Cacauicultor em Itarana-ES, aonde mora, Gildson Fiorotti, de 19 anos, tem duas paixões: silvicultura e cabelos, em que pretende um dia se especializar.
Ostentar cachos bonitos e lustrosos é uma conquista recente da qual se orgulha muito, ainda mais quando pode encher a boca pra contar que não gasta muito e nem perde horas do seu precioso tempo para isso.
Com o tempo que sobra, ele prefere ajudar outras pessoas a deixarem seus cabelos bonitos como o dele, através do Grupo do facebook, No/Low Poo, com mais de 50 mil inscritos, onde é um dos moderadores.
Segundo ele, a técnica No Poo, que aprendeu depois de ler muito pela internet, resgatou seu amor pelos cachos naturais e deixou para trás o fantasma do ‘vai pentear esse cabelo’, que o perseguia desde a infância.
São pequenas mudanças na rotina que fazem a toda diferença nos cabelos e na autoestima. Se você ainda não aprendeu nada sobre No/Low Poo, te convido a aprender aqui com o Gildson, nesta entrevista:
Sabrinah Giampá – Quando surgiu o grupo No/Low Poo ?
Gildson Fiorotti- O grupo surgiu em janeiro de 2013, com o objetivo de orientar outras pessoas que buscavam estas rotinas de cuidados, que sugerem eliminar agentes agressivos dos cabelos, e que estão presentes na maioria dos cosméticos, como sulfatos, silicones e derivados do petróleo. Estas substâncias mascaram o estado real do cabelo ao invés de tratá-lo.
Sabrinah Giampá – Besuntar os fios com produtos com estas substâncias então é uma forma de maquiá-los e não trata-los?
Gildson Fiorotti- As empresas dizem que os derivados do petróleo, como a parafina líquida, presentes na maioria dos cremes, servem para dar brilho e emoliência, mas isto é um grande erro. A parafina se acumula nos fios formando uma camada superficial, como uma maquiagem, o que cria uma barreira que impede que o cabelo seja hidratado de fato, ou seja, tenha uma melhor absorção de água. É uma falsa sensação de brilho, pois o cabelo fica lustroso, mas apenas superficialmente.
Hoje somos 50 mil membros e esperamos que o nosso grupo cresça a cada dia e ajuda a libertar cada vez mais pessoas dos falsos estereótipos criados pela mídia. Não somos pessoas que não lavam o cabelo, apenas não usamos os xampus convencionais, repletos de surfactantes pesados, que ainda danificam nossos cabelos. Esta é uma informação errônea, que infelizmente, ainda é reproduzida a respeito do movimento No/Low Poo.
Sabrinah Giampá- Como o grupo pode ajudar quem está iniciando na rotina?
Gildson Fiorotti- No ‘comando’ do grupo de estudos estão os moderadores, que são seis ao todo, e que eu faço parte. Nossa principal função é manter ordem para que as regras sigam firmes. Existem álbuns de produtos e técnicas para que todos os membros possam estudar e debater, e assim, futuros membros podem achar dicas, conselhos e soluções de uma forma simples e fácil. Também existem vários arquivos que podem ajudar em problemas de porosidade, ou até mesmo explicando mais sobre as técnicas, desmistificando mitos que as empresas, cabeleireiros e a mídia criaram para nos aprisionar em um ciclo infinito de consumo desenfreado. Toda e qualquer pessoa que estiver interessada em estudar e debater sobre as Técnicas No e Low Poo são benvindas ao grupo, sem distinção alguma de cor, gênero, sexualidade ou tipo de cabelo. Hoje somos 50 mil membros e esperamos que o nosso grupo cresça a cada dia e ajuda a libertar cada vez mais pessoas dos falsos estereótipos criados pela mídia. Não somos pessoas que não lavam o cabelo, apenas não usamos os xampus convencionais, repletos de surfactantes pesados, que ainda danificam nossos cabelos. Esta é uma informação errônea, que infelizmente, ainda é reproduzida a respeito do movimento No/Low Poo.
Sabrinah Giampá- No ou Low Poo? Qual das rotinas você segue?
Gildson Fiorotti – Eu sigo a rotina No Poo.
Sabrinah Giampá – Quando aderiu à técnica?
Gildson Fiorotti – Adotei o No Poo quando comecei a sentir a necessidade de tratar o cabelo de uma forma em que ele ficasse mais saúdável, ou seja, hidratado por mais tempo. Isso interferiu radicalmente na minha rotina de cuidados, mas os resultados foram excelentes.
Hoje, por exemplo, eu gasto menos tempo com os tratamentos, além de economizar dinheiro. Isto porque, ao estudar as técnicas, você se habitua a ler e entender as composições dos produtos, então você nunca será enganado por uma embalagem bonita ou pelo jogo de marketing que promete mil maravilhas que não constam no rótulo em letras miúdas.
Sabrinah Giampá- O que mudou no seu cabelo e no seu dia a dia?
Gildson Fiorotti – Hoje, por exemplo, eu gasto menos tempo com os tratamentos, além de economizar dinheiro. Isto porque, ao estudar as técnicas, você se habitua a ler e entender as composições dos produtos, então você nunca será enganado por uma embalagem bonita ou pelo jogo de marketing que promete mil maravilhas que não constam no rótulo em letras miúdas.
Sabrinah Giampá- Como podem ser definidas as duas rotinas atualmente? Lembro-me que no início, só entravam silicones solúveis na Low Poo, e agora também entram silicones insolúveis. Explique como funciona isso? O que está proibido e liberado nas duas?
Gildson Fiorotti – Surgem sempre várias dúvidas quanto ao processo de lavagem de cada rotina. Na Low Poo, as pessoas usam xampus sim, mas sem surfactantes agressivos, que não irão remover toda a hidratação natural do fio, o que agride menos, e causa menos danos a longo prazo. Ainda nesta rotina, todos os silicones são liberados, até porque os silicones insolúveis em água são removíveis pelo xampu sem lauryl(surfactante agressivo mais utilizado pela indústria cosmética). Na rotina No Poo utilizam-se condicionadores ou bálsamos limpantes (xampus com base de condicionador) para higienizar. Este método de limpeza também é chamado de Co-Wash, que nada mais é que lavar o cabelo com condicionador. Neste caso, os silicones insolúveis em água não devem ser utilizados, pois deixam resíduos e impedem a limpeza eficaz, que deve ser feita com massagem no couro cabeludo, enxaguando como num uso de xampu convencional. O que é terminantemente proibido em ambas as técnicas são os derivados de petróleo, que vão se depositando sobre os fios, gerando acúmulo de resíduos e impedindo que os mesmos sejam tratados com eficácia. Surfactantes agressivos então, nem pensar, pois removem toda a oleosidade natural dos fios, que atua como uma proteção natural. Seu uso contínuo pode acarretar também o ‘efeito rebote’, ou seja, ao remover continuamente toda a proteção natural do fio, o couro cabeludo compreende que precisa produzir mais sebo, e o resultado é um couro cabeludo oleoso e fios emplastados nos cabelos lisos e um couro cabeludo oleoso e comprimento e pontas ressecados em ondulados, cacheados e crespos. É um ciclo vicioso. Neste caso, quanto mais crespo o cabelo, mais prejudicado, pois a proteção natural é reduzida.
O que é terminantemente proibido em ambas as técnicas são os derivados de petróleo, que vão se depositando sobre os fios, gerando acúmulo de resíduos e impedindo que os mesmos sejam tratados com eficácia. Surfactantes agressivos então, nem pensar, pois removem toda a oleosidade natural dos fios, que atua como uma proteção natural. Seu uso contínuo pode acarretar também o ‘efeito rebote’, ou seja, ao remover continuamente toda a proteção natural do fio, o couro cabeludo compreende que precisa produzir mais sebo, e o resultado é um couro cabeludo oleoso e fios emplastados nos cabelos lisos e um couro cabeludo oleoso e comprimento e pontas ressecados em ondulados, cacheados e crespos. É um ciclo vicioso. Neste caso, quanto mais crespo o cabelo, mais prejudicado, pois a proteção natural é reduzida.
Sabrinah Giampá- Qual a melhor forma de escolher os produtos sem errar? Como escolher a melhor rotina para cada tipo de cabelo?
Gildson Fiorotti- A primeira coisa que deve ser avaliada é qual rotina seguir, pois cada uma delas têm limitações de usos de agentes de limpezas e silicones. A partir daí é que que devem ser escolhidos os produtos. Os melhores são aqueles que não possuem silicones ou possuem apenas silicones solúveis em água. Também procuro priorizar os que contenham óleos vegetais, extratos botânicos e agentes hidratantes. Qualquer pessoa com qualquer tipo de cabelo pode aderir a qualquer uma das duas rotinas. Mesmo pessoas com os cabelos super oleosos podem praticar o No Poo, e em alguns casos, ele inclusive ajuda a controlar a oleosidade causada por anos de usos de substâncias agressivas.
Sabrinah Giampá- Existe um período de adaptação para cada técnica?
Gildson Fiorotti- Cada técnica possui um período de adaptação capilar que pode chegar a três meses, e caso não haja uma adaptação para o No Poo, o indivíduo pode aderir ao Low Poo e passar a usar xampus sem surfactantes agressivos.
Sabrinah Giampá – É um mito afirmar que só existem produtos caros liberados para as rotinas, por que?
Gildson Fiorotti – Com certeza é um mito! Existem uma infinidade de produtos baratos e fáceis de serem encontrados em farmácias, supermercados e lojas de cosméticos, que são liberados para No e Low Poo. Produtos como Kanechon Kids (1 kg por R$7), Condicionadores Lorys (500ml por R$ 6) ou Johnsons (250 ml por R$9). Também existem máscaras que são baratas e com formulações fracas, mas que são perfeitas para servirem de creme-base para receitas caseiras naturais e super potentes.
Sabrinah Giampá – Que produtos usa, o que recomenda?
Gildson Fiorotti- Os produtos que mais uso são das marcas : Kanechon, Lorys, Johnsons, Lola Cosmetics, Tricofort, Gota Dourada, Niely Gold e Garnier. Todos são produtos que testei várias vezes e confio porque têm um ótimo custo/benefício, e resultados mais que satisfatórios.
Sabrinah Giampá – Conforme você já comentou, surfactantes agressivos, como o (SLS) – Sodium Laureth Sulfate – são prejudiciais aos cachos e todos os tipos de cabelo. No caso das cacheadas, onduladas e crespas, quais agentes de limpeza que você indicaria?
Gildson Fiorotti- O melhor agente de limpeza de todos é o que chamamos de anfótero betaínico (Cocoamidopropil Betaína) que é derivado do coco, e inclusive, pode ser adicionado (máximo de 10%) ao condicionador próprio para Co-Wash. Ele consegue remover quase todos os tipos de silicones de forma extremamente suave, ajudando a dar também aquela sensação de limpeza mais profunda. O Co-Wash também pode ser feito por quem pratica Low, porém, o mais recomendável, é usar o anfótero em todas as lavagens, para garantir que não haja possibilidade mínima de acúmulo de resíduos nos fios.
Em muitos salões do Espírito Santo (onde eu moro), sempre vejo pessoas serem destratadas por terem cabelos cacheados, inclusive por cabeleireiros famosos, o que é um grande desestímulo para nós. Quando comecei a cuidar do meu cabelo e eu vi aqueles cachos naturais e totalmente meus se formando, eu fiquei muito apaixonado. Não sabia que aqueles cachos estavam ali o tempo todo, apenas ofuscados pelo ressecamento, e a cada dia eu sou mais e mais apaixonado por eles.
Sabrinah Giampá- Você tem um cabelo cacheado lindo, sempre usou ele assim ou já foi adepto de químicas por não saber como trata-lo?
Gildson Fiorotti – Quando eu tinha uns 10 anos, sempre mantinha meu cabelo curto e nem sabia como ele era de fato, até que eu decidi deixar crescer, e foi aí que começou todo o drama. Eu não sabia cuidar, e achava que penteando ele ao meio e para baixo, um dia ele alinharia e ficaria liso como das outras pessoas. Todas as vezes antes de lavar eu desejava ter um cabelo liso e não aquele cabelo cacheado, que pra mim sempre estava seco e desarrumado (por não saber hidratar ou fazer uma finalização decente). Até que chegou um dia que eu não aguentei mais e cortei o cabelo curtinho novamente. Queria ter menos trabalho e parar de ouvir coisas como ‘vai pentear esse seu cabelo’ que me magoavam bastante. Mantive o cabelo curto por muito tempo, e aos 15, eu decidi deixar crescer, mas comecei a fazer químicas de alisamento e descoloração, e assim me mantive por mais de um ano. O cabelo estava bem grande e não tinha nenhum aspecto danificado, até por que o meu cabelo é grosso e resistia bem as químicas, mas havia algo que me incomodava. Eu sentia que aquele não era o meu cabelo, que era algo artificial, que não era meu. Então, num belo dia, eu decidi cortar toda a parte alisada e deixar apenas o natural. Aí começaram outros problemas. Eu não sabia lidar com o meu volume, e por causa do ressecamento, o cabelo parecia sempre indomável. Por isso, aos 18 anos, pressionado a manter uma boa imagem no ambiente de trabalho e frustrado por não saber cuidar dos fios, passei a máquina 2. Até que em fevereiro do ano passado, eu comecei a estudar, ler e ver vídeos sobre cabelo cacheado, e me senti incentivado a deixar o meu crescer pra ver como ficaria. Eu não sabia que na internet poderia encontrar tantas dicas preciosas e simples para cabelos cacheados/crespos. Muito do que aprendi foi com textos e vídeos, já que muitas vezes, cabeleireiros estão despreparados para lidarem com nosso tipo de fio e textura. Em muitos salões do Espírito Santo (onde eu moro), sempre vejo pessoas serem destratadas por terem cabelos cacheados, inclusive por cabeleireiros famosos, o que é um grande desestímulo para nós. Quando comecei a cuidar do meu cabelo e eu vi aqueles cachos naturais e totalmente meus se formando, eu fiquei muito apaixonado. Não sabia que aqueles cachos estavam ali o tempo todo, apenas ofuscados pelo ressecamento, e a cada dia eu sou mais e mais apaixonado por eles. Quando meu cabelo já estava há três meses natural, eu conheci as rotinas No e Low poo e me apaixonei instantaneamente pela praticidade dos cuidados e pela facilidade de ter um cabelo bonito gastando pouco. A melhor parte de ter um cabelo 100% natural é a praticidade e a possibilidade de mudanças apenas com texturizações, e ainda assim continuar com um cabelo saudável e bonito.
Sabrinah Giampá- Qual o recado que você daria para as pessoas que não seguem as rotinas porque acham difícil, ou alegam falta de tempo?
Gildson Fiorotti – A maior desculpa de todas sempre é a falta de tempo, ou argumentar que a rotina é algo difícil antes mesmo de conhece-la. Qualquer uma das duas é simples e rápida. Por você precisar hidratar menos, lavar menos e usar menos produtos, o tempo de gasto nos cuidados é menor, o que possibilita um efeito bonito, saudável e duradouro por dias. Para seguir No ou Low Poo, não são precisos meses estudando, e sim algumas horas para ler os arquivos, ver os álbuns onde indicamos os produtos para as técnicas, e observar atentamente as tabelas. Depois desse período de aprendizagem, você já saberá o suficiente para incorporar a técnica no seu dia a dia.
Gostou da entrevista? Quer ler outras? Clique aqui!
Jacqueline Moitinho says:
Adorei a entrevista, parabéns!! Vou começar essa rotina capilar, provavelmente o lowpoo e estou na fase de pesquisa.