O visagismo na moda
“As pessoas geralmente olham o cabelo antes do rosto, por isso, se ele está inadequado para a sua personalidade, você irá causar reações inadequadas. Quando faço uma consultoria, eu não olho o cabelo, eu me atento apenas ao rosto, porque quero ver o ser humano que está por trás disso tudo”, explicou Philip Hallawell na palestra da estilista Jo Souza, que aplica o visagismo em sua profissão.

A estilista, Jo Santos, durante sua palestra no 1º Congresso de Visagismo Philip Hallawell

Para a profissional de moda, a roupa, cabelo e maquiagem tem que estar em sintonia com quem você é, e por isso o cuidado sobre o que você está dizendo através da sua imagem. “Os cuidados com a beleza não podem ser considerados futilidades. Não é apenas um cabelo que está ali, é uma vida, uma história, uma essência. Uma imagem fala mais alto que gestos e comportamentos. Como você vai conseguir o que você quer, se está dizendo exatamente o que você não quer.”


O pai do conceito dá um exemplo prático: aquela mulher que se divorciou, investiu na malhação e decidiu exibir o corpo em roupas curtas e justas. “Ela busca o amor, mas a mensagem que está transmitindo é totalmente sexual, então o que ela vai receber dos homens é apenas sexo. E daí vem o desabafo: – Mas os homens só querem sexo! – Será isso mesmo ou será que você que está passando a mensagem errada?”

Cores

O laranja usado no logo do Itaú pode gerar
 problemas de comunicação e até depressão
Cheguei atrasada nessa apresentação de cores, que aconteceu na abertura do segundo dia do congresso, e morri de ódio de mim por isso. Consegui pegar a cor laranja, que segundo Philip, é uma cor que acarreta dificuldade de comunicação e pode causar até depressão. “Esta cor, impressa na comunicação do banco Itaú, pode gerar sérios problemas de comunicação entre os funcionários”, explicou o especialista.

Ele também falou do perigo que é colocar a cor laranja no cabelo de uma pessoa depressiva, pois pode estimular um suicídio. O vermelho, segundo ele, também não é uma boa cor para instituições bancárias, pois causa ansiedade e tormenta.
Já o azul e o verde remetem a calmaria e tranquilidade, o que seriam boas cores para os bancos. Atualmente, me recordo que a Caixa utiliza o azul em sua comunicação.

Como o cérebro processa as imagens

Citando o excelente trabalho do neurocientista, Joseph Ledoux, Hallawell explicou durante o Congresso, como o nosso cérebro processa as imagens. 

O Tálamo é responsável por distribuir estímulos recebidos pelo olhos, bocas e outros sentidos, assim como identificar símbolos arquétipos. Quando identificados, o sistema límbico, responsável pelo instinto de sobrevivência básica, entra em ação. Ele capta as emoções transmitidas por esses símbolos. 

Essas emoções podem resgatar memórias antigas em cada indivíduo, que podem remeter à experiências traumáticas ou não, e com isso, gerar reações diversas.“A imagem afeta o comportamento da pessoa, e por isso é perigoso analisar a pessoa pelo comportamento. O comportamento mostra como ela está, não quem ela é”
As máscaras sociais

O senso de identidade começa a ser desenvolvido aos dois anos de idade. “Cria-se uma máscara para lidar com a rejeição e buscar a aceitação”.

Para Hallawell, máscaras são necessárias para um bom convívio, mas podem ser prejudiciais: “Máscaras projetam a persona, ou seja, aquela personalidade que criamos socialmente, mas elas não nos representam por completo.”, explicou.

Ela é uma ferramenta de defesa e pode englobar imagem pessoal, voz e comportamento. A criação da máscara começa cedo, quando ainda somos bebês, é fortalecida na infância e reforçada na adolescência, quando a necessidade de aceitação é maior.O problema é quando a máscara não está alinhada com o senso de identidade. 

Os tipos de máscaras mais comuns
Bebês e crianças também costumam adotar máscaras sociais,
como a de engraçado


Em crianças
– O engraçado
– o carente
– o rebelde
– o bonzinho
Na figura paternal/maternal
– o forte
– o sábio
– o autoritário


O poder do visagismo na odontologia


A odontologista  Tânia Lacerda durante a palestra – A boca: o foco do olhar

O formato da arcada dentária também influencia muito na transmissão da imagem, e principalmente no comportamento da pessoa, podendo causar até depressão. A odontologista, Tânia Lacerda, explicou isso em sua palestra –  A boca: o foco do olhar –  onde apresentou fotos de antes e depois de pacientes, que evidenciavam como o formato dos dentes afetam e interferem na autoestima e a identidade pessoal de cada um. “Os dentes também precisam expressar temperamentos dominantes”.

Jacques Janine e a valorização da beleza natural

Com o casal que dá nome ao império Jacques Janine

Janine Goossens, do Jacques Janine, que também palestrou no evento, brincou com a força de sua marca, que a manteve atrelada ao marido mesmo individualmente. Ela e o Jacques têm uma trajetória de sucesso no ramo da beleza.


Ela contou como eram precários os instrumentos de trabalho dos profissionais dos anos 50: “Haviam pouquíssimos cosméticos e muitas vezes era apenas o profissional, a maca e o cliente”. 

Também citou personalidades que marcaram época, com personalidade e beleza, como Brigite Bardot, nos anos 70; Farah Fawcett, nos anos 80, até as tendências atuais. “Hoje, não importa o tipo de cabelo, seja ele crespo ou liso, a democratização impera, o importante é ser saudável e bem cuidado”. Palmas para Janine. 

A propósito, na saída do evento, fui tirar uma foto com ela, graças à Suzanne do blog Quarto Feminino, quando o Jacques me perguntou se eu fazia permanente no meu cabelo. Prontamente respondi: Permanente? Ah sim! É permamente sim, permanente pra toda a vida!
O mercado da beleza: um setor sem crises


Paulo Cordeiro, da Intercoiffure falou sobre o mercado da beleza, que é um mercado sem crise e o impacto da classe C. Segundo ele, o Brasil está quase alcançando o segundo lugar no ranking mundial de consumo de cosméticos, e isso deve acontecer até o final deste ano. Os EUA ainda detém o primeiro lugar. Também pudera! Fico alucinada com a gama de cosméticos para cabelos crespos e cacheados que tem nesse país. Para todas as necessidades e gostos, parece a Disneyworld da indústria cosmética!

Gôndola de cosméticos para cabelos crespos e
cacheados, nos EUA: um paraíso!

Sobre a geração de empregos no segmento, os dados apresentados mostraram que dobrou nos últimos anos devido aos gastos das classes BCD, que respectivamente consumiram R$ 281 milhões, R$ 236,5 milhões e R$ 208,9 milhões. 


A necessidade de mudar de aparência, o comportamento vigente e o papel da mulher nisso tudo foram outros fatores de destaque nesta palestra. Inclusive a influência dos blogs. Que orgulho para nós blogueiras!

“O salão de beleza antes era algo de fundo de quintal, não era encarado como empresa, hoje é necessário uma ação de marketing forte, parcerias, investimentos, vendas de produtos e treinamento constante”.

O presidente da Intercoiffure, explicou que a nova tendência, que é conciliar beleza e bem estar. E a proposta dos salões modernos, que é de oferecer um mix de serviços, com direito à loja, bebidas, internet e outros atrativos. O Circus Hair, em São Paulo, é um exemplo disso.  

Além da postura do profissional, que é fundamental para o sucesso. “Aquele perfil do barraqueiro não existe mais. É preciso ter equilíbrio emocional, ser educado, discreto e ter postura ética”. Dominar novas tecnologias também é essencial, apresentação impecável também é avaliada.  Investir em conhecimento e não ficar só na técnica. Qualidade e agilidade no atendimento, sempre!

Segundo pesquisas em que se embasou para a sua palestra, 22% dos consumidores estão dispostos a experimentar. “Se você não é capaz de mudar seu cliente, e outro conseguir, ele nunca mais volta no seu salão”, destaca. O que é uma grande verdade. “O profissional não é mais a estrela, a estrela é o cliente”. Pena que muitos profissionais ainda se enxerguem como ‘estrelas’.

Outro dado em destaque é que oito em cada dez mulheres utilizam produtos de beleza regularmente. E até os homens estão mais interessados na aparência, investindo em serviços antes só destinados ao público masculino, entretanto, exigem privacidade e diferenciais como drinks, playstation e internet. “Houve um aumento de consumo generalizado de beleza, lazer e alimentação. O perfil do consumidor mudou, os clientes não são todos iguais”.
Dica de Philip Hallawell
E para fechar essa série de posts sobre o 1º Congresso de Visagismo Philip Hallawell, uma dica do mestre:

“Expresse sua beleza. Mudanças na imagem podem ser benéficas. Mas se o cabeleireiro ou maquiador não tiverem conhecimentos, podem executar mudanças prejudiciais. O profissional da beleza trabalha com algo muito sensível, que é o ser humano. Falar que o cabelo cresce diante de um erro é fácil, mas até ele crescer, a pessoa pode ter perdido emprego, marido,oportunidades… O contato com o verdadeiro eu no espelho é tão maravilhoso, você vê  a pessoa sorrir e chorar de emoção. É a coisa mais gratificante que o visagismo pode proporcionar.  É saber transformar a intenção em uma imagem personalizada. E isso, não tem preço! “
Mas como ele me explicou, é lamentável que vivemos num mundo de imagens onde as pessoas, em sua grande maioria, são analfabetas visuais.

Lista de visagistas em todo o Brasil

Infelizmente, até o fechamento desta matéria, a assessoria ainda não tinha conseguido me disponibilizar a lista de visagistas credenciados em todo o país. Segundo a assessora, como há 1000 credenciados, e é preciso checar se todos estão aplicando corretamente o conceito, isso deve demorar um pouco.Como havia prometido, assim que tiver a lista em mãos, faço um post apenas sobre isso.

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