Na semana retrasada, vocês conheceram a história da 3ª colocada da Promoção Meu cabelo, minha história, Andrezza Caroline da Rocha Silva, de Limeira-SP. Semana passada, a da 2ª colocada, Patrícia Nascimento, de Osasco-SP. Esta semana é a vez da grande vencedora, a 1ª colocada: Bárbara Negrão Godoy Cigagna, de Rio Claro-SP. Espero que a história dela ajude outras mulheres não apenas a se libertarem de químicas no geral, mas também de relacionamentos abusivos.

1ºLUGAR – Promoção Meu cabelo, minha história: BÁRBARA NEGRÃO GODOY CIGAGNA, 27 anos – Rio Claro-SP

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Demorou muito pra eu perceber que eu era linda assim, e que quem me amasse deveria me amar assim, porém, faltava a coisa mais importante que podemos ter, o amor próprio, e sim, é muito difícil começar a se amar, principalmente quando você está acostumado apenas a dar amor a estranhos e não receber nada em troca(…) Meu cabelo é meu marco da minha liberdade, do meu amor próprio, e não há uma semana que passe sem que um desconhecido me elogie, seja homem ou mulher. Meu cabelo, hoje, é o reflexo de quem eu me tornei, dona de mim mesma.

“Muitas vezes, ao falarmos sobre o assunto cabelo, apenas pensamos em tipos, cores, texturas e comprimentos.

Como minha transição ocorreu no momento mais turbulento da minha vida, hoje, enxergo, naturalmente, que quando tratamos de cabelos, estamos tratando de autoestima, e quando tratamos de autoestima, sem sombra de dúvidas, estamos tratando sobre abusos sofridos pelas mulheres.

Antes da minha transição, eu era noiva de um homem machista, que adorava me dizer, e dizer para os amigos dele: ‘Eu amo tudo na Barbara, menos o cabelo’

Na verdade, era o cabelo, o peso, o jeito, e etc, mas isso só descobri mais tarde, quando concluí que a violência psíquica é muito mais agressiva que a física, na maioria das vezes…

Na minha ‘melhor fase’ , no ponto de vista do meu ex machista, violento, e opressor, eu estava dessa maneira:

eu aplique

Bárbara na sua ‘melhor fase’, segundo o ex-machista. Ela é a quarta, da esquerda para a direita

Pesava 74kg, alisava os cabelos e usava aplique. Anteriormente a essa foto, eu optei por não colocar nenhuma outra, pois todas são relacionadas com o ex, e sinceramente, prefiro não ficar remoendo essa história.

Mas antes dessa foto, eu tinha o cabelo alisado, chanel, e cheguei a pesar 88 Kg. Emagreci 12 Kg, forçada, ouvindo diariamente as seguintes frases: – Você foi na academia hoje?! – O que você comeu? -Você anda comendo escondida??? E outras muito piores, que nem convém relatar aqui.

O nosso relacionamento era tão abusivo, que eu lembro até hoje a ÚNICA vez que ele me chamou de gostosa, pois era raro receber um elogio dele, a não ser que estivesse bêbado.

Nosso relacionamento terminou quando eu me vi com os braços roxos, sendo expulsa da casa dele as 4h da manhã. Foi quando percebi que não merecia aquilo. Mas, voltemos ao cabelo…

SIDE CUT RUIVO

Essa sou eu , 5 meses após o término. Ganhei alguns quilos (santos chocolates contra a deprê), pintei finalmente meu cabelo de ruivo, que eu tanto sonhava, e fugi por uma semana pra argentina com a minha melhor amiga.

Ahhh, sabe o Side Cut aí?! Corte químico! Ele foi um jeitinho moderno de disfarçar…

Nesse meio tempo, minha irmã me colocou no grupo do Face: Cacheadas em Transição, onde eu lia muitos relatos que me deixavam apaixonada. Mas sabe o que eu dizia? -Mas meu cabelo não tão tem os cachos bonitos assim.
Enfim, graças a minha irmã, e o apoio de TODOS da minha volta, eu decidi entrar na transição.

Ohhh coisa difícil! É um cabelo que encrespa na nuca, não encrespa na franja, cresce muito, mas não o suficiente para cortar. Enfim, março de 2014, realizei o meu BC, comemorando um ano do término com o infeliz. Bem, não foi especificamente uma comemoração, pois fiquei aos prantos na cadeira da cabeleireira, uma das mais caras da cidade, e a coitada não sabia o que fazer, e ainda queria escovar os poucos cachinhos que me sobraram na cachola.

opós bc

Essa sou eu pós BC, sinceramente, troquei a cor porque não consigo gostar do crespo vermelhão, e um jeito melhor de conseguir começar a me aceitar, foi tacar uma cor escura e tentar descobrir do que o meu cabelo gostava.

Um belo dia, estávamos em uma reunião familiar, e eu toda linda, posei pra foto, mas só a visualizei no dia seguinte, quando minha irmã colocou no facebook.

Cara, olha bem essa foto, olha por mais de 1 minuto. -Sou eu!!! Como pode ser eu?!

97 kg

Meu braço era maior do que o rosto de qualquer outra pessoa na foto, meu pescoço não existia, meus olhos mal ficavam abertos…

Fui pra balança e ela me presenteou com uma das visões mais marcantes da minha vida: 97,600 Kg! Sim, faltavam apenas 2,400 Kg para entrar na casa dos 3 dígitos, ou seja, atingir 100Kg.

Não, eu não podia ter me transformado nisso, alguém que não se amava. Não digo isso pelo peso, mas simplesmente pelo fato de que eu não me reconhecia naquela foto.

Foi a melhor foto da minha vida, pois até hoje ela é minha referência de como me amar, e ser eu mesma.

criança

Olha eu ai pititiquinha, a única entre as mulheres da minha vida com o cabelo crespo, e não era meio crespo, e sim, inteiramente crespo.

Demorou muito pra eu perceber que eu era linda assim, e que quem me amasse deveria me amar assim, porém, faltava a coisa mais importante que podemos ter, o amor próprio, e sim, é muito difícil começar a se amar, principalmente quando você está acostumado apenas a dar amor a estranhos e não receber nada em troca.

e ucriança

Na infância: única crespa

Após o BC, passei um tempo delicioso, me descobrindo e redescobrindo, aprendendo que eu nunca iria emagrecer se eu não me amasse, e se eu não quisesse emagrecer de verdade. Entendi que tudo o que fazemos só funciona se fizermos por nós mesmas.

E foi isso que decidi, emagrecer, mas porque EU queria. Hoje, completo 20 Kg eliminados, falta mais uns 10Kg pra eu chegar ao meu objetivo, mas sei que sou linda, gostosa, cacheada, feliz, e tenho alguém do meu lado que me ama assim, mas esse alguém só chegou quando eu aprendi a me amar, e acima de tudo me respeitar.

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Bárbara em sua versão atual, com cachos assumidos

Não sei se deu pra entender bem meu relato, mas o fato é, a violência contra a mulher existe sim, e ela não é só física, ela te faz sentir feia, mal, ela não respeita você como você é, ela só te faz sentir como um ser humano pior, e nunca se enxergar como uma mulher, guerreira e decidida que pode ser. Meu cabelo é meu marco da minha liberdade, do meu amor próprio, e não há uma semana que passe sem que um desconhecido me elogie, seja homem ou mulher. Meu cabelo, hoje, é o reflexo de quem eu me tornei, dona de mim mesma.

retranca_cachos

A Bárbara foi a 1ª colocada na Promoção Meu cabelo, minha história, que foi encerrada no dia 22/08/2015. A 2ª colocada, Patrícia Nascimento, de Osasco-SP, teve sua história divulgada na semana passada, e a 3ª colocada, Andrezza Caroline da Rocha Silva, de Limeira-SP, na semana retrasada. Nas próximas semanas serão divulgada todas as histórias participantes desta promoção. Caso queira compartilhar sua história nessa seção, escreva para cachosefatosoficial@gmail.com, com Meu Cabelo, minha história no assunto. Fotos são obrigatórias. Quer ler outras histórias de superação? Clique aqui!  

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