Emanuela chegou à Garagem dos Cachos decidida a se livrar da progressiva que acabou com seus cachos naturais |
Expliquei a ela, que como havia feito o alisamento pela última vez há três meses, tinha apenas uns três centímetros de cabelo natural, e que para tirar completamente a química, ela ficaria com o cabelo bem curtinho, joãozinho mesmo.
A progressiva tirou de Emanuela o que ela mais gostava em seu cabelo: o volume |
Eu particularmente acho lindo um corte ‘joãozinho’, só que, infelizmente, vivemos numa cultura que associa os fios compridos e lisos à feminilidade, e a maioria das mulheres tem medo de perder a feminilidade se reduzir o tamanho dos fios. Para a minha total surpresa, Emanuela não pensava assim.
Ao contrário da maioria das mulheres, Emanuela não associa o comprimento dos fios à feminilidade |
Ela simplesmente me disse, com a maior tranquilidade do mundo: pode cortar! Ela sentia falta do cabelo natural, mas especificamente do corte que fez para o dia do seu casamento.
Emanuela sentia saudade dos fios naturais e do corte que usava no dia do seu casamento |
Mas ela sabia que para resgatar os fios naturais teria que cortar bem curtinho ou encarar um longo período de transição, que para ela estava fora de cogitação.
Emanuela recém-liberta da possessiva durante o seu primeiro big chop, que já conseguiu eliminar toda a química |
Emanuela ficou bastante satisfeita, e já no primeiro corte, eliminou toda a parte quimicada, e se sentiu melhor consigo mesma.
Com os cachos naturais, Emanuela percebeu que sua identidade havia sido resgatada |
Seus fios, do tipo 3A, rapidamente deram o ar da graça. E qual foi a minha surpresa quando ela voltou após 1 mês e meio para retocar o corte. O cabelo já havia crescido um bocado.
1 mês e meio após o bc, Emanuela voltou à Garagem dos Cachos para retocar o corte curtinho, que se adaptou muitíssimo bem |
O que a levou a fazer a progressiva foi a autoestima baixa, decorrente de complicações de uma endometriose, que não foi diagnosticada de imediato, e que a levou a ganhar 20Kg em dois anos. ” Como eu disse pra você, eu faço um tratamento para endometriose e esses medicamentos tem vários efeitos colaterais, o pior deles é uma grande retenção de líquidos, o que resulta num ganho de peso considerável. Eu sempre fui muito magrinha (abaixo do peso mesmo) e, de repente, quando descobri essa doença. passei de 48Kg para 68 em questão de dois anos. Imagina pra uma pessoa que sempre se viu magra, de uma hora pra outra, ganhar tanto peso. Não foi nada fácil… “, desabafou ela.
Emanuela é arquiteta, e estava procurando emprego neste período, onde se deparava com várias concorrentes com o cabelo padrão, ou seja, esticado. ” Com minha autoestima destruída, eu tentei parecer um pouco mais com todo mundo, e eu só convivia com mulheres de cabelos lisos e progressivados”.
Remover a progressiva, ajudou Emanuela a amenizar o excesso de oleosidade da raiz |
Além disso, o ganho de peso ocasionou uma pressão muito grande em sua vida, decorrente do preconceito social: “Muita gente não entendia (e não entende até hoje). Diziam que eu ganhei tanto peso porque eu comia demais… e muitas outras coisas que nem vale a pena mencionar. Tem esses benditos calorões (exatamente como na menopausa) o que fez aumentar também o suor…pele (acne que até então eu nunca tive) e couro cabeludo bem mais oleoso.”
Curtinho sim, mas moderno, natural e extremamente feminino |
Acontece que assim que ela aderiu à progressiva, se arrependeu: “Sempre detestei escova e chapinha e acabei virando refém delas, e aquele problema de oleosidade só piorou, porque era bem mais difícil lavar sempre que eu quisesse.” Ela que também adorava volume, acabou com um cabelo estático, que descreveu como ‘muxoxo’.
O apoio do marido foi fundamental pra Emanuela passar por esta fase, resgatar seu cabelo natural, e consequentemente, sua autoestima |