“Sabrinah, você é uma pessoa iluminada. Eu li a postagem, e confesso que me emociono sim, e choro até hoje. Esta cultura do cabelo longo, que faz com que a gente não se sinta feminina se tiver um cabelo curto, me oprimiu durante muito tempo, e sabe, eu não havia percebido, mas mesmo após o big chop e com cabelo curto natural, eu ainda estava refém destes padrões. Digo isso porque não conseguia sair de casa sem a faixa de cabelo, e ainda levava uma na bolsa de reserva, pois pensava: se sujar em algum procedimento no hospital onde trabalho, não corro o risco de ninguém me ver sem a faixa. Não conseguia perceber que estava a usando de muleta para conseguir sair com meu cabelo curto.

tatiane maia

Quando eu cortei meu cabelo, falei pra mim mesma: – Caramba! Estou um meninão! Me obriguei a colocar brincos e fazer maquiagens, porque eu não estava a vontade, foi como se o cabelo comprido tivesse podado a minha feminilidade, mas hoje sei que isso não é verdade, e choro. Estou chorando agora. Só que é um pranto de alegria, sabe.  Choro porque descobri que não preciso da faixa e nem de batom para me sentir mulher com o cabelo curto.

Hoje, pela primeira vez, quando acordei, não fiquei desesperada de me ver com o cabelo amassado e sem definição. Eu me olhei no espelho e falei comigo mesma: – Caramba, onde me escondi por tanto tempo?!? O que eu fiz comigo mesma?!? Afinal, não me importo mais com o tal do frizz ou com a definição dos cachos, o que conta é que, finalmente, me aceitei de verdade, e isso está a cima de ser cacheada e ter o cabelo natural. Eu aceitei a liberdade de me sentir confortável comigo mesma, seja como eu uso ou está meu cabelo. Posso me apresentar como eu quiser, e sim, estou feliz descobrindo as vertentes do meu cabelo, e permitindo que ele seja o que quiser também.

Depois de 26 anos, não me importa o que vão dizer. Quando olhei pra faixa de cabelo, percebi que ela não é mais uma obrigação pra mim, apenas uma opção. Coloquei um sorriso no rosto e me senti LIVRE.”

retranca_cachos

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