria contribuir para que outras mulheres negras valorizassem sua real beleza, mas foi obrigada a adotar um visual branco para se comercializar, por assim dizer. Neste aspecto, eu sou muito mais a irmã dela, a Solange Knowles, que fez um ‘big chop’, deixou o afro crescer , ficou ainda mais linda e contribuiu para que milhares de negras americanas olhassem para si mesmas e pensassem: ‘pera’ aí? O que estou fazendo com o meu cabelo, com a minha identidade, com a minha raça e com quem eu sou? Você não acha isso, que o cabelo faz parte da sua identidade, de quem você é, de como veio ao mundo, de suas origens étnicas e culturais?

Sandy Santos – É bem por aí… Mas depois que você ultrapassa a barreira do preconceito, se apaixona pelo seu cabelo, e claro, por si mesma. Eu, por exemplo, sou apaixonada por dreads, acho lindo, já tive dois aqui perto da nuca,  tá vendo que essa parte aqui tá mais curta? (levantou parte do cabelo para mostrar e fui obrigada a tocar no cabelo dela – absurdamente sedoso e fino, parece de criança).  Já namorei um cara que tinha dread, era alucinada pelo cabelo dele, mas um dia ele chegou com a cabeça raspada lá em casa e eu quase caí pra trás rsss Claro que eu não estava com ele por causa do cabelo, mas acho que o dread dá muita personalidade a pessoa.



“Você sabe que a maioria das mulheres negras não aceitam o seu cabelo, né? Uma vez uma me parou no metrô, com um cabelo longo e liso, aplique, claro, e veio elogiar meu cabelo. Daí eu não me aguentei e a questionei sobre isso: por que você também não assume o seu, e ela disse: por que já sou velha, né? Impressionante como as pessoas arrumam desculpas para justificar o próprio preconceito.”



Sabrinah Giampá – Eu também acho. Não é qualquer um que carrega um dread.

Sandy Santos – Um dia eu ainda vou colocar, mas no cabelo todo!

Sabrinah Giampá – E vai ficar lindo, com certeza! 

Sandy Santos – Você sabe que a maioria das mulheres negras não aceitam o seu cabelo, né?

Sabrinah Giampá – Sim, eu vejo isso o tempo todo. Olha ali atrás (mostrei pra ela uma mulher negra com o cabelo alisado).

Sandy Santos – Uma vez uma me parou no metrô, com um cabelo longo e liso, aplique, claro, e veio elogiar meu cabelo. Daí eu não me aguentei e a questionei sobre isso: por que você também não assume o seu, e ela disse: por que já sou velha, né? Impressionante como as pessoas arrumam desculpas para justificar o próprio preconceito.


“O meu cabelo me dá força. Às vezes penso: será que ele tá horrível hoje? Mas o que posso fazer? Ele é diferente, e vai se comportar de forma diferente. E é nessa diferença que eu percebo a beleza dele, e é isso que me dá força.  A beleza está no diferente, ele é diferente e me fortalece a ser eu mesma, a me assumir para uma sociedade que, na maioria das vezes, irá nos rejeitar.”



Sabrinah  Giampá – Verdade seja dita. Minha mãe disse exatamente a mesma coisa quando fiz a mesma pergunta a ela

Sandy Santos – Tudo isso é pra camuflar aquele velho medo de ‘a sociedade não vai me aceitar’

Sabrinah Giampá- É mais fácil empurrar a sujeira pra debaixo do tapete, mas como viver bem no meio de tanto lixo acumulado?

Sandy Santos – O meu cabelo me dá força. Às vezes penso: será que ele tá horrível hoje? Mas o que posso fazer? Ele é diferente, e vai se comportar de forma diferente. E é nessa diferença que eu percebo a beleza dele, e é isso que me dá força.  A beleza está no diferente, ele é diferente e me fortalece a ser eu mesma, a me assumir para uma sociedade que, na maioria das vezes, irá nos rejeitar.

Sabrinah Giampá – Mas não é qualquer uma que consegue ter essa postura transgressora

Sandy Santos – Não tem coisa melhor no mundo  que o amor próprio. Não tem coisa melhor do que se sentir linda e saber o seu valor. Se as mulheres aprendessem como se amar, se soubessem se valorizar como são, elas saberiam o que é se sentir amada de verdade, até se elas quisessem voar, elas poderiam. A gente tem esse poder e não sabe.

“Não tem coisa melhor no mundo  que o amor próprio. Se as mulheres soubessem se valorizar como são, saberiam o que é se sentir amada de verdade, até se elas quisessem voar,  poderiam. A gente tem esse poder e não sabe.”

Sabrinah Giampá– O que significa o cabelo pra você? Um acessório?

Sandy Santos – Cabelo pra mim é mais que um acessório, é personalidade, identidade. O bom do meu cabelo é que ele é versátil, posso usar ele liso, enrolado, trançado, a gente não imagina a infinidade de possibilidades. Agora deixar um cabelo liso igual ao meu é difícil!

Sabrinah Giampá – Realmente.

Sandy Santos – Quando minha mãe me perguntou se eu queria alisar meu cabelo e eu disse que não, disse isso porque o meu cabelo faz parte de mim, da minha personalidade, de quem eu realmente sou. É transgressor aceitar seu próprio cabelo e aprender a cuidar dele mesmo diante de um monte de gente te apontando o dedo, te condenando e te fazendo se sentir inadequada. Não, você não é inadequada, acredite nisso! Inadequado é quem te julga por ser quem você é, isso sim não tem justificativa.

Sabrinah Giampá – Você me falou sobre o preconceito da  sua avó, que costuma mandar você pentear seu cabelo, e agora citou sua mãe, que perguntou se você queria alisar o seu cabelo. Como ela lidava com isso quando você era criança?

Sandy Santos- Quando criança, minha mãe também não sabia como arrumar meu cabelo, e naquela época nem tinha muita informação como tem hoje, então ela costumava escovar ele a seco. Sentiu o drama?

“Cabelo pra mim é mais que um acessório, é personalidade, identidade. O bom do meu cabelo é que ele é versátil, posso usar ele liso, enrolado, trançado, a gente não imagina a infinidade de possibilidades. Agora deixar um cabelo liso igual ao meu é difícil!”





Sabrinah Giampá – Acho que conheço essa história…

Sandy Santos – Acho que toda crespa e cacheada tem uma história assim. Resumindo: eu só andava com o meu cabelo preso e uma hora minha mãe me sugeriu alisar, mas essa ideia sempre passou bem longe da minha cabeça.

Sabrinah Giampá – Como você percebe o preconceito das pessoas?

Sandy Santos –Tem gente que fala: isso aí não dá trabalho? (se referindo ao cabelo) Não dá calor? Não te incomoda? E eu respondo: pelo contrário, a liberdade é a melhor coisa que tem, e também adoro um cafuné.

Sabrinah Giampá – Boa! E em relação à carreira? Todos nós sabemos que o mundo da moda é um mercado fechado e preconceituoso, e que negras ainda são minoria. Também sabemos que o crespo e cacheado real foram renegados por muitos anos, e substituídos por baby liss e perucas, como foi esse início pra você se naquela época, você me disse que costumava ainda fazer escova?

Sandy Santos – No início da minha carreira eu não assumia tanto o cabelo, usava escovado, preso, tinha uma certa ‘vergoinha’ de soltar. Me lembro que um dia eu cheguei escovada para um trabalho e  a cabeleireira molhou meu cabelo e depois secou, e ele ficou GI-GAN-TE. Eu adorei! Minha agente também. Ela disse que se soubesse que eu tinha esse cabelo nunca teria pedido para eu vir de escova. Depois disso eu comecei a me assumir, e percebo que antes não tinha identidade. Eu sou assim, meu cabelo é assim e  é assim que eu vou ao trabalho e  a qualquer lugar.


Lembro que no primeiro teste que fiz, eu liguei antes para perguntar como era pra eu ir, se precisava ir escovada, coisa e tal. Daí a agente me perguntou: como é seu cabelo? Eu disse: é enrolado… um pouco armado… Então ela me disse: venha com ele escovado!  Mas quando ela descobriu o meu crespo natural, ela amou e me incentivou a usar assim.”




Sabrinah Giampá – Você é uma mulher cheia de personalidade, pois sempre enfrentou todos os preconceitos e imposições de cabeça erguida. Sempre foi assim?

Sandy Santos – Como todo ser humano eu também tenho as minhas inseguranças, mas no geral, eu não me importo com o que o mundo pensa. Alisar? NUNCA! Já passei por algumas agências que pediram pra eu alisar, mas eu não aceitei.

Sabrinah Giampá– Imaginei que você tivesse passado por isso. A Gisele Bündchen contou numa entrevista, que no inicio da carreira, várias agências a orientaram a fazer uma plástica no nariz, que ela recusou , é claro, e hoje é o que é… Você viu também o que aconteceu com a Naomi Campbell? De tanto alisamento e megahair, teve problemas sérios de calvície…

Sandy Santos – É natural, nosso cabelo é muito fino, qualquer coisinha quebra, imagina colocar uma química forte dessas na cabeça. Não tenho problemas de mudar o visual. Posso fazer escova e usar peruca para alguns trabalhos, mas não me peça para colocar uma coisa dessas na minha cabeça, não me peça para eu deixar de ser quem eu sou, porque isso, sinto muito, mas eu não posso fazer.


“É transgressor aceitar seu próprio cabelo e aprender a cuidar dele mesmo diante de um monte de gente te apontando o dedo, te condenando e te fazendo se sentir inadequada. Não, você não é inadequada, acredite nisso! Inadequado é quem te julga por ser quem você é, isso sim não tem justificativa.”




Sabrinah Giampá – Como modelo, você deve estar sempre mudando o cabelo para se adequar aos trabalhos que aparecem. Vi em suas fotos que você já foi loira. Me conte sobre essas suas mudanças

Sandy Santos – Você viu que meu cabelo agora tá preto, mas há pouco tempo atrás estava loiro, como nas fotos. Fiquei uns dois anos com ele assim. Comecei a fazer luzes aos pouquinhos até ele ficar bem claro. Mas o cabelo descolorido precisa de MUITA dedicação. Tinha que pintar de seis em seis meses para não dar diferença na raiz e fazer o dobro de hidratação que faço hoje. Atualmente, eu faço uma por semana, mas na época do loiro era bem mais. Se bem que a tintura preta também exige algum cuidado. Faz parte da rotina, ainda mais para quem trabalha com a imagem, como eu.

Sabrinah Giampá – E como tudo isso começou. Como foi que você ingressou no mundo da moda que é ambicionado por tantas meninas? 

Sandy Santos – Minha carreira começou por acaso. Fui achada por um olheiro, me chamaram para fazer uns testes, e quando eu vi, já estava lá. No começo foi mais difícil, mas agora já me abriram algumas portas e estou trabalhando só nesta área. Antes precisava fazer uns trabalhinhos como recepcionista, secretária, mas se você me perguntar se isso dá dinheiro, pelo menos por enquanto, não deu não.

“Tem gente que fala: isso aí não dá trabalho? (se referindo ao cabelo) Não dá calor? Não te incomoda? E eu respondo: pelo contrário, a liberdade é a melhor coisa que tem, e também adoro um cafuné.”








Sabrinah Giampá – E no primeiro teste você chegou com esse crespo lindo que Deus te deu?

Sandy Santos –Lembro que no primeiro teste que fiz, eu liguei antes para perguntar como era pra eu ir, se precisava ir escovada, coisa e tal. Daí a agente me perguntou: como é seu cabelo? Eu disse: é enrolado… um pouco armado… Então ela me disse: venha com ele escovado!  Mas quando ela descobriu o meu crespo natural, ela amou e me incentivou a usar assim.

Sabrinah Giampá – Você acha que hoje em dia o preconceito quanto aos crespos e cacheados é menor do que era há alguns anos atrás? Me refiro ao mundo da moda

Sandy Santos – Percebo que hoje é mais aceitável do que era antes, embora ainda exista algum preconceito. É engraçada a reação das pessoas na rua, elas te olham com cara de espanto, incomodadas. Mas eu gosto de ver essa reação, Acho até boa. Meu cabelo é imponente, ele desafia a sociedade, choca, se coloca.  E querendo ou não, o meu cabelo acabou contribuindo para alavancar minha carreira.  O liso é comum, todo mundo tem. Acho que até me branqueia usar ele esticado, é como negar minha cor.



“Como todo ser humano eu também tenho as minhas inseguranças, mas no geral, eu não me importo com o que o mundo pensa. Alisar? NUNCA! Já passei por algumas agências que pediram pra eu alisar, mas eu não aceitei. Eu sou assim, meu cabelo é assim e  é assim que eu vou ao trabalho e  a qualquer lugar.




Sabrinah Giampá – São as nossas origens, não podemos negá-las.

Sandy Santos – Sou filha de pai negro e minha mãe é neta de japonês, ou seja, sou bisneta de japonês – por isso os olhos puxados. Minha mãe também tem descendência portuguesa e italiana e por isso o verde nos olhos também. Sou uma salada de frutas, uma salada de raças, e eu tenho muito orgulho disso. Sou brasileira, enfim. Acho ridícula essa história de seguir um padrão europeu. Estamos no Brasil, poxa! É um país tropical, não tem nada a ver, não existe isso. Eles querem seguir as mesmas roupas, tendências, clima e aparência, não dá mesmo! Isso não funciona!

Sabrinah Giampá – Não faz sentido algum.

Sandy Santos – Você reparou que aqui dentro não tem ninguém de cabelo enrolado, só a gente?

Sabrinah Giampá – É verdade, não tinha notado porque estava focada em você

Sandy Santos – Notou também que todo mundo ficou olhando pra gente quando a gente entrou?


“Não tenho problemas de mudar o visual. Posso fazer escova e usar peruca para alguns trabalhos, mas não me peça para colocar uma coisa dessas na minha cabeça (alisante), não me peça para eu deixar de ser quem eu sou, porque isso, sinto muito, mas eu não posso fazer.”




Sabrinah Giampá – Realmente…senti alguns olhares

Sandy Santos – Tá vendo como somos diferentes! E isso é legal, é muito legal, melhor do que ser igual a todo mundo! Minha irmã que faz progressiva é influenciada pela mídia. Já falei mil vezes, mas sabe aquele medo de que os amigos não a aceitem?

Sabrinah Giampá – Também conheço essa história

Sandy Santos – Esses dias a gente ‘tava’ ouvindo uma música que falava sobre isso, e falei pra ela: ‘tá’ vendo?

Sabrinah Giampá – Que música era?

Sandy Santos – Aquela do Max de Castro:

“ …E quando vou a praia alguém sempre diz prá mim
     Teu cabelo é duro, entra água não
     Se é impermeável isso é problema meu
     Na verdade o que é duro é o seu coração.”
Sabrinah Giampá – Como funciona sua rotina capilar, como você cuida do seu cabelo em casa?

Sandy Santos – Minha rotina capilar é simples. Uso o xampu e condicionador de óleo de argan da Inoar, você conhece?

Os queridinhos da Sandy:

Sabrinah Giampá – Já ouvi falar, mas nunca usei.

Sandy Santos- É muito bom!  Mas a hidratação eu faço uma vez por semana numa cabeleireira perto da minha casa, e também é com óleo de argan, mas não sei a marca.

Sabrinah Giampá– Mas você não usa um leave-in depois, ou algum produto pra estilizar?

Sandy Santos- Uso o próprio condicionador. Na verdade eu faço o procedimento normal: primeiro lavo, depois condiciono e enxáguo. Daí na hora de pentear, eu uso um pente de dentes médios e o condicionador como se fosse um leave-in. Vou separando por mechas, aplicando e penteando. Depois disso eu seco com o difusor. Simples assim!

“É engraçada a reação das pessoas na rua, elas te olham com cara de espanto, incomodadas. Mas eu gosto de ver essa reação, Acho até boa. Meu cabelo é imponente, ele desafia a sociedade, choca, se coloca.  E querendo ou não, o meu cabelo acabou contribuindo para alavancar minha carreira.  O liso é comum, todo mundo tem. Acho que até me branqueia usar ele esticado, é como negar minha cor.”
Sabrinah Giampá- Você seca com o difusor todo dia? Não costuma o deixar secar ao natural?

Sandy Santos- Por causa do meu trabalho acabo sendo obrigada a secar sempre com o difusor. Ele demora muito pra secar, e quando fica molhado, me deixa praticamente careca. Como é fininho, o cabelo some, e o bacana dele é o volume, é isso que dá o poder.

Sabrinah Giampá– Seu cabelo é muito bem cortado, você corta com essa cabeleireira que faz suas hidratações semanais?

Sandy Santos – Sim, com ela mesmo, mas passei um sufoco com o cabeleireiro anterior que arranjei

Sabrinah Giampá– Como assim? O que aconteceu?

Sandy Santos – Quando comecei a pintar o cabelo com ele, o mesmo me pediu pra cortar. Eu topei, já com um certo receio de quem sabe que é difícil encontrar alguém que entenda o meu cabelo, mas enfim, faz parte arriscar… mas daí ele TO-SOU o meu cabelo.

“Sou uma salada de frutas, uma salada de raças, e eu tenho muito orgulho disso. Sou brasileira, enfim. Acho ridícula essa história de seguir um padrão europeu. Estamos no Brasil, poxa! É um país tropical, não tem nada a ver, não existe isso. Eles querem seguir as mesmas roupas, tendências, clima e aparência, não dá mesmo! Isso não funciona! “

Sabrinah Giampá– Não sei porque, mas não estou surpresa…

Sandy Santos– Já passou por isso também né?

Sabrinah Giampá – Ora, se não… rsss

Sandy Santos– Então, eu não consigo entender isso. Se não sabe cortar o cabelo crespo, não corta! Encolheu muito, perdeu parte do volumão que eu adoro, e por isso fiquei traumatizada e dois anos sem cortar por conta disso.

Sabrinah Giampá– Eu imagino… mas e depois, como descobriu essa outra profissional que deu certo?

Sandy Santos – Tempos depois eu conheci essa cabeleireira perto da minha casa, a Sirley (Rua Sebastião  Sisson, 605, Jabaquara, São Paulo), que me fez um bom corte, tirou o meu trauma e me orientou a cortar o cabelo a cada três meses.  Ela disse que ele ia crescer mais rápido assim, e dito e feito. Se a pessoa sabe cortar é outra coisa! Na minha infância, lembro de ter tido os mesmos problemas com salão. Ninguém sabia mexer no meu cabelo, era só botar a mão que o estrago estava feito.


“Quando comecei a pintar o cabelo com ele, o mesmo me pediu pra cortar. Eu topei, já com um certo receio, mas enfim, faz parte arriscar… mas daí ele TO-SOU o meu cabelo. Não consigo entender isso. Se não sabe cortar o cabelo crespo, não corta! Encolheu muito, perdeu parte do volumão que eu adoro, e por isso fiquei traumatizada e dois anos sem cortar por conta disso. “



Sabrinah Giampá – Imagino que no trabalho de modelo, mudanças radicais devem ser combinadas com a agência, até porque, dependendo do corte, pode até limitar o número de trabalhos. É assim que funciona, não?

Sandy Santos – Exatamente, então você imagina o trauma que o corte errado não me causou.

Sabrinah Giampá – Perfeitamente! Você conhece a rotina Low Poo/ No Poo ?

Sandy Santos – Não conheço não.

Sabrinah Giampá – Tem vários posts falando sobre isso no meu blog. Nada mais é que abolir sulfatos e silicones do cabelo, e se 90% dos xampus do mercado tem sulfato… já viu né?

Sandy Santos – Uma coisa que percebi é que quanto mais tempo passo sem lavar, mais bonito ele fica.

“Tempos depois eu conheci essa cabeleireira perto da minha casa, a Sirley, que me fez um bom corte, tirou o meu trauma e me orientou a cortar o cabelo a cada três meses.  Ela disse que ele ia crescer mais rápido assim, e dito e feito. Se a pessoa sabe cortar é outra coisa! Na minha infância, lembro de ter tido os mesmos problemas com salão. Ninguém sabia mexer no meu cabelo, era só botar a mão que o estrago estava feito.”


Sabrinah Giampá – É bem por aí… você está no caminho certo então. Costuma usar algum penteado, ou só usa ele solto?

Sandy Santos– Eu adoro esse elástico de fio de telefone (tirou o dela da bolsa), você prende e fica super estiloso.

Sabrinah Giampá – Jura? Eu comprei e odiei, deixou meu fio todo embaraçado

Sandy Santos- Nossa… é o meu preferido. Talvez seja o jeito que você usa. Quer ver como eu prendo?

“Por causa do meu trabalho acabo sendo obrigada a secar sempre com o difusor. Ele demora muito pra secar, e quando fica molhado, me deixa praticamente careca. Como é fininho, o cabelo some, e o bacana dele é o volume, é isso que dá o poder.”

Sabrinah Giampá – Claro! – Uau… nossa que simples, que fashion… ( ela jogou o cabelo todo pra cima, como se fosse um rabo de acabaxi, aqueles que as cacheadas usam pra dormir, envolveu com o elástico, sem dar volta nenhuma – isso sim era novidade pra mim – e foi puxando o cabelo pros lados ali dentro, afofando… e ficou sensacional!)

Sandy Santos – Quer tentar?

Sabrinah Giampá – Só se for agora! – Não acredito… tava fazendo tudo errado. Agora sei fazer um preso de top model em poucos segundos! Obrigada, isso vai mudar minha vida!

Sandy Santos – É super prático! Eu gosto de fazer depois de lavar. Imagina, entrar no metrô lotado, aquele monte de gente… isso protege um pouco.

Sabrinah Giampá – Boa dica, vou anotar. 

Sandy Santos – Anota, coloca aí na entrevista!


“O que eu quero é que as pessoas se aceitem e se amem do jeito que são, é a única forma de ser feliz. Se elas soubessem…”






Sabrinah Giampá – Com certeza, a mulherada vai adorar e se inspirar

Sandy Santos – O que eu quero é que as pessoas se aceitem e se amem do jeito que são, é a única forma de ser feliz. Se elas soubessem…

Gostou da entrevista da Sandy? Também quer compartilhar aqui a sua história? Escreva para: sabrinagiammpa@gmail.com e concorra a prêmios, caso sua trajetória capilar seja publicada aqui.   

  1. Nossa, adorei a entrevista, o seu blog, descobri através do grupo Now Poo. Parabéns pela iniciativa e por trazer gente como a gente para falar de algo tão difícil ainda para algumas pessoas. A escrita é leve, gostosa de ler, muito bom mesmo. E quanto a Sandy, linda, linda. Além da beleza transborda auto confiança. Bjo

  2. Fico feliz que tenha gostado, Carolina! Minha intenção foi essa mesma, compartilhar experiências de gente como a gente, mas sempre me surpreendo com as pessoas. A Sandy foi um achado, menina nova e super amadurecida e bem resolvida. Realmente um exemplo. Bjks

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