Natural de São Luís, do Maranhão, Saulo Galtri vive na Irlanda há 1 ano e sete meses. Foi em Dublin ( A Ilha da Esmeralda)que este jornalista-cabeleireiro de apenas 25 anos fundou a sua ‘Garagem dos Cachos‘, a The Curly Look

Conheci Saulo Galtri pelo facebook, quando ele veio me procurar para falar sobre nossos pontos em comum, e fiquei encantada com a sua história. Assim como eu, ele é jornalista que virou cabeleireiro especializado em crespos e cacheados por conta de um blog, e acima de tudo, de uma missão de vida: auxiliar outras pessoas a se livrarem da imagem caricaturada que adotaram para si mesmas, com o intuito de serem aceitas numa sociedade preconceituosa.

Ele, que já sofreu preconceito por causa do cabelo e foi adepto dos relaxamentos por vários anos, descobriu nos cachos naturais uma forma de se libertar e ganhar o mundo. Natural do Maranhão, hoje mora na Irlanda há 1 ano e sete meses. Foi apanhar o seu diploma de jornalista e acabou partindo para desbravar a Europa.

Com o incentivo de amigas crespas e cacheadas, ele montou um pequeno espaço em casa, o The Curly Look, que funciona como uma Garagem dos Cachos da região. Neste entrevista maravilhosa que Saulo me concedeu, ele compartilha com as leitoras do Cachos e Fatos toda essa sua trajetória mágica que mistura cachos, textos e música lírica com sua alma cigana.

Sabrinah Giampá – Quando você me procurou no facebook, fiquei perplexa com tantas coincidências em nossas trajetórias profissionais. Gostaria de saber como o jornalista Saulo Galtri também se tornou cabeleireiro especializado em cabelos cacheados e crespos.

Saulo Galtri – Em meados de 2009, eu conheci a rotina Curly Girl (low poo e no poo) e a linha Deva através da minha amiga Ana Júlia, e logo em seguida nós fizemos um blog, o Clube dos Cachos, com a colaboração da Noemi Jacques, do Decifrando o Rótulo, e a Eliana Oliva. Desde então, não parei mais de buscar conhecimentos sobre cabelos cacheados e crespos, e fui atrás de capacitação para corte e coloração na minha cidade. Em pouco tempo eram muitas amigas e amigas de amigas indo até minha casa cuidar dos cachos.

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Assim como eu, Saulo Galtri é um jornalista que virou cabeleireiro especializado em cabelos crespos, cacheados e ondulados. Sua missão é ajudar as mulheres a se livrarem do padrão eurocêntrico imposto pela mídia.

“Não abandonei o jornalismo não. O fato de ser comunicólogo me impulsionou, e muito, para pesquisar a respeito dessa rotina específica para cabelos cacheados, e hoje, mais do que estética, me sinto com o dever de libertar muitas meninas desse conceito de beleza eurocêntrico -branquinha do cabelo liso – que as brasileiras são submetidas por meio da mídia no Brasil.”

Sabrinah Giampá – E você conseguiu conciliar a faculdade de jornalismo com a profissão de cabeleireiro e o blog?

Saulo Galtri – Como o blog surgiu durante a minha faculdade, e eu já estava sentindo a pressão da conclusão de curso, não pude seguir adiante com o Clube dos Cachos, e tive que focar nos estudos em comunicação. Em 2012, me formei em jornalismo, e logo no ano seguinte, estava trabalhando na minha área, mas sempre mantendo o meu atendimento como cabeleireiro em casa.

Sabrinah Giampá – Você é natural do Maranhão, já morou no Rio de Janeiro e atualmente mora na Irlanda. Como você foi parar aí?

Saulo Galtri – Tudo começou a partir de um sonho de morar fora e estudar inglês, que eu já tinha há muito tempo, e depois de iniciar minha carreira no jornalismo, pude perceber quanta falta faria não ter uma segunda língua. Em 2013, eu me planejei, pedi demissão do meu trabalho em uma assessoria de comunicação, coloquei a mochila nas costas e parti para a Irlanda.

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Assim que concluiu a faculdade de jornalismo, Saulo Galtri partiu para Irlanda, para estudar inglês e dar continuidade a uma missão que começou no Brasil.

“Como o blog surgiu durante a minha faculdade, e eu já estava sentindo a pressão da conclusão de curso, não pude seguir adiante com o Clube dos Cachos, e tive que focar nos estudos em comunicação. Em 2012, me formei em jornalismo, e logo no ano seguinte, estava trabalhando na minha área, mas sempre mantendo o meu atendimento como cabeleireiro em casa.”

Sabrinah Giampá – E por que a Irlanda?

Saulo Galtri – Escolhi a Irlanda porque sempre desejei morar aqui na Europa e estar perto de outros países. Daqui pra Londres ou Paris não gasto nem duas horas de avião, e isso sempre facilita quando quero fazer uma viagem rápida. Outro ponto que favoreceu minha escolha foi a cultura local: os castelos e a diversidade num espaço tão pequeno, sempre me fascinou. Só pra te dar uma ideia, eu encontro diferenças de sotaques até quando eu vou de um bairro a outro, e isso é muito engraçado. (risos).

Sabrinah Giampá – E existem crespas e cacheadas na Irlanda?

Saulo Galtri – Existem crespas e cacheadas aos montes aqui. Desde as ruivas cacheadas às negras irlandesas mesmo, ou vindas da África. A diferença é que elas não cuidam dos cabelos com rotinas adequadas, como se vê no ciclo americano, se tratando das naturalistas de lá. Tanto,que é difícil ver uma menina negra usando cabelo natural (a maioria usa lace wig ou o simples aplique). Entretanto, existem as meninas que exibem um cabelão natural, são loucas por volume e pouco se importam com o frizz. Essas carregam uma liberdade bem bacana de se ver, mas, infelizmente, elas ainda são minoria.

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Saulo Galtri e uma cliente na sua ‘Garagem dos Cachos‘, a The Curly Look

“Existem crespas e cacheadas aos montes aqui. Desde as ruivas cacheadas às negras irlandesas mesmo, ou vindas da África. A diferença é que elas não cuidam dos cabelos com rotinas adequadas, como se vê no ciclo americano, se tratando das naturalistas de lá. Tanto,que é difícil ver uma menina negra usando cabelo natural (a maioria usa lace wig ou o simples aplique). Entretanto, existem as meninas que exibem um cabelão natural, são loucas por volume e pouco se importam com o frizz. Essas carregam uma liberdade bem bacana de se ver, mas, infelizmente, elas ainda são minoria.”

Sabrinah Giampá – Você me contou que quando decidiu fazer esta mudança, não havia nenhum emprego te esperando lá fora. Estava disposto a abrir mão do jornalismo, ou assim como eu, conseguiu conciliar as duas profissões?

Saulo Galtri – Eu sabia que nesse percurso eu iria ser desafiado, e que eu talvez não trabalharia como jornalista pelo fator idioma. Por outro lado, me surgiu a oportunidade de trabalhar com cabelo, e aqui estou eu com o The Curly Look, há pelo menos 9 meses.

Sabrinah Giampá – Então você abandonou o jornalismo?

Saulo Galtri – Não abandonei o jornalismo não. O fato de ser comunicólogo me impulsionou. e muito, para pesquisar a respeito dessa rotina específica para cabelos cacheados, e hoje, mas do que estética, me sinto com o dever de libertar muitas meninas desse conceito de beleza eurocêntrico -branquinha do cabelo liso – que as brasileiras são submetidas por meio da mídia no Brasil.

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Um dos antes e depois do The Curly Look, que Saulo publica na sua fanpage

“Isso mesmo! O The Curly Look é um espaço que eu tenho em casa (assim como você, risos) pra atender crespas e cacheadas que procuram por um serviço específico para esse tipo de cabelo. Eu, atualmente uso produtos Deva e Curls como opções de tratamento, e ofereço algumas terapias naturais com óleos e frutas por exemplo, além de instruir e recuperar a autoestima dessas meninas, que receberam a vida toda, referências negativas a respeito do cabelo.”

Sabrinah Giampá – E o que é o The Curly Look? É a sua ‘Garagem dos Cachos’ na Irlanda, por assim dizer?

Saulo Galtri – Isso mesmo! O The Curly Look é um espaço que eu tenho em casa (assim como você, risos) pra atender crespas e cacheadas que procuram por um serviço específico para esse tipo de cabelo. Eu, atualmente uso produtos Deva e Curls como opções de tratamento, e ofereço algumas terapias naturais com óleos e frutas por exemplo, além de instruir e recuperar a autoestima dessas meninas, que receberam a vida toda, referências negativas a respeito do cabelo. Em linhas gerais, hoje eu tenho uma clientela composta por amigas, então a minha maior propaganda é o meu próprio ciclo social. Tenho a fanpage no facebook , onde atualizo com alguns dos meus principais trabalhos, e onde recebo dúvidas para esclarecer e realizo boa parte dos meus agendamentos.

Sabrinah Giampá – Como surgiu o The Curly Look, em que lugar ele fica aí na Irlanda?

Saulo Galtri – Hoje estou há um ano e meio aqui na ‘Ilha Esmeralda’, e atendo há pelo menos 10 meses. O The Curly Look surgiu mesmo por pressão de amigas crespas, e desde então, não parou mais. Hoje a marca está em processo de registro, o que ajuda ainda mais a solidificar o trabalho e expandir a atividade no futuro. Brevemente eu estarei participando de um festival vegano onde irei exibir algumas alternativas de cuidados naturais com o cabelo.

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“Hoje estou há um ano e meio aqui na ‘Ilha Esmeralda’, e atendo há pelo menos 10 meses. O The Curly Look surgiu mesmo por pressão de amigas crespas, e desde então, não parou mais. Hoje a marca está em processo de registro, o que ajuda ainda mais a solidificar o trabalho e expandir a atividade no futuro. Brevemente eu estarei participando de um festival vegano onde irei exibir algumas alternativas de cuidados naturais com o cabelo.”

 

 

Sabrinah Giampá – Você me disse que também já foi progressivado. Chegou a enfrentar preconceito em relação ao cabelo cacheado?

Saulo Galtri- Fui progressivado sim, e foi uma experiência terrível. Há cinco anos atrás ,não se ouvia falar em tratamento pra cabelo cacheado que não fosse relaxamento ou alisamento. As pessoas não são educadas pra lidar com o cabelo e as diferenças, e por isso surge o preconceito, principalmente no ciclo social.

Sabrinah Giampá – Existe preconceito em relação aos cabelos crespos também na Irlanda?

Saulo Galtri – Eu acredito que o preconceito está em todo lugar. Sempre haverá aqueles que irão desaprovar o seu cabelo, como se você pedisse alguma aprovação pra isso. Acredito que a diferença está é como nós, que somos alvos do preconceito, nos portamos. Na Irlanda, existe preconceito numa esfera bem parecida com a americana, no que diz respeito a brancos e negros. As coisas podem ser seccionadas em áreas para negros ou brancos, mas isso não é nem de perto, tão severo como nos Estados Unidos, por exemplo.

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Saulo Galtri também enfrentou anos de químicas alisantes até assumir seus cachos naturais.

“Fui progressivado sim, e foi uma experiência terrível. Há cinco anos atrás ,não se ouvia falar em tratamento pra cabelo cacheado que não fosse relaxamento ou alisamento. As pessoas não são educadas pra lidar com o cabelo e as diferenças, e por isso surge o preconceito, principalmente no ciclo social.”

Sabrinah Giampá – Como enxerga este tipo de preconceito no Brasil?

Saulo Galtri – No Brasil, eu consigo enxergar o preconceito bem mais claro e disfarçado de opinião. O marido de uma amiga minha, que é naturalmente ondulada – e faz uso de alisamentos – teceu comentários não muito agradáveis ao ver o cabelo da esposa, branca e de olhos claros, receber o tratamento para esculpir cachos. De alguma maneira, crespo e cacheado, pra ele que é vindo de Salvador, um dos Estados com maiores índices de população negra, deve significar pobreza, subdesenvolvimento e sujeira. Mas eu não tomo essas coisas como pessoal, eu relevo. Eu gasto muito tempo na minha construção pessoal e sinto um pouco de dó de pessoas que pensam dessa maneira.

Sabrinah Giampá – Como sua família o educou em relação a isto da infância até a adolescência?

Saulo Galtri – Na minha família, a maior parte é negra, mas só uma prima, de 26 anos, está aceitando o cabelo natural atualmente. O Maranhão tem uma população negra enorme, mas apenas uma pequena parcela se identifica como tal. Meu cabelo é parte de quem eu sou hoje, e sem dúvida, ele comunica ao mundo muito de minhas crenças. Eu sei que há pessoas que nunca alcançarão esse grau de compreensão pessoal.

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As mudanças capilares de Saulo: Dos relaxamentos até o cabelo natural

“Eu acredito que o preconceito está em todo lugar. Sempre haverá aqueles que irão desaprovar o seu cabelo, como se você pedisse alguma aprovação pra isso. Acredito que a diferença está é como nós, que somos alvos do preconceito, nos portamos. Na Irlanda, existe preconceito numa esfera bem parecida com a americana, no que diz respeito a brancos e negros. As coisas podem ser seccionadas em áreas para negros ou brancos, mas isso não é nem de perto, tão severo como nos Estados Unidos, por exemplo.”

Sabrinah Giampá – Você também passou pelo big chop?

Saulo Galtri – Passei por todo um processo de transição e big chop também. Foi terrível, pois eu não tive, nesta época, a quantidade de informação que se tem hoje, e nem sequer conhecia estes termos. Só sei que passar por isso tudo me ajudou muito a entender o processo pelo qual muitas meninas passam.

Sabrinah Giampá – Como foi assumir o seu cabelo natural?

Saulo Galtri – Depois do corte as coisas ficaram muito mais fáceis. Iniciei as terapias naturais lendo blogs internacionais. Em 2012, eu deixei o cabelo curto de novo por um tempo, mas como você pode ver, já voltei pros cachos novamente. (risos)

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“No Brasil, eu consigo enxergar o preconceito bem mais claro e disfarçado de opinião. O marido de uma amiga minha, que é naturalmente ondulada – e faz uso de alisamentos – teceu comentários não muito agradáveis ao ver o cabelo da esposa, branca e de olhos claros, receber o tratamento para esculpir cachos. De alguma maneira, crespo e cacheado, pra ele que é vindo de Salvador, um dos Estados com maiores índices de população negra, deve significar pobreza, subdesenvolvimento e sujeira. Mas eu não tomo essas coisas como pessoal, eu relevo. Eu gasto muito tempo na minha construção pessoal e sinto um pouco de dó de pessoas que pensam dessa maneira.”

Sabrinah Giampá – Quais são os seus produtos favoritos atualmente?

Saulo Galtri – No Poo,One Condition, Mousse e mascara Heaven in Hair, da Deva Curl; Tresemme Natural Conditioner; Shockwaves gel ,da Wella; Curls Hairtea – Deep Conditioner.
Sabrinah Giampá – Como voce cuida dos seus cachos atualmente?

Saulo Galtri – Amo umectação e a técnica LOC, que uso frequentemente. Meus óleos preferidos são de amêndoas, coco e rícino. Além disso, uso mel puro de uma fazendinha no interior da Irlanda, próximo ao Boyne Valley. O lugar é lindo e o mel de lá é o melhor.

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Um dos trabalhos do especialista de cachos, Saulo Galtri

 

“Na minha família, a maior parte é negra, mas só uma prima, de 26 anos, está aceitando o cabelo natural atualmente. O Maranhão tem uma população negra enorme, mas apenas uma pequena parcela se identifica como tal. Meu cabelo é parte de quem eu sou hoje, e sem dúvida, ele comunica ao mundo muito de minhas crenças. Eu sei que há pessoas que nunca alcançarão esse grau de compreensão pessoal.”

 

Sabrinah Giampá – Você segue as rotinas low poo, no poo? O que acha delas?Recomenda para as suas clientes?

Saulo Galtri – Sigo a rotina No Poo, e frequentemente recomendo a mesma para as minhas clientes ,exceto quando se trata de alguém que tenha oleosidade extrema ou que precise lavar o cabelo com xampu de baixo sulfato por conta de atividade física, por exemplo. Atualmente não tenho uma sequer que siga o Low poo, engraçado né?

Sabrinah Giampá – Tem alguma curiosidade para contar sobre os cachos aí na Irlanda?

Saulo Galtri – A água aqui na Irlanda tem uma quantidade de calcário considerável e, os frequentes banhos quentes por conta do frio daqui acabam por danificar o cabelo. Eu segui uma dica de uma cacheada de Nova Iorque, a Analys Hobal, e introduzi o óleo de coco duas vezes na semana e no co-wash. Desde então, meu cabelo nunca mais soube o que é um bad hair Day.

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“Passei por todo um processo de transição e big chop também. Foi terrível, pois eu não tive, nesta época, a quantidade de informação que se tem hoje, e nem sequer conhecia estes termos. Só sei que passar por isso tudo me ajudou muito a entender o processo pelo qual muitas meninas passam.”

 

Sabrinah Giampá – Existem cacheadas e crespas na Irlanda?

Saulto Galtri – Existem muitas cacheadas e crespas por aqui, sim! Inclusive esse é o nome da comunidade que a Natália Cassilo criou este ano ,e já conta com mais de 200 membros. Em setembro ,eu e ela vamos realizar o Encrespa Geral Dublin, e a intenção é resgatar a autoestima e dividir experiências.

Sabrinah Giampá – Qual o perfil das suas clientes?

Saulo Galtri – Boa parte das minhas clientes hoje tem química, e uma delas sofreu um corte químico recentemente, fato esse que me impulsionou a organizar o evento. É preciso alertar e conscientizar as cacheadas em relação ao perigo de se usar inadequadamente essas substâncias.

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Saulo Galtri, na ‘Ilha da Esmeralda’, aonde vive atualmente. Ele conta que chamam a Irlanda assim porque tem muito verde.

“A água aqui na Irlanda tem uma quantidade de calcário considerável e, os frequentes banhos quentes por conta do frio daqui acabam por danificar o cabelo. Eu segui uma dica de uma cacheada de Nova Iorque, a Analys Hobal, e introduzi o óleo de coco duas vezes na semana e no co-wash. Desde então, meu cabelo nunca mais soube o que é um bad hair Day.”

Sabrinah Giampá – Você trabalha com relaxamentos e outros tipos de alisantes?

Saulo Galtri – Não trabalho com nenhum tipo de química e não tenho planos de fazê-lo. (risos). Minha experiência pessoal foi traumatizante o suficiente pra não recomendar isso a ninguém.

Sabrinah Giampá – Por que foi traumatizante?
Saulo Galtri – Química tira toda a nossa liberdade, e você acaba por ganhar uma caricatura de uma textura que nunca vai te pertencer, e aí se inicia aquele ciclo vicioso ,e pra mim não tem coisa mais chata que isso. Eu me lembro que, quando eu tinha relaxamento, a cada sessão eu tinha uma textura nova. Mas hoje eu não reclamo, pois essa experiência me fez chegar aonde estou hoje: apoiando meninas que querem se livrar da química e viver em paz consigo mesmas. Para isso, dia 13 de setembro, aqui em Dublin, eu a Natália Cassilo vamos dar o pontapé inicial nas atividades do Encrespa Geral Irlanda, para fazer um resgate da identidade e de práticas que valorizem o cabelo crespo, cacheado e afro em essência.

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“Química tira toda a nossa liberdade, e você acaba por ganhar uma caricatura de uma textura que nunca vai te pertencer, e aí se inicia aquele ciclo vicioso ,e pra mim não tem coisa mais chata que isso. Eu me lembro que, quando eu tinha relaxamento, a cada sessão eu tinha uma textura nova. Mas hoje eu não reclamo, pois essa experiência me fez chegar aonde estou hoje: apoiando meninas que querem se livrar da química e viver em paz consigo mesmas. Para isso, dia 13 de setembro, aqui em Dublin, eu a Natália Cassilo vamos dar o pontapé inicial nas atividades do Encrespa Geral Irlanda, para fazer um resgate da identidade e de práticas que valorizem o cabelo crespo, cacheado e afro em essência.”

Sabrinah Giampá – Saulo Galtri é contra as químicas que mudam a estrutura do fio?

Saulo Galtri – Hoje eu não me oponho a química desde que quem é adepto tenha pelo menos essas questões étnicas resolvidas. Em muitos casos, o que se enxerga é uma caricatura de um cabelo que alguém nunca terá sem se submeter a química. Porém, ainda é uma escolha pessoal e a responsabilidade é de quem se submete.

Sabrinah Giampá – Já descobriu sua missão de vida?
Saulo Galtri – Minha missão de vida hoje é viver um dia de cada vez. Morar fora por quase esses dois anos tem sido muito sabático e engrandecedor. Pra muita gente, pode se tratar apenas de cabelo, mas pra mim é um encontro consigo mesmo, capaz de criar uma imagem única, reflexo de uma identidade. Cultivar isso nas pessoas é maravilhoso.

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Sabrinah Giampá – Quando pretende voltar ao Brasil?

Saulo Galtri- Sobre voltar ,não tenho uma previsão. Tenho vários desafios por aqui ainda, e o engrandecimento pessoal é um dos combustíveis que motivou a estar na Irlanda hoje. Estou no meu segundo ano estudando inglês, e não pretendo parar, pois a intenção buscar a qualificação para o Cambridge, que é um título que te garante o direito de cursar ensino superior e ou lecionar inglês ao redor do mundo. Como o meu visto me permite ficar por pelo menos sete anos, estou aproveitando. Além de jornalista e especialista em cachos, também tenho uma formação não concluída em canto lírico e que está dando os primeiros passos aqui. Hoje sou membro do Coro do Condado de Dublin, lugar onde eu moro, e em outubro debutarei cantando o Requiem de Fauré em solo irlandês. Can’t wait.

Sabrinah Giampá – E como fica o jornalismo por aí? Já pensou em exercer a função na Irlanda? Ou até mesmo retomar o blog?

Saulo Galtri – Como jornalista talvez, em assessoria de comunicação (aqui). Não pretendo retomar o blog novamente mas sim, ter um canal de vídeos com uma intensa produção no futuro, mas tenho que amadurecer a ideia e conseguir parceiros, porque eu trabalho melhor em conjunto do que sozinho. Tenho uma mente hiperativa que quer fazer tudo ao mesmo tempo, e se não tenho disciplina, não passo do primeiro passo. Mas acredito que a vida nos ajuda através dos próprios erros a se domar e crescer até perder de vista. O importante é fazer muito bem ao próximo. É pelo menos no que eu acredito e sigo!

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