Quando fui convidada pela jornalista Heloísa Negrão, da Revista da Folha, para contribuir com sua matéria sobre a volta dos cachos, eu não imaginava que o foco do texto seria em produtos químicos ‘para restaurá-los'(como assim?!?), além de um modismo desenfreado que engole o que de mais importante vem acontecendo em nossa atualidade: o empoderamento da mulher, principalmente o da mulher negra, ao impor sua verdadeira beleza (cabelo natural que nasceu com ela, não um cabelo modificado quimicamente) a uma sociedade racista e preconceituosa. Embora esta questão tenha sido citada, percebi que o foco foi totalmente o oposto do que prego na Garagem dos Cachos e aqui no blog.

Acho um disparate oferecer uma química para uma mulher que quer assumir as suas origens, pois a partir do momento que você altera a estrutura do fio quimicamente, você não está assumindo seu cabelo natural, e sim um cacho ‘fake’, co-criado, que está longe de fazer parte da proposta do natural. Natural pra mim é o cabelo que nasce com a gente, sem alterações para modificar sua estrutura. Sem substâncias agressivas como soda cáustica e guanidina.  Ao meu ver, não existe cabelo que precise ser relaxado, domado, ou cacho que precisa seguir um padrão perfeitinho e midiático. Cachos naturais são belos por não serem todos iguais, por não serem construídos por babyliss, e muito menos permanentes, como muitos profissionais tem feito em suas clientes dando o nome de ‘desprogressivação’ ou algo parecido.

O que tira a química do cabelo é vitamina T de tesoura ou M de máquina. Isto é fato. Você ‘cortar’ a progressiva e na sequência relaxar ou fazer cachos com permanente é aderir a uma nova escravidão, e não resgatar sua essência. Claro, que isso é uma opção, mas está longe de ser considerado um retorno ao natural. O que mais me indignou nessa matéria, é que eu, no caso, a ÚNICA cabeleireira no texto que foca no cabelo natural DE VERDADE, ser taxada de RADICAL. Radical ao meu ver é usar uma química agressiva em cima de outra, correndo o risco inclusive de um corte químico, isso sem contar os problemas de saúde que virão a longo prazo, justamente para ostentar o ‘cacho da moda’. Nosso cabelo não é moda, é autoaceitação, é autoestima, e antes de mais nada, o que nos faz únicas e especiais. Não quero o cacho feito a babyliss, permanente, e  nem com horas de fitagem. Quero o cacho que vem no meu DNA, aquele que faz com que as mulheres se reconheçam no espelho, e não que criem um novo personagem para se enquadrar na indústria da moda e dos produtos químicos, onde sai a progressiva e entra o relaxamento e a permanente (agora chamada de ‘desprogressivador’). Para refletir…

Para tirar suas próprias conclusões, leia  a matéria na íntegra, clicando na imagem abaixo:

revista da folha

retranca_cachos

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