Quando a Isabela chegou pela primeira vez na Garagem dos Cachos, pude sentir sua ansiedade em se libertar de um histórico de químicas, e ao mesmo tempo, o seu receio de ter que lidar com todos os medos e preconceitos enraizados, que nos são transmitidos desde a primeira infância.
Conversamos muito antes do primeiro corte, e respeitando o seu medo inicial, optamos por tirar apenas uma parte dos fios quimicados.
Aconselhei-a a voltar em dois meses para cortarmos mais um pouco. Nesta segunda visita, a senti mais corajosa, e sendo assim, conseguimos cortar uma quantidade de cabelo bem maior que da outra vez, mas ainda sim, algumas partes lisas insistiam em se apegar nos fios laterais.
Em nosso terceiro encontro, me deparei com uma Isabela ainda mais forte e cheia de si. Os big chops feitos em doses homeopáticas, respeitando o seu tempo, também lhe ajudaram a entender que precisava ir até o fim, mesmo que para isso tivesse que encarar um corte definitivo e mais impactante.
Durante todo o processo nos conversamos e apresentamos uma a outra, cada cacho lindo que se libertava dos grilhões da progressiva. E finalmente estavam todos de volta, assim como a verdadeira Isabela, que se escondia atrás de todo aquele arsenal em prol do cabelo liso: relaxamentos, progressivas, escovas e chapinhas.
A Isabela finalmente renascia, mas bela do que nunca, em sua plenitude real, ignorando todas as possíveis críticas negativas que viria a receber, por ser, simplesmente, quem ela é, fora de qualquer ditadura, em paz com sua essência.
Havia pensado em colocá-la em umas das transformações da Garagem dos Cachos, mas ao me presentear com esta rica história, achei que mereceria um espaço maior, e por isto, agora ela brinda a todos nós, com essa linda saga de superação:
“Desde pequena minha mãe cuidava de meu cabelo, sempre fazendo penteados presos, trancinhas, cachinhos… Era aquela ‘briga’ quando ela me dizia que era dia de lavar e pentear os cabelos. Parecia uma vontade boba, mas quando criança eu sempre quis usar os cabelos soltos (como minhas amiguinhas e primas) e minha mãe não deixava com o medo de eu pegar piolho e porque, como ela mesmo falava: ‘seu cabelo quando seca, você sabe que fica naquele mundo!’.”
Diante de várias situações, pensei que ter o ‘cabelo liso’ poderia ser minha solução. Insisti tanto que, aos 12 anos, minha mãe tentou alisar meu cabelo com henê, pois era um produto que ela conhecia, havia usado durante alguns anos, e gostava do resultado – no cabelo dela(risos). Porém, o resultado não foi o desejado: não fiquei com o cabelo alisado, nem cacheado, e além de tudo, tive um corte químico BEM NA PARTE DA FRENTE! Ganhei uma franja forçada…
Aos 13 anos, fui morar alguns meses com o meu pai e não tinha minha mãe perto para ajudar a ‘cuidar’ do meu cabelo. Fiz relaxamento na primeira vez, e nas seguintes, ia retocando a raiz com um produto químico à base de amônia, o qual ‘controlava’ o volume, e mantinha algumas ondas. Nesse período, arriscava qualquer outro tipo de tratamento caseiro, desde que me ajudasse a me encontrar dentro da minha moldura facial.
Em 2010, tive um outro corte químico no meio da cabeça, e resolvi abandonar o produto à base de amônia. Fui à um salão de beleza, e lá experimentei a escova progressiva, que por cima da amônia, me deixou com o cabelo mega escorrido! Não me agradou muito, pois gostava do meu cabelo anteriormente, quando podia optar em usá-lo ‘ondulado’ ou ‘liso’.
Aproveitei para experimentar um corte mais curto, pois desde quando me conhecia por gente, sempre usei cabelo mais comprido para ‘pesar’ e não armar. A cada dois meses, voltava no salão para retocar a raiz, e então comecei a fazer a escova marroquina. Incomodada com a diferença entre as texturas do cabelo, passei a visitar o salão mensalmente para retocar a nova química escolhida.
Certa vez, estava na hora de voltar ao salão, e só de lembrar de todo o processo demorado, que me incomodava muito: do ar quente do secador ao cheiro do produto, a ardência nos olhos, resolvi radicalizar e cortar o cabelo bem curtinho. Pensava que, dessa forma, o sofrimento teria duração reduzida, e seria mais fácil de aguentar. Apesar da progressiva manter algumas ondas e o volume ‘controlado’, eu continuava insatisfeita, e comecei a procurar na internet processos químicos pelos quais eu pudesse me submeter e conseguir um resultado mais satisfatório.
Até que recentemente, em 2013, vi na internet uma chamada sobre o evento da Deva, na Ikesaki. Eu fui, sem ao menos saber do que se tratava. Lá, tive a oportunidade de conhecer o Denis da Silva, e curiosa para saber se realmente tudo aquilo que falavam durante a palestra era verdade mesmo, fiquei torcendo para que fosse chamada para a demonstração, mas sem muita fé que isso aconteceria, mas, para minha surpresa, ele me chamou!
No dia do evento, faziam poucos dias que havia feito escova marroquina, e tinha luzes no comprimento, mas gostei bastante do resultado. No mesmo dia, comprei alguns produtos e comecei a fazer o ritual Deva.
Mesmo fazendo o ritual, havia a diferença entre a raiz e as pontas de meu cabelo. Não tive paciência nesse período de transição, e acabei caindo, mais uma vez, na tentação do relaxamento, escova e chapinha. O cabelo começou a crescer, e, novamente, as diferentes texturas me incomodavam, mas eu ainda estava num ciclo vicioso de processos físicos e químicos…
Voltei para a internet (risos)! No dia do evento da Deva, conheci a Jackie Siqueira – do blog Jackie Make Up – e a Fernanda Ferreira – do blog Dicas da Fê – que me ajudaram bastante com suas postagens, na decisão de tentar novamente, e ter paciência em voltar ao cabelo natural.
Nessa minha nova busca, no início de 2014, encontrei o blog Cachos e Fatos! Entrei em contato com a Sabrinah, e resolvi marcar um dia para cortar o cabelo. Eu queria sair dessa rotina de processo químico, escova, chapinha, preocupação com chuva, garoa ou qualquer vento úmido que desmanchasse meu penteado.
Quando cheguei à Garagem dos Cachos pela primeira vez, estava um pouco apreensiva, e ao mesmo tempo, muito ansiosa. Cortei um pouco na primeira vez, e após dois meses, cortei de novo. Amei o resultado, e cada vez mais empolgada com o crescimento e a volta dos meus cachinhos, no terceiro corte, estava decidida: queria cortar toda a parte que insistia em não enrolar, mesmo com todo o cuidado de hidratações e fitagens ensinadas pela Sabrinah.
Bom, depois de toda essa saga – que ainda não terminou – estou muito mais satisfeita com os meus cabelos, e aos poucos, vou me descobrindo. Aprendi que é possível ter cabelos bonitos, bem cuidados, e que podem ser usados soltos, mesmo sem serem lisos. Percebi que nunca deixei de amar a sua forma natural, apenas não sabia como cuidar adequadamente, e que agora é só continuar a ter paciência e voltar a curtir ‘o jeito cacheado de ser’.”
Isabela Persives
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Priscila says:
Isabela, tá linda!!!
Aline Costa says:
tá linda mesmo…como faço para adquirir os produtos da Deva?
sabrinah says:
Aline, escreva para garagemdoscachos@gmail.com,com Deva no assunto. bjks