A Tati mora em Ilhéus, na Bahia, e conheceu o Cachos e Fatos graças ao Fórum Momento Mulher, que participei como painelista. Descobrir o blog, despertou nela um desejo enorme de compartilhar sua história de superação em relação aos seus cabelos crespos naturais, e mesmo diante de uma dissertação de mestrado, ela encontrou tempo para nos presentear com esta linda narrativa:
Tati, que hoje ostenta estes lindos cachinhos naturais,
já sofreu bullying na escola por não se adequar ao padrão de beleza, que exigia fios lisos 
“Minha história com meus cachinhos começou na infância, quando eu ainda não sabia que tinha cabelos lindos e fofos. Minhas amigas tinham cabelos lisos, e eram de famílias bem conceituadas financeiramente, e eu a menina pobre de cabelinho cacheado e loiro. Não me aceitava nem pela condição socioeconômica, tão pouco pelo corpo magro demais e pelo cabelo, que era motivo de chacota, e hoje eu sei que o que sofri é considerado bullying. 
Ela conta que já usou de tudo no cabelo para manter os fios lisos, fase que começou quando tinha apenas 11 anos
Mas enfim… minha mãe amava meu cabelo, eu que não me sentia bem com ele, e por isso passei a alisar desde os 11 anos, entre amigas, sempre às escondidas. Usei de tudo (risos)! Todas as amônias, guanidinas, hidroxido de sódio e pente quente. E mais recentemente todas as progressivas, de diamante, de cristal, de açúcar, marroquina, no começo sem formol. Que não é uma verdade!Todas elas tem formol o que varia são as quantidades. 
Após anos e anos usando químicas para alisar os fios,
Tati começou a notar que seu cabelo estava cada dia mais quebradiço
Cheguei a usar guanidina na raiz e progressiva no resto do cabelo, para o produto durar mais tempo. Uma verdadeira tragédia! Meu cabelo foi ficando cada vez mais fino no fio e grosso na raiz, e sempre quebradiço, feio, sem vida, sem brilho, opaco, cheio de frizz, sem crescimento… Um completo horror! Até que em junho de 2013, resolvi colocar um mega hair pra suportar o crescimento sem ter que fazer o BC logo de cara. E foi a melhor escolha que eu fiz.Comprei um cabelo maravilhoso, junto com uma prótese, e coloquei. Foi tudo de bom. Eu já acordava bela e arrumada pra qualquer situação. 
Aderir ao megahair foi a solução que ela encontrou para encarar a transição sem grandes dores de cabeça
O tempo foi passando e eu fui percebendo meus cachinhos saírem. Foi a coisa mais graciosa e fofa que eu já pude ver na vida. Fiquei apaixonada. Foram oito meses esperando o crescimento do cabelo sem nada de química,  utilizando apenas tônico de alho e Tricofort na raiz, e investindo em hidratações e cremes. Como eu não sabia cuidar do cabelo cacheado, fui buscar nas fontes: vídeos no YouTube, blogs das amigas virtuais, rodas de conversas e bate papos. Enfim, a busca pelo conhecimento se tornou meu principal objetivo. 
“Ver meus cachinhos saírem foi a coisa mais graciosa e fofa que eu já pude ver na vida”
Na verdade, tudo que eu mais queria era conhecer meu cabelo, me reconhecer enquanto mulher negra, de raiz e herança de profunda riqueza. Eu queria sair à rua com meus cabelos naturais, não ter que correr da chuva, do vento, da praia. Eu moro na praia e não desfrutava do paraíso no fundo de casa. Tudo que eu mais queria era exercitar minha dança afro contemporânea sem me preocupar com o resultado do cabelo depois das oficinas.  
O conhecimento foi libertador para Tati, que morava na praia,
mas que não conseguia desfrutar do paraíso por causa do cabelo, que vivia alisado
Querida Sabrinah, oito meses se passaram e eu fui fazer a manutenção do mega, e foi quando eu me deparei com aquela belezura de cabelo, todo cacheadinho, todo gracioso, deixando meu estilo cada vez mais meu. E foi neste exato momento que eu disse pra mim mesma: CHEGA! A partir de hoje esta sou eu!
Finalmente com os cachos assumidos, Tati disse CHEGA para si mesma
Atualmente, eu cultivo meus cachos com o maior amor do mundo, tenho respeito comigo mesma, com minhas ancestralidades, e estou plenamente feliz. Participo do grupo das Cacheadas de Ilhéus, falo de minha experiência em qualquer canto em que eu vou, converso com pessoas e as incentivo a fazer o mesmo, e fico feliz em saber que muitas já estão aderindo. 
Tati Veloso: ” A partir de hoje, esta sou eu!”
Recebo mais elogios do que quando meu cabelo era quimicamente alisado ou com mega. Estou feliz mesmo com  ele ainda curtinho, e se soubesse, teria feito antes. Por isso faço questão de compartilhar com todas as mulheres a minha história. Precisamos virar esta página agressiva de nossas vidas, que impactou por décadas a nossa autoestima, a de não aceitar nossos cabelos por causa de padrões cruelmente impostos pela mídia, pela moda, e pelo mercado de produção da cultura do liso. E VIVA as crespas, cacheadas e todas nós que com nossos belos cabelos estamos dominando o Brasil e o mundo.Obrigada querida, por abrir espaço pra que eu pudesse contar meu percurso. Um beijo especial. Feliz em acompanhar seu blog. Um beijo !”
Tati Veloso
Ilhéus Bahia Brasil 
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Quer ver a sua história publicada neste espaço? Escreva para cachosefatosoficial@gmail.com

  1. Oi minhas lindas vamos juntas nesta luta deliciosa com nossos belos cachos. Eu não fiz escova, pois com o mega já me sentia pronta pra sair, não precisei fazer escova em nenhum momento. Optei por isso para não agredir ainda mais os fios. Beijos e obrigada!

  2. Andréa says:

    Ahh eu sou suspeita em falar pq acompanhei a Taty e seus cabelos longos, lisos, curtos ou enrolados. Eu acho q de tudo valeu a pena pq hj ela tem uma legal história pra contar. Sempre bela!! Sempre Feliz!!

  3. Que história mais linda. To apaixonada. Mais uma história para me dar força a continuar minha transição. Estou faz um ano… Na minha segunda transição. Na primeira desisti. Mas, essa segunda é para sempre!!!!!! Beijos

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