Com o intuito de divulgar o meu trabalho no blog, além de trocar experiências, principalmente, sobre o cabelo cacheado e crespo, comecei a participar de grupos no facebook que partilhavam deste mesmo objetivo, e o Encrespando foi um deles.

Em um dos meus compartilhamentos de textos no grupo, recebi no dia seguinte uma notificação do facebook e fui averiguar. Nos comentários do post, havia um de uma leitora com dúvidas e outro da moderadora do grupo, Juliana Ferreira, obviamente, colocando ordem no coreto.

Ela disse algo do gênero: “Estou de saco cheio dessa menina! (Se referia a mim). Ela chega aqui, divulga o blog dela e na hora de esclarecer duvidas, simplesmente, desaparece!” Confesso que fiquei estarrecida. Desesperada também, porque jamais deixaria uma leitora sem resposta, mas como explicar que meu facebook só havia me dado essa notificação no dia seguinte? Independente disso, fiz o que achei que deveria ser feito, que foi pedir desculpas pelo ocorrido.

Durante a troca de mensagens, comecei a reparar na foto da Juliana, afinal, acho muito ruim não saber o rosto da pessoa com quem se conversa, mesmo que seja via internet. Se atentando a isso, descobri cachos bem definidos e um cabelo curto absurdamente estiloso, bem condizente com a personalidade forte dela, então eu pensei, por que não entrevista-la para o blog? Será que ela toparia? E cá estamos aqui!

Em nossa pré conversa, antes da entrevista, já pude perceber que esta linda advogada mineira (ela é de Belo Horizonte), de 25 anos, tinha uma bela historia de superação para compartilhar. Minha intuição, mais uma vez, não me deixou na mão. E é essa historia que você confere aqui hoje:

Sabrinah Giampá- Você me contou que passou pelo ‘Big Chop’ há apenas dez meses. Como foi a sua transição

Juliana Ferreira – Minha transição foi um pouco diferente da maioria das meninas. Eu nunca havia ouvido falar em transição capilar. Em outubro de 2012, fiz minha última escova definitiva, e o programado seria retocar em dezembro. Chegando dezembro, resolvi esperar mais um pouco, até o carnaval, quando decidi que não faria mais nenhum tipo de alisamento.


“A partir de fevereiro de 2013, com quatro meses sem química, começou a ficar complicado arrumar o cabelo. Antes, eu somente lavava e esperava secar. Então comecei a fazer chapinha na parte crescida, dia sim, dia não, e como meu cabelo é bastante oleoso, não estragou. Mas não indico isso, porque a chapinha estraga mesmo o cabelo.”  




Sabrinah Giampá- Geralmente é uma fase bem difícil, não? 


Juliana Ferreira – A partir de fevereiro de 2013, com quatro meses sem química, começou a ficar complicado arrumar o cabelo. Antes, eu somente lavava e esperava secar. Então comecei a fazer chapinha na parte crescida, dia sim, dia não, e como meu cabelo é bastante oleoso, não estragou. Mas não indico isso, porque a chapinha estraga mesmo o cabelo.

Sabrinah Giampá- E você teve alguma inspiração, algum ‘insight’ que a tenha feito não desistir desse processo que, na maioria das vezes costuma ser tão penoso? 

Juliana Ferreira – Em junho deste ano, pesquisando no youtube, assisti o vídeo “Transição – História do meu Cabelo”, da Priscila Silva (fofurinha demais essa menina!), que foi um ‘start’ para mim e pensei: – Poxa, se ela conseguiu, eu também consigo!!! Depois disso, descobri diversos grupos no facebook sobre cabelos cacheados e meninas em transição, foi quando me dei conta que eu mesma estava em transição! Rsrsrs… Nisso eu já tinha oito meses sem química e não tinha feito sequer um corte! Então resolvi ir ao salão e cortar no meio das costas.

“Pesquisando no youtube, assisti o vídeo “Transição – História do meu Cabelo”, da Priscila Silva, e pensei: – Poxa, se ela conseguiu, eu também consigo!!! Depois disso, descobri diversos grupos sobre cabelos cacheados e meninas em transição, foi quando me dei conta que eu mesma estava em transição!  Nisso eu já tinha oito meses sem química e não tinha feito sequer um corte! Então resolvi ir ao salão e cortar no meio das costas.” 


Sabrinah Giampá- Decisão corajosa. Como foi esse corte? 


Juliana Ferreira – Minha cabeleireira fez um corte repicado em camadas, pra ajudar a minimizar o volume da raiz, mas ainda continuei fazendo escova até o fim de junho. Nesta época, minha mãe ficou mais apreensiva do que eu, falava que eu não ia me acostumar com o cabelo natural etc e tal.

Sabrinah Giampá- Provavelmente ficou preocupada com o preconceito que poderia enfrentar… 

Juliana Ferreira – Então, quando completei nove meses, fui ao salão e cortei na altura dos ombros, mas eu  não aguentava mais as duas texturas e vivia de coques ou rabo de cavalo por causa do meu trabalho. Ouvia comentários do tipo: – que cabelo alto, hein Dra.?! – que já estavam me deixando desanimada. Depois de 15 dias desse corte, me lembro que foi num sábado, eu mesma cortei, numa tentativa de um chanel longo. (Não façam isso se não tiverem  habilidade suficiente, como foi no meu caso – rsrsrs). Ficou totalmente torto. Resolvi que na mesma semana cortaria no salão o restante das partes lisas. E assim foi, dia 28 de agosto fiz meu ‘Big Chop’ definitivo!

“Quando completei nove meses, fui ao salão e cortei na altura dos ombros, mas eu  não aguentava mais as duas texturas e vivia de coques ou rabo de cavalo por causa do meu trabalho. Ouvia comentários do tipo: – que cabelo alto, hein Dra.?! – que já estavam me deixando desanimada. Depois de 15 dias desse corte, eu mesma cortei, numa tentativa de um chanel longo.  Ficou totalmente torto. Resolvi que na mesma semana cortaria no salão o restante das partes lisas. E assim fiz meu ‘Big Chop’ definitivo! ” 


Sabrinah Giampá- Você contou que era adepta da escova definitiva, como começou essa sua trajetória com químicas alisantes? Por que decidiu voltar ao natural? 

Juliana Ferreira – Minha história com químicas começou aos 12 anos, quando minha mãe teve a ‘ideia’ de alisar meus cabelos. Ela achava meu cabelo MUITO grande, MUITO cheio e MUITO difícil de cuidar, além disso, trabalhava o dia todo, então ficava difícil me arrumar para ir ao colégio e outros lugares.

Sabrinah Giampá- Sempre as mães… não sei porque me identifico com a sua história… 

Juliana Ferreira – Comecei usando amônia, passei para guanidina, escova progressiva, escova definitiva, escova inteligente, dentre outras.

“Minha história com químicas começou aos 12 anos, quando minha mãe teve a ‘ideia’ de alisar meus cabelos. Ela achava meu cabelo MUITO grande, MUITO cheio e MUITO difícil de cuidar, além disso, trabalhava o dia todo, então ficava difícil me arrumar para ir ao colégio e outros lugares. Comecei usando amônia, passei para guanidina, escova progressiva, escova definitiva, escova inteligente, dentre outras.” 


Sabrinah Giampá- Com ‘tanta motivação’, por que decidiu voltar ao natural? 

Juliana Ferreira – Minha decisão de voltar ao natural não foi minha propriamente dita, foi do meu namorado (lindo! rsrsrs)

Sabrinah Giampá- Lindo mesmo!

Juliana Ferreira – Ele pediu para que eu parasse de alisar o cabelo, já que gostaria muito de ver meu cabelo natural, com cachos. Também se preocupava muito com minha saúde.  Isso me serviu de incentivo para começar a pensar em parar de alisar.


 “Minha decisão de voltar ao natural não foi minha propriamente dita, foi do meu namorado. Ele pediu para que eu parasse de alisar o cabelo, já que gostaria muito de ver meu cabelo natural, com cachos. Também se preocupava muito com minha saúde. Isso me serviu de incentivo para começar a pensar em parar de alisar.”




Sabrinah Giampá- Pelo pouco que conversamos, percebi que o preconceito também faz parte da sua história. Comente em que situações teve que lidar com isso. O preconceito ocorreu em que fase (antes, durante ou depois da transição)?

Juliana Ferreira – Eu sofro preconceito racial desde minha infância. Na escola, eu era sempre ‘a pretinha

Ju e suas ‘Bárbaras’, amigas independente da cor

de cabelo ruim’. Os meninos não queriam dançar quadrilha comigo e algumas meninas não falavam comigo por eu ser negra. Mesmo assim eu fui uma criança feliz, muito tranquila e amada. Eu não ligava para isso, era muito tímida, diferentemente de hoje. Então, às vezes, nem contava nada para minha mãe. Quando o tempo foi passando, comecei a ver que o preconceito realmente existia e continuava presente em minha vida. Vez ou outra, alguma menina comentava que não queria ser minha amiga, e era por racismo, então comecei a me chatear. Tive grandes amigas, que guardo no peito até hoje, que nunca se importaram com minha cor.  Para falar a verdade, acho que minha cor nunca foi relevante para elas. Mas em compensação, na faculdade, eu vi o preconceito aflorar quando uma menina que se dizia minha amiga, sempre ‘soltava’ a seguinte frase nas baladas: – se ele tiver que escolher, vai querer quem? Eu que sou loirinha, ou você?


“Eu sofro preconceito racial desde minha infância. Na escola, eu era sempre ‘a pretinha de cabelo ruim’. Os meninos não queriam dançar quadrilha comigo e algumas meninas não falavam comigo por eu ser negra. Na faculdade, eu vi o preconceito aflorar quando uma menina que se dizia minha amiga, sempre ‘soltava’ a seguinte frase nas baladas: – se ele tiver que escolher, vai querer quem? Eu que sou loirinha, ou você?” 


Sabrinah Giampá- Mas isso é horripilante… parece filme de terror!

Juliana Ferreira – Posso dizer que vivo o preconceito diariamente. Ele já virou parte da minha rotina. Antes da transição, eu sofri muito preconceito por ser a ‘negra de cabelo alisado’; durante a transição, por ser ‘a negra desleixada que não alisava o cabelo’; e agora por ser ‘a negra que só quer aparecer com esse cabelo ruim’.

Sabrinah Giampá- Imagino o que você passa e admiro muito a sua força e determinação. Você falou que durante a infância, não se importava tanto com os comentários maldosos, e que era uma criança feliz, apesar dos pesares. Mas nesta época, como era a sua relação com o seu cabelo? 

Juliana Ferreira – Eu odiavaaaaaaaaaaaa meu cabelo! Rsrsrs… Ai que vergonha que tenho de mim mesma ao lembrar disso! Eu queria um cabelo liso igual das minhas amiguinhas, igual das minhas bonecas… Eu falava que na próxima vida Deus poderia me fazer gordinha, mas não negra, olha que absurdo!




“Posso dizer que vivo o preconceito diariamente.  Ele já virou parte da minha rotina. Antes da transição, eu sofri muito preconceito por ser a ‘negra de cabelo alisado’; durante a transição, por ser ‘a negra desleixada que não alisava o cabelo’; e agora por ser ‘a negra que só quer aparecer com esse cabelo ruim’.” 






Sabrinah Giampá- Não se envergonhe, você não tem motivos para isso. Numa sociedade preconceituosa como a nossa, somos criadas para acreditar que somos inadequadas, ou temos alguma anomalia genética se não temos a cor da pele e o cabelo tido como padrão. Difícil passar por isso tudo ilesa.  O mais importante é que conseguiu superar e ter uma outra relação com o seu cabelo, não?


Juliana Ferreira – Hoje em dia eu amoooooo meu cabelo!!! Mais que tudo em mim. Se pedirem para eu escolher o que mais gosto em mim, diria que são meus cachos! Posso dizer que me aceito como Deus me fez, sou perfeita aos olhos dele, então não há motivos para não gostar de mim.

Sabrinah Giampá- E como foi esse processo de autoaceitação?

Juliana Ferreira – Eu resolvi me aceitar pelo simples fato de ter aprendido com todos os contratempos. A vida me ensinou que ser negra é lindo e ter um cabelo ‘sarará’ é sensacional. E por tudo que meus ancestrais sofreram, eu tenho mesmo é que ter orgulho de cada traço, de cada cacho e da cor da minha pele. Além disso, tem minha irmã, Camilinha, linda, de oito anos, que tem um cabelo maravilhosoooo, mega volumoso, mas que morre de vergonha dele.



“Eu odiavaaaaaaaaaaaa meu cabelo! Rsrsrs… Ai que vergonha que tenho de mim mesma ao lembrar disso! Eu queria um cabelo liso igual das minhas amiguinhas, igual das minhas bonecas… Eu falava que na próxima vida Deus poderia me fazer gordinha, mas não negra, olha que absurdo! ”






Sabrinah Giampá- Então podemos dizer que ajudando a ela foi uma forma de se ajudar também.  

Juliana Ferreira – Isso mesmo, eu resolvi me aceitar por ela também, para que ela tenha orgulho do cabelo dela, e quando uma coleguinha criticar, como já aconteceu, ela saiba responder que o cabelo dela não é ruim, que é lindo, que é bom demais, como ela já responde!

Camilinha, irmã da Juliana, aos oito anos e seu crespo imponente


Sabrinah Giampá- Então funcionou mesmo! Pelo facebook, você me falou que pretende ter filhos, e que isso também contribuiu para voltar ao natural. Como pretende educa-los em relação aos cabelos? A aceitação fará parte da educação que pretende dar pra eles? 

Juliana Ferreira – Então, isso é bem complicado, afinal de contas vivemos em uma sociedade naturalmente preconceituosa. Se você é menina e gosta de futebol, como é o meu caso, é ‘maria-homem’; se tem tatuagens, que também é o meu caso, é ‘revoltado’; e por aí vai. As pessoas gostam de rotular as outras pelo simples prazer de dizer que o diferente não é legal, ou que é errado. Quero que meus filhos aprendam desde cedo a aceitarem a si mesmos e respeitarem os outros.

“A vida me ensinou que ser negra é lindo e ter um cabelo ‘sarará’ é sensacional. Por tudo que meus ancestrais sofreram, eu tenho mesmo é que ter orgulho de cada traço, de cada cacho e da cor da minha pele. Além disso, tem minha irmã, Camilinha,que tem um cabelo maravilhosoooo, mas que morre de vergonha dele. ”



Sabrinah Giampá- Como foi a sua educação em relação a isto?

Juliana Ferreira – Minha educação em relação à aceitação foi completamente diferente, acho que por isso demorei tanto a ser EU! Acreditava que chamar alguém de negro era feio, era errado, que eu era morena e não negra. Mas hoje sei que isso não está certo. Chamar alguém negro de moreno não é elogio, e sim hipocrisia. Por isso quero dar uma educação leve, diferente aos meus filhos, tendo a palavra “diversidade” como principal fundamento para a educação deles.

O casal Juliana e Rodolfo, o grande incentivador do BC

Sabrinah Giampá- Você contou que seu namorado foi um grande incentivador no seu processo de aceitação e redescoberta do cabelo natural. Fale mais sobre isso.

Juliana Ferreira – Eu namoro há seis anos com o Rodolfo, que é o homem da minha vida. Como falei anteriormente, foi dele a ideia da transição. Em alguns momentos, sei que no fundo ele também tinha medo do resultado, e perdia a paciência quando eu falava que não queria sair porque meu cabelo estava feio, mas mesmo assim me apoiou nestes longos dez meses, e continua me apoiando agora pós BC (como é chamado o Big Chop na maioria das comunidades).

“ Vivemos em uma sociedade naturalmente preconceituosa. Se você é menina e gosta de futebol, é ‘maria-homem’; se tem tatuagens, é ‘revoltado’; e por aí vai. As pessoas gostam de rotular as outras pelo simples prazer de dizer que o diferente não é legal, ou que é errado. Quero que meus filhos aprendam desde cedo a aceitarem a si mesmos e respeitarem os outros.” 


Sabrinah Giampá- Sua mudança foi mais externa ou interna?


Juliana Ferreira – Minha mudança começou internamente, mudando rótulos, aceitando a diversidade, as pessoas, tendo orgulho da cultura negra. Isso começou no final da minha faculdade, em 2010, quando conheci os meus queridos amigos: Paulo, Eduardo e Felipe, três “pretinhos” que ‘se sentem’! Rsrsrs… Com eles eu aprendi a ter orgulho de ser negra, e que não somos melhores nem piores que ninguém por isso, somos iguais! Depois disso, começou a mudança externa, nas atitudes e no estilo. Então eu digo sempre que minha mudança começou na alma e depois subiu para a cabeça e virou um Black Power sensacional! Rsrsrs…

“Minha educação em relação à aceitação foi completamente diferente, acho que por isso demorei tanto a ser EU! Acreditava que chamar alguém de negro era feio, era errado, que eu era morena e não negra. Mas hoje sei que isso não está certo. Chamar alguém negro de moreno não é elogio, e sim hipocrisia. Por isso quero dar uma educação leve, diferente aos meus filhos, tendo a palavra “diversidade” como principal fundamento para a educação deles.” 


Sabrinah Giampá- Amei isso! E pelo visto a redescoberta do verdadeiro eu a estimulou a montar um grupo no facebook, certo?

Juliana Ferreira – A ideia do grupo surgiu ao participar de tantos outros que existem e que eu adoro. Mas eu pretendia ter um grupo menor, onde pudesse dar atenção que muitas meninas precisavam, sendo que a transição é difícil, e é super chato quando a gente posta algo em um grupo, uma dúvida, ou quando está desanimada e ninguém te responde. Assim surgiu o Encrespando, já que a palavra tem culturalmente dois significados. O primeiro vem de encrespar, que eu ouvia muito quando era criança, que remete a briga, encrespar com alguém  à  toa, ou seja, algo ruim. E o encrespar que significa mudar, voltar ao crespo aos poucos, encrespando de fato!

“Minha mudança começou internamente, mudando rótulos, aceitando a diversidade e tendo orgulho da cultura negra. Isso começou quando conheci os meus amigos: Paulo, Eduardo e Felipe, três ‘pretinhos’ que ‘se sentem’! Com eles eu aprendi a ter orgulho de ser negra. Depois começou a mudança externa, nas atitudes e no estilo. Então eu digo sempre que minha mudança começou na alma e depois subiu para a cabeça e virou um Black Power sensacional!” 


Sabrinah Giampá- Você me disse que pretende montar um blog. Sua história de superação e o grupo no facebook que estão te direcionando neste caminho?

Juliana Ferreira – Sim, eu tenho a ideia de montar um blog direcionado para os conflitos com o cabelo, dilemas sociais e culturais, contando a dor e a alegria de se assumir.

Sabrinah Giampá- Com a participação efetiva em vários grupos e com o Encrespando para administrar, acredito que conheça as rotinas low poo e no poo, é adepta de uma delas? Que produtos usa?

Juliana Ferreira – Eu faço low poo e adoro! Descobri e aprendi o que era há  uns dois meses, no grupo No/low poo – iniciantes. Atualmente, tenho usado shampoo e condicionador da bioextratos (a linha pós progressiva), shampoo cheirinho prolongado da johnson’s baby e condicionador também da johnson´s para cabelos cacheados. Para pentear, eu não abro mão do yamasterol amarelo, que uso desde criança.






Os queridinhos da Juliana:



Sabrinah Giampá- Vi nas fotos que seus cachos são perfeitos, parecem feitos com babyliss, como você estiliza seu cabelo?

Juliana Ferreira – Bom, eu lavo meus cabelos, passo um pouco de gel (uso o gel radical), um pouco de óleo de coco, e depois separo em quatro partes e passo yamasterol. Não faço fitagem porque acho que diminui ainda mais o volume. Depois eu seco com difusor a parte de trás e separo a parte da frente, já que no meu BC eu deixei na frente uns três dedos de cabelo com alisamento ainda pra compor o corte. Então eu faço o dedoliss nesta parte.

Sabrinah Giampá- Explica como funciona essa técnica, particularmente, eu nunca havia ouvido falar…

Juliana Ferreira – A técnica consiste em enrolar os cabelos com os dedos em pequenas mechinhas e depois amassar. Por fim, passo o secador com difusor pra ajudar a definir, depois levanto ele com um pente garfo para ganhar mais volume, já que não tenho muito volume, tenho mais definição.


“A ideia do grupo surgiu ao participar de tantos outros que existem e que eu adoro. Mas eu pretendia ter um grupo menor, onde pudesse dar atenção que muitas meninas precisavam, sendo que a transição é difícil, e é super chato quando a gente posta algo em um grupo, uma dúvida, ou quando está desanimada e ninguém te responde. Assim surgiu o Encrespando.”




Sabrinah Giampá- Quanto tempo você leva pra fazer isso, parece trabalhoso, não?

Juliana Ferreira – Eu sou bem devagar! Rsrsrs… Acho que dá muito trabalho, não vou negar! Demoro cerca de 30 min, mas como não lavo o cabelo todos os dias, não acho muito tempo!

Sabrinah Giampá- Como aprendeu a cuidar do seu cabelo natural? (é evidente que cuida bem dele)

Juliana Ferreira – Aprendi tudo sozinha, vasculhando a internet, blogs, vlogs e no facebook. Sigo o cronograma direitinho, por mais cansada que eu esteja, sigo. Faço hidratação aos sábados e terças, nutrição às quintas e reconstrução uma vez por mês.


“Não desistam! Transição é péssimo, a gente se sente feia e acha que não vai acabar nunca. Mas hoje eu percebo que eu era o que a sociedade queria, e agora sou, simplesmente, EU! Meninas que estão em transição ainda: FORÇAAAA!  Um dia acaba, um dia vocês vão se cansar e vão cortar pra acelerar o processo, e neste momento, só restará amor em formato de cachos.”


Sabrinah Giampá- Qual o recado que você deixaria para outras meninas que tem uma história parecida com a sua, mas que não conseguem se aceitar devido ao preconceito?

Juliana Ferreira – Não desistam! Transição é péssimo, a gente se sente feia e acha que não vai acabar nunca. Mas hoje eu percebo que eu era o que a sociedade queria, e agora sou, simplesmente, EU! Meninas que estão em transição ainda: FORÇAAAA!  Um dia acaba, um dia vocês vão se cansar e vão cortar pra acelerar o processo, e neste momento, só restará amor em formato de cachos. Um beijo da Juh!

Mora em Belo Horizonte e quer um cabelo igual ao dela? Anote o contato dos salões que ela frequenta: 

Black and White(onde fez o BC)
Cabeleireira Gilca
Rua São Roque , 1499
Bairro Sagrada Família
 Belo Horizonte, MG
Telefone (31) 3466-1528


Vierra Cabeleireiros
Cabeleireira Alexsandra (onde faz penteados e tranças)
Av do Contorno 1722 – Floresta
Belo Horizonte, MG
Telefone (31) 3224-6677
  1. Juliana says:

    Me emocionei lendo cada frase… Realmente não foi fácil, mas sobrevivi! 😉 Obrigada Sabrina!!!! Bjus!

  2. Ju, sua hist´=oria ´=e forte e verdadeira, não tem como não se apaixonar. Espero que ela inspire muitas mulheres no caminho da autoaceitação. Te agradeço muito por compartilhar, não apenas comigo, mas com todos os leitores deste humilde bloguinho. Fiquei sua fã. bjks

  3. Amei o post, veio super em boa hora! Estou passando por essa transição e não tá sendo fácil, confesso que penso muito em desistir e até algumas pessoas reforçam para eu retocar minha progressiva (minha mãe principalmente rs)mas eu tenho em minha mente que preciso continuar nessa “luta” e sei que valerá a pena. Estou desde março sem mexer nele e até estava levando numa boa, mas de umas semanas pra cá tenho ficado MUITO pra baixo por causa do volume, principalmente porque meu cabelo não é cacheado e sim crespo, então percebe-se de longe a diferença entre as duas partes e eu acabo me sentindo feia. Acho que se torna mais difícil ainda por eu ter 17 anos e estar “naquela fase” de querer chamar atenção de todos e querendo mais do que tudo me sentir bonita, mas eu sei que se eu não fizer isso agora eu vou me arrepender demais no futuro. O que me anima nessa fase complicada é que eu acabei convencendo minha melhor amiga a entrar nessa guerra também rsrs e agora ela está deixando a química de lado junto comigo!!
    Enfim, obrigada Sabrinah por fazer esse blog que eu adoro de paixão e obrigada Juliana por essa entrevista, você me animou demais e até estou participando do grupo :DDD

  4. Fico feliz, Marianne, que o post tenha atingido o objetivo dele, que ´=e dar forças para quem passa por uma transição e encorajamento, para quem pensa em se aceitar como ´=e de fato, mas ainda tem receio. Acredite, as MÃES são as piores vilãs nessas horas. Muitas delas, como a minha, não se aceitam at5´=e hoje. Se nos guiarmos pela opinião delas, seremos outras estagnadas. Me admiro que com 17 anos você já tenha essa força e coragem. Não veja o crespo como um defeito,porque ele não ´=e. Ele ´=E uma qualidade que faz de vc mais bonita, ele ´=e parte de você. leia também a entrevista que fiz com a Sandy SANTOS. bjkss

  5. Débora says:

    Muito legal a história da Juliana! Gostei ainda mais da indicação de salões! Tb sou de BH e é mt difícil achar por aqui um salão especializado. Tb estou em transição e cada história que leio é mais um incentivo! Sabrina, seu blog é show! Beijos!

  6. que historia linda! minha filha é negra, e quando ela chegou na minha vida, 8 meses atras, ela me perguntava se eu faria chapinha no cabelo dela(com 3 anos…), e eu digo pra ela que quando ela puder pagar, e cuidar, quando ela for graaaaaande kkk ela pode fazer o que quiser, mas que o cabelo dela é o mais lindo do mundo. então, quando ela chegou, o cabelo estava condenado, muito curto, duro(claro que eu sei que isso era consequencia da vida que ela tinha) mas, com muita paciencia, alguns cortes pra tirar aquilo que não tinha solução,e hidrataçoes semanais, nos conseguimos fazer os cachos lindos no cabelo dela. sempre dizia, quando falava sobre filhos, que se adotasse uma criança negra, queria um cebelão bem estiloso, mesmo se fosse um menino. kkkk parabéns pela entrevista, ela foi maravilhosa. quero que minha filha cresça livre de qualquer preconceito, e se amando muito, porque ela vai precisar disso pra quando ela passar por alguma situação vexatoria. ela tem que ter muito orgulho de ser negra, de ser quem ela é. eu tenho muito orgulho dela, e acho ela a criança mais linda do mundo

  7. Niandra, fico feliz que sua filha tenha uma mãe como você. Se todas as crianças tivessem uma mãe com a sua cabeça, a maioria dos traumas de infância não existiriam. bjks

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