“Olá, meu nome é Melina, tenho 31 anos, moro em São Paulo. Tive o meu cabelo alisado desde os cinco anos de idade, sempre com produtos muito fortes. Lembro que minha mãe me levava para alisar em um salão onde todos os produtos eram fabricados pelo dono, desde o xampu e condicionador até o alisante em si. Tenho uma recordação muito viva do cheiro forte, e de ter que ficar dentro daquele secador capacete durante uma hora, com bobs pra secar.

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Depois de um tempo, minha mãe até tentou me livrar do alisamento e manter meu cabelo natural, mas o preconceito que sofri foi muito grande. Me chamavam de medusa, favelada, ninho de rato, entre outros termos depreciativos.

Como eu e minha mãe não fazíamos ideia de como cuidar do meu crespo natural, ele não ficava bonito, e por isso, acabei migrando para o relaxamento, com o intuito de ‘soltar os cachos’. Mas como era aplicado com o pente bem fino, na realidade não apenas soltava, como também alisava pra valer. E pra manter ainda mais liso, usava o ferro de passar roupa, pois chapinha era tida como ‘coisa de rico’.

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Melina em sua versão alisada

Com o advento da progressiva, comecei a usá-la também por cima do relaxamento. E assim foi até maio de 2014. O engraçado é que me olhava no espelho e sempre notava que havia algo errado. Eu amava cabelo afro, mas não conseguia amar o meu próprio cabelo natural.

Um dia, conversando com a minha avó, de 96 anos, me queixei sobre o meu corpo, e ela me falou com toda a simplicidade e sabedoria na varanda de sua casa: – ‘Fia’, você é linda como você é, como deus te fez. Se quiser emagrecer, emagreça pela saúde; se quiser reencontrar suas raízes, deixa seu cabelo florescer como ele é, você é uma rainha!

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Melina seguiu os conselhos da avó e assumiu seu cabelo natural após anos de alisamentos fortes

E isso ficou marcado no meu coração. Então eu decidi colocar em prática os sábios conselhos da minha avó, e decidi descobrir minhas origens, e a partir daí, me redescobrir assumindo meu cabelo natural, e foi por isso que entrei em transição. Confesso que foi um período difícil, de muito preconceito, mas com o apoio da família, marido e amigos, consegui ir até o fim. Aguentei por três meses, e fiz um pré corte. Depois de 1 mês optei pelo BC total.

O dia 19 de setembro de 2014 marcou meu renascimento, minha liberdade. O cabelo mais curto mexeu muito com minha autoestima no início, mas não me arrependi nenhum instante. Hoje posso dizer que sou feliz demais com meu cabelo. Sei do que ele gosta, e acho meus cachos perfeitos mesmo nos dias mais ‘trabalhosos’. Amo minha raiz negra e me orgulho da minha raça batalhadora. Posso dizer que sou crespa com orgulho. Me olho no espelho e acho meu cabelo crespo lindo, e isso faz com que eu me ame a cada dia mais.

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Melina aprendeu a valorizar suas origens, e com isso, resgatou sua autoestima

Espero que minha história alcance muitas pessoas, e possa também ajuda-las, como minha avó me ajudou.”
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Juliana participou da Promoção Meu cabelo, minha história, que teve início no dia 19/07 e encerrou no dia 22/08. Leia aqui a história vencedora. Embora a promoção tenha acabado, a seção Meu Cabelo, minha história continua. Quer ver sua história publicada aqui? Envie para cachosefatosoficial@gmail.com com quatro ou mais fotos anexadas. Quer ler outras histórias de superação? Clique aqui!

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