A ‘turbanista’, como a própria Márcia Martins de Oliveira, de 36 anos, se autodenomina, compartilhará sua experiência com demais interessadas, no parque Villa-Lobos, em São Paulo, neste domingo.

Habilidosa, ela teve a oportunidade de provar seu talento nas duas últimas edições do Encrespa Geral, a que aconteceu agora em março e na de novembro do ano passado.
O resultado positivo a incentivou a organizar um evento apenas para este único fim, e claro, caminhando sempre junto com o movimento em prol o cabelo natural e a valorização da mulher negra. “Quero  compartilhar parte desta cultura, e mostrar que somos todas lindas, independentes do cabelo, da cor, e de como a sociedade gostaria que fossemos”.
Márcia, que depois de adulta, finalmente conseguiu se desprender do preconceito enraizado, hoje se assume como negra, com muito orgulho. “O preconceito que carregava, foi plantado em mim no decorrer da infância. Me lembro que, aos sete anos, na escola, era chamada de cabelo duro, que era aquele que ‘não mexe e não dá pra prender’. Como era motivo de chacota entre os colegas, cresci carregando este estigma, com a mente manipulada pela sociedade, que sempre pregou um padrão de beleza europeu, onde o bacana era ser branca de olhos azuis, e se possível com os cabelos longos e lisos. Eu sabia que nunca chegaria a esse padrão”.
Márcia, que conseguiu se livrar do preconceito enraizado e assumir
seu cabelo natural, hoje ajuda outras mulheres a valorizar sua beleza
Diante destas circunstâncias, ela cresceu alisando o cabelo por longos anos. “Cansei de não ser eu aos 26 anos, mas sem obter nenhum apoio, continuei com os processos químicos, e consequentemente, com todos os danos causados por eles: fios fracos, sempre em queda, e sem vida”.
Márcia parou de vez com a química em novembro de 2011, e hoje enche a boca para dizer que está natural há mais de dois anos. “Dia 30 de março de 2012, eu coloquei kanekalon e cortei o que restou dos alisamentos. Mas não suportei ficar com tranças por causa do meu couro cabeludo sensível, e foi aí que resolvi me livrar também do kanekalon, onde tudo mudou. Guardo a data até hoje: 05/06/2012.”
O sucesso no último Encrespa foi tão grande, que ela resolveu
organizar um evento único para ensinar as técnicas
de turbante que aprendeu
Ela conta que após a retirada das tranças, se olhou no espelho e pensou: – E agora? O que vou fazer? Como vou sair na rua desse jeito? “Fiquei com menos de um centímetro de cabelo e com muito receio de me expor. Usava alguns lenços na cabeça, mas isso não me agradava muito. Queria algo mais elaborado”.
E foi nesta busca por  esse ‘algo a mais’, que em suas pesquisas pela internet, Márcia descobriu alguns sites americanos que lhe deram aquela ‘luz’, e esse foi o ponto de partida para que ela ingressasse no mundo dos turbantes, inclusive, participando de alguns workshops para aprimorar as suas técnicas.
Desde então, recebeu muitos pedidos de ajuda das amigas, e foi assim que surgiu a oficina, no Encrespa Geral 2013. A demanda foi tão grande, que Márcia criou agora este evento a parte, para ajudar mais e mais mulheres a elaborar este sofisticado penteado, independente do seu tipo de cabelo.
Com a oficina de turbantes, Márcia pretende ensinar
mais e mais mulheres a valorizarem sua real beleza
“A origem do turbante é desconhecida, era usado no oriente, muito antes do surgimento do islamismo. As inúmeras formas de amarrar o turbante representam uma forma de linguagem popular, podendo indicar uma posição social, a tribo de origem, ou até mesmo o humor da pessoa naquele momento. Atualmente, o uso intensivo do turbante se estende por toda Ásia e África”, explica ela.
Sobre a Oficina de Turbantes
Quando: 27/04/2014 (domingo)
Horário: A partir das 11h
Onde: No parque Villa-Lobos, em São PauloAv. Prof. Fonseca Rodrigues, 2001 – Alto dos Pinheiros, São Paulo – SP
O que levar: os lenços que tiver a mão e boa vontade
Custo: zero
Entrada: Gratuita

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