“Olá! Há alguns dias estou pensando em parar de alisar meu cabelo e todos me chamam de louca, meu marido todo o dia que me vê escovando o cabelo fala: – Pára com isso assuma seu cabelo logo!’, mas eu sempre achei que ficaria horrorosa crespa. Sofri muito preconceito na escola e isso mexe comigo até hoje. Minha filha Malu, de três anos, tem cabelo cacheado que é a coisa mais linda do mundo: bem volumoso e cheio de personalidade(…) Eu também sou cabeleireira, atualmente, não estou trabalhando, mas pretendo voltar e você é minha inspiração. Acho que também vou me especializar em cachos e ajudar outras mulheres que querem assumir o crespo como eu. No salão em que eu trabalhava, minha patroa era loira e lisa e todas as clientes viviam na ditadura do liso. Quando eu ia para o salão trabalhar sem escovar o cabelo ela dizia: – Senta aí que eu vou domar essa juba, as clientes não podem te ver assim, o que vão pensar da gente! Aí ela escovava o meu cabelo até ficar lisérrimo”.

O texto acima é apenas um trecho de um e-mail que recebi da Mary, antes de agendarmos um horário na Garagem dos Cachos. Nem preciso dizer o quanto fiquei sensibilizada, ainda mais quando me deparei com esta moça linda com os fios em frangalhos, devido aos longos anos de alisamentos.

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Mary, quando chegou na Garagem dos Cachos.

A quantidade de cabelo natural era tão pouca, que não havia matéria-prima para um bc total que não fosse feito à máquina. Expliquei a ela que ficaria esquisito qualquer corte que fizéssemos, pois a parte alisada, que era 99% não iria cachear de jeito nenhum. E com toda sinceridade do mundo, expliquei que nossa única alternativa era a máquina 4.

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Mary, que começou a alisar o cabelo desde criança, através da mãe, deu continuidade aos processos mesmo quando já tinha condições de responder por si mesma. “Continuei na mesma onda porque me achava horrível com aquele cabelo. Comecei com relaxamento e alguns anos depois me rendi à progressiva. Passei bastante tempo fazendo os dois procedimentos e depois fiquei só com a progressiva.”

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Mesmo com um pouco de receio de encarar a máquina, Mary não titubeou. Ela estava determinada a resgatar seu cabelo natural de uma vez por todas. “Entre o intervalo de uma progressiva e outra, decidi parar de alisar, mas não sabia como fazer isso. Foi quando vi uma entrevista na revista Glamour falando justamente sobre transição e bc, que achei minha guru Sabrinah Giampá. Entrei no blog dela e adorei tudo! Ela escreve com muita propriedade e passa muita confiança. Todo dia leio um pouquinho, porque tem bastante coisa, e tudo que tem de novo acompanho também. Quando descobri que ela cortava os cabelos das cacheadas, pedi a Deus para que ela morasse em São Paulo, para que eu pudesse visitá-la para ela cortar o meu cabelo. Mandei o e-mail, e quando ela respondeu e falou que era de São Paulo, quase dei pulos de alegria (mentira, eu dei pulos sim! rs) Sabe quando você de cara acredita em uma pessoa e acha que só ela pode fazer isso pra você? então foi assim comigo.”

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Mary logo após o seu grande corte

“Tem gente que pensa: – Ah, mas ela só passou a maquininha! Ou então não consegue compreender porque eu estava sendo’ tão radical’; só uma pessoa que vivia isso poderia entender, e ela me entendeu. Pra mim foi muito importante esse momento. Há uns dois anos, estava fazendo luzes, depois cansei da luzes e resolvi pintar o cabelo, mas me olhava no espelho e não me reconhecia. Sempre reclamava do meu cabelo para meu marido. Eu estava muito insatisfeita.”

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“Minha filha de 3 anos tem o cabelo cacheado, acho que um 3b/c, e quando olhava aquele cabelo lindo, pensava: – Ai, podia ter um assim também, mas eu já não me lembrava como era meu cabelo natural. Foram tantos anos de alisamento, que não me lembrava quem eu era de verdade. Quando resolvi que não ia mais alisar o cabelo, em janeiro desse ano, algumas pessoas acharam que eu estava louca e que não teria coragem, mas a pessoa que mais me importava super me apoiou, o meu marido.”

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“Hoje sei que não estava insatisfeita com minha aparência, eu estava insatisfeita comigo, estava mentindo para mim mesma, sendo outra pessoa que não sou, e por tanto tempo me deixando levar pelo o que a mídia e as pessoas preconceituosas pregavam, e o pior, estava dando um péssimo exemplo para minha filha,afinal, como eu poderia incentiva-la a assumir seus cachos se eu mesma não fazia isso?.Ela com certeza foi minha maior inspiração.Hoje digo feliz que me reencontrei.”

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mary e filha

Sua filhinha de três anos contribuiu diretamente para que Mary optasse pelo big chop.

Embora estivesse convicta de que faria o seu big chop mesmo à máquina, Mary sabia que não seria um processo fácil: “Primeiro foi um choque pra mim, nos primeiro dias, não quis nem fazer uma super produção de roupas e maquiagem, como todas as meninas que passam pela mesma coisa recomendam. Meu marido foi comigo na Garagem dos Cachos e adorou. Quando cheguei em casa, fiz uma bela limpeza de pele e coloquei um brinco bem pequeno,pois não queria chamar muito a atenção, meu cabelo já estava chamando por si só. Saí a noite e as pessoas ficavam me olhando, mas não era uma cara feia, mas uma cara do tipo: – Por que ela fez isso? – No entanto, não recebi nenhuma critica. Os mais próximos queriam saber o porquê, e daí eu comecei a pregar a autoaceitação (risos). Adorei a praticidade de ter um cabelo tão curtinho e comecei a me dedicar às outras coisas: comecei a malhar, a ler mais, principalmente sobre cabelos. Cuido muito mais do cabelo da minha filha e estou adorando ver meu cabelo natural crescendo cada dia. Quando não estou fazendo nada, meus dedos vão direto para meus cachinhos. É tão gostoso sentir ele tão saudável, tão gostoso. É tão bom entrar no chuveiro em um dia de calor sem me preocupar em passar horas no secador. É uma delicia meu marido fazer cafuné no meu cabelo sem eu ter que me preocupar se vai virar uma farofa depois. Enfim, estou descobrindo muitas coisas: uma beleza escondida, uma liberdade, uma pessoa que em nem sabia que existia. Estou amando, estou apaixonada.Sem duvida está é uma das melhores decisões que eu já tomei na vida.’Livre sou, livre sou’. (risos)”

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Mary curtindo o crescimento do seu cabelo natural

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“Livre sou, livre sou”

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Gostou do corte? Quer cortar também? Minha garagem fica em São Paulo, capital, pertinho do metrô São Judas. Para mais informações, curta a fanpage do blog no facebook, e me chame inbox. Se preferir, escreva para garagemdoscachos@gmail.com. No assunto, coloque: Agendamento. Também comercializo os produtos da Deva Curl para todo o Brasil. Eles são liberados para as rotinas Low Poo e No Poo.

* Tive autorização da minha cliente para divulgar essas fotos

Quer ver outras transformações? Acesse aqui!

  1. Gabriela Costa Carvalho says:

    Que linda, me emocionei muito. Essa semana fiz meu primeiro corte do período de transição,e levei uma referência de um corte que você fez. É engraçado como eu pensei que não fosse dar certo (tenho só 4 meses de transição), mas ele ficou incrível. Esse espaço é território de inspiração e de reencontro com nós mesmas. Parabéns Mary e Sabrinah!

    • olha que legal rsrs.É emocionante saber que um pouquinho do que passamos pode ajudar outras pessoas, muito obrigada pelos elogios, e para quem ainda tem medo: se joga sejam felizes.

  2. Priscila says:

    Opa que me caiu um cisco aqui no olho…
    Moça, você ficou maravilhosa! Parece uma rainha! Feliz vida nova e cabelo novo, você é guerreira, sabe disso e merece o mundo <3

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