Luciene Batalha, paulistana de apenas 24 anos, passou por uma transformação capilar das mais estarrecedoras que já presenciei. Algo do tipo: o patinho que virou cisne, tamanho desabrochar que a mudança proporcionou em seu semblante. 

Segundo ela, seu único problema pra voltar o cabelo natural era a falta de informação, e assim que a internet lhe abriu as portas do conhecimento, e lhe deu as referências que tanto ansiava, ela deu adeus ao relaxamento que acabara de fazer no dia anterior. 
Sem pensar duas vezes, encarou o big chop com a cara e a coragem, enquanto a irmã que a acompanhava, segurava as lágrimas, em luto pelo cabelo alisado que jazia no chão do salão do cabeleireiro, e que assim como o seu antigo eu, ficou para trás. O BC para ela, foi mais do que se livrar da química, foi descobrir sua verdadeira identidade, uma chance real de trazer a tona sua beleza interior.
Luciene Batalha: Uma das transformações mais estarrecedoras que já vi, algo como o conto do patinho que virou cisne!
Considerada uma diva, pela maioria das cacheadas dos grupos específicos no facebook, essa professora de inglês admite que o preconceito contra o cabelo crespo ainda é forte, e presente, inclusive, dentro de casa. Entretanto, a personalidade forte que desabrochou em forma de cachos, é maior que tudo isso, e trouxe a ela uma autoestima inabalável: ” Independente do que digam, eu sou mais eu!” 
A incrível transformação de Luciene Batalha: Relaxamento, versão lisa e big chop,
até chegar aos estonteantes cachos cor de mel
Sabrinah Giampá – A transformação que postou nos grupos foi uma das mais surpreendentes que já vi. Seu cabelo natural não apenas mudou o seu semblante e a tornou mais bela, ele trouxe a tona uma diva. A cor escolhida também combinou perfeitamente com o seu tom de pele e contribuiu para que a mudança fosse ainda mais estarrecedora. Conte como isso aconteceu. Resumidamente, qual a sua trajetória capilar? 

Luciene Batalha – Quando adolescente, minha irmã me convenceu a começar a fazer escova no cabelo. Eu nunca me senti muito bem com o cabelo escovado, e ainda o deixava sempre preso, mas mesmo assim, por não saber cuidar dos cachos, me deixei levar e comecei a fazer relaxamento aos 17 e continuei fazendo até o final de 2010, quando tinha 20 anos.
Sabrinah Giampá – O que te levou a assumir o cabelo natural? 
Luciene Batalha – Minha decisão de voltar aos cachos aconteceu repentinamente e pegou até a mim mesma de surpresa. Eu fiz relaxamento em uma quinta-feira, e no final de semana seguinte, encontrei na internet, por acaso, casos de meninas que haviam passado pela transição, que um dia foram lisas e voltaram aos cachos. Eu me dei conta, naquele momento, de que o meu cabelo natural era lindo, e que eu só precisava aprender a cuidar dele.
Luciene quando ainda usava os fios lisos
“Minha decisão de voltar aos cachos aconteceu repentinamente. Eu fiz relaxamento em uma quinta-feira, e no final de semana seguinte, encontrei na internet por acaso, casos de meninas que haviam passado pela transição, que um dia foram lisas e voltaram aos cachos. Eu me dei conta, naquele momento, de que o meu cabelo natural era lindo e que eu só precisava aprender a cuidar dele.”
Sabrinah Giampá – E qual foi o próximo passo?
Luciene Batalha: Vi então que, pra eu ter meus cachos de volta, teria que escolher entre passar pela transição, ou fazer o big chop. Eu me decidi pelo big chop sem pensar duas vezes, pois não teria paciência de esperar o cabelo crescer e ir cortando aos poucos.
Sabrinah Giampá – E o que esta decisão trouxe para a sua vida, sofreu com alguma reação negativa?
Luciene Batalha: Naturalmente, todos acharam que eu havia enlouquecido quando disse o que iria cortar todo o meu cabelo pra voltar aos cachos, mas eu estava decidida, e a opinião de ninguém conseguiu me influenciar. Então, no dia seguinte, eu já estava no cabeleireiro. Pedi pra ele cortar tudo, mas ele disse que eu iria me arrepender (era o mesmo que havia feito o relaxamento uma semana antes), então cortou apenas a metade.  Sendo assim, no dia seguinte, eu fui a outro salão. Disse que estava plenamente consciente do que queria e pedi pro cabeleireiro cortar tudo. Minha irmã, que estava comigo, quase chorou quando viu meu cabelo alisado, que chegava quase no meio das costas, no chão. Mas, o importante era que eu estava me sentindo satisfeita com ele como não me sentia há tempos.
Luciene decidida depois do big chop:
“Ninguém conseguiu me influenciar”
“Vi então que, pra eu ter meus cachos de volta, teria que escolher entre passar pela transição, ou fazer o big chop. Eu me decidi pelo big chop sem pensar duas vezes, pois não teria paciência de esperar o cabelo crescer e ir cortando aos poucos. Naturalmente, todos acharam que eu havia enlouquecido quando disse o que iria cortar todo o meu cabelo pra voltar aos cachos, mas eu estava decidida, e a opinião de ninguém conseguiu me influenciar.”



Sabrinah Giampá –  E o que mudou na sua vida após o big chop?
Luciene Batalha – Depois do meu big chop, eu mudei completamente, mudei minha maneira de ver o mundo, e as pessoas mudaram a maneira de me ver, pois eu mostrava pra elas, quando ouvia críticas, que o meu objetivo era maior e mais forte que a opinião de qualquer um. Eu ouvi muita coisa, alguns pensaram que eu havia enlouquecido, outros acharam que eu tinha virado lésbica, ou ainda, pensaram que eu estava fazendo tratamento contra o câncer (o quê? rsrs). Enfim, o tempo foi passando, meu cabelo foi crescendo e a minha verdadeira identidade foi surgindo. Passei a fazer coisas que nunca havia feito, como pintar o cabelo por conta própria e cortar. Decido que vou fazer, e faço. Meu big chop foi uma linha divisória entre o meu antigo e novo eu. Sou outra pessoa.
“Disse que estava plenamente consciente do que queria e pedi pro cabeleireiro cortar tudo. Minha irmã, que estava comigo, quase chorou quando viu meu cabelo alisado, que chegava quase no meio das costas, no chão. Mas, o importante era que eu estava me sentindo satisfeita com ele como não me sentia há tempos.”
Sabrinah Giampá – Como era a sua relação com o seu cabelo na infância e adolescência? 
Luciene Batalha – Quando eu era pequena, minha mãe não sabia cuidar do meu cabelo, e preferia deixá-lo curto, no melhor estilo ‘joãozinho’. Fui crescendo e deixando meu cabelo crescer, porém, também não sabia cuidar dele, então eu o deixava sempre preso.
“Depois do meu big chop, eu mudei minha maneira de ver o mundo, e as pessoas mudaram a maneira de me ver. Eu ouvi muita coisa, alguns pensaram que eu havia enlouquecido, outros acharam que eu tinha virado lésbica, ou ainda, pensaram que eu estava fazendo tratamento contra o câncer (o quê? rsrs).” 


Sabrinah Giampá – Assumir o natural trouxe a tona algum tipo de preconceito familiar? 
Luciene Batalha – Minha mãe gostava muito quando eu alisava meu cabelo, e pra minha decepção, foi e ainda é a pessoa que mais critica o meu cabelo natural. O cabelo dela é liso, e o único da família assim, mas ela critica apenas a mim, porque sou a única cacheada em casa. Ela critica desde o volume até a cor, mas eu não me importo e não discuto, minhas atitudes mostram pra ela que eu não estou nem um pouco disposta a voltar atrás e não pretendo voltar a alisar meu cabelo jamais. 
“Enfim, o tempo foi passando, meu cabelo foi crescendo e a minha verdadeira identidade foi surgindo. Passei a fazer coisas que nunca havia feito, como pintar o cabelo por conta própria e cortar. Decido que vou fazer, e faço. Meu big chop foi uma linha divisória entre o meu antigo e novo eu. Sou outra pessoa.”

Sabrinah Giampá – E como foi a reação das pessoas em geral?  Ambiente de trabalho? Sofreu algum tipo de preconceito?
Luciene Batalha – Dois dos meus melhores amigos também preferem o meu cabelo liso, mas não me criticam como minha mãe. Eles me aceitam como sou. Nunca tive problemas em outros lugares, como no trabalho, mas ainda existe, sim, muito preconceito com o cabelo cacheado. O volume e a textura chamam a atenção, e eu gosto de usar o meu com o maior volume possível. Algumas pessoas olham e elogiam, mas alguns olhares estampam a reprovação claramente.
“Minha mãe gostava muito quando eu alisava meu cabelo, e pra minha decepção, foi e ainda é a pessoa que mais critica o meu cabelo natural. Ela critica desde o volume até a cor, mas eu não me importo e não discuto, minhas atitudes mostram pra ela que eu não estou nem um pouco disposta a voltar atrás e não pretendo voltar a alisar meu cabelo jamais.”




Sabrinah Giampá – Assumir o cabelo natural é uma mudança, antes de tudo, interna? 
Luciene Batalha – Com certeza. Se você não estiver bem consigo mesma, nunca conseguirá driblar os comentários preconceituosos das pessoas e nem os olhares. Se você escolher passar pela transição, haverá momentos nos quais você vai desanimar, precisará de paciência para esperar o cabelo crescer; e se optar pelo big chop, terá que estar mais decidida ainda, pra poder se olhar no espelho com o cabelo bem curtinho, e ainda assim se sentir linda e, desta forma, poder passar por cima de qualquer tipo de crítica.
“Dois dos meus melhores amigos também preferem o meu cabelo liso, mas não me criticam como minha mãe. Eles me aceitam como sou. Nunca tive problemas em outros lugares, como no trabalho, mas ainda existe, sim, muito preconceito com o cabelo cacheado. O volume e a textura chamam a atenção, e eu gosto de usar o meu com o maior volume possível. Algumas pessoas olham e elogiam, mas alguns olhares estampam a reprovação claramente.”

Sabrinah Giampá – Você acredita que existe uma ditadura dos cabelos longos e lisos no Brasil, o que pensa a respeito? 
Luciene Batalha – Ainda existe sim, mas ela já foi maior. Hoje, assumir os cabelos naturais está virando ‘moda’, e isso é algo que me preocupa, pois se as pessoas se deixam influenciar e decidem voltar aos cachos apenas pelo modismo, quando a moda dos cabelos escorridos voltar, elas voltarão a alisar também? Espero muito que a personalidade e a verdadeira identidade dessas pessoas gritem alto em seus ouvidos e não as deixem fazer isso.
“Se você não estiver bem consigo mesma, nunca conseguirá driblar os comentários preconceituosos. Se escolher passar pela transição, precisará de paciência para o cabelo crescer; e se optar pelo big chop, terá que estar mais decidida ainda, pra se olhar no espelho com o cabelo curtinho, e ainda assim se sentir linda.”

Sabrinah Giampá – Acha que falta referências midiáticas para as mulheres crespas? Como isso influenciou seus hábitos capilares?
Luciene Batalha – Hoje em dia, com a internet, tudo está mais fácil. Basta procurar pra encontrar qualquer coisa, mas se elas forem depender da TV, nunca vão encontrar. Meu conselho pra essas mulheres é: corram pra internet. Procurem, se informem, aprendam a cuidar dos seus cabelos e a valorizá-los. Foi assim que eu aprendi a cuidar dos meus.
Sabrinah Giampá – Como definiria o seu tipo de cabelo?
Luciene Batalha – Eu nem sabia que existiam tipos de cabelos (risos), mas descobri que o meu é meio 3B e 3C . Uma mistura. Atrás e dos lados os cachos são mais fechados, e na frente, mais abertos. Amo essa diferença de cacheados.
“Assumir os cabelos naturais está virando ‘moda’, e isso é algo que me preocupa, pois se as pessoas se deixam influenciar e decidem voltar aos cachos apenas pelo modismo, quando a moda dos cabelos escorridos voltar, elas voltarão a alisar também? Espero muito que a verdadeira identidade não as deixem fazer isso.”


Sabrinah Giampá – Como cuida do seu cabelo atualmente?
Luciene Batalha – Lavo normalmente, com xampu e condicionador, dia sim, dia não, e hidrato pelo menos duas vezes por semana. Não tenho segredo algum.
Sabrinah Giampá –  Sai caro ter fios crespos bonitos?
Luciene Batalha – Não. Algumas pessoas têm o pensamento errôneo de que, quanto mais caro, melhor é o produto. O mais caro pode não ser o melhor pro seu cabelo, e o seu cabelo pode se dar melhor e ficar mais bonito com produtos baratinhos também. E ainda existem receitas naturais, com produtos que encontramos na feira e que fazem verdadeiros milagres nos cabelos. Preço nem sempre é sinônimo de qualidade. Basta experimentar até encontrar o produto que se dá melhor com o seu cabelo.


“Hoje em dia, com a internet, tudo está mais fácil. Basta procurar pra encontrar qualquer coisa, mas se elas forem depender da TV, nunca vão encontrar. Meu conselho pra essas mulheres é: corram pra internet. Procurem, se informem, aprendam a cuidar dos seus cabelos e a valorizá-los. Foi assim que eu aprendi a cuidar dos meus.”



Sabrinah Giampá – É mais fácil cuidar de um cabelo natural ou progressivado? 
Luciene Batalha – O maior argumento das ‘progressivadas’ pra alisar o cabelo é a praticidade. Passou os dedos e está pronto. O cabelo cacheado dá mais trabalho, sim, mas também é infinitamente mais bonito quando bem cuidado, por isso eu digo que vale muito a pena cuidar dele com todo o carinho.
Sabrinah Giampá – Como é atualmente a sua relação com seu cabelo natural? Como o estiliza? 
Luciene Batalha – Eu gosto de usar e abusar do volume do meu cabelo. Faço sempre penteados nada discretos e uso todo tipo de acessório, principalmente lenços. Gosto de valorizá-lo e vivo procurando ideias na internet e inventando o que fazer nele.
“Algumas pessoas têm o pensamento errôneo de que, quanto mais caro, melhor é o produto(…) Existem receitas naturais, com produtos que encontramos na feira e que fazem verdadeiros milagres nos cabelos. Preço nem sempre é sinônimo de qualidade. Basta experimentar até encontrar o produto que se dá melhor com o seu cabelo.”

Sabrinah Giampá – Segue as rotinas low poo/no poo
Luciene Batalha – Não, não sigo nenhuma rotina em especial.Vou começar a seguir um cronograma capilar porque só o descobri agora, e acho que meu cabelo vai ficar gostar muito dessa novidade.
Sabrinah Giampá –  Quais são seus produtos preferidos?
Luciene Batalha – Gosto de variar e experimentar produtos novos, mas atualmente,  uso apenas a linha da Pantene pra cabelos cacheados. De resto, faço hidratações caseiras com ingredientes naturais e uso óleos naturais para umectação.
Muitas situações nos magoam, ainda mais quando acontecem com pessoas da nossa própria família, como é o meu caso. Não se deixe abalar por comentários maldosos. Diga pra si mesma: Eu sou mais eu. Se você estiver bem consigo mesma, nada e nem ninguém conseguirá te colocar pra baixo, e muito menos fazer você desistir do seu objetivo. Tenha foco e coragem. O seu objetivo é maior que qualquer atitude preconceituosa.”


Sabrinah Giampá – Costuma fazer algum penteado?  
Luciene Batalha – Sim! Como disse anteriormente, gosto de penteados ‘discretos’, que valorizem o volume do meu cabelo, e também gosto de usar acessórios dos mais diversos tipos. Mas, acima de qualquer penteado, gosto de usar meu cabelo solto, apenas com um grampinho na lateral e com o volume bem grande: quanto maior, melhor.
Sabrinah Giampá – Qual o recado que você deixaria para outras meninas que tem uma história parecida com a sua, mas que não conseguem se aceitar devido ao preconceito?
Luciene Batalha – Seja você mesma. Muitas situações pelas quais passamos, nos magoam, ainda mais quando acontecem com pessoas da nossa própria família, como é o meu caso. Não se deixe abalar por comentários maldosos. Diga pra si mesma: Eu sou mais eu. Se você estiver bem consigo mesma, nada e nem ninguém conseguirá te colocar pra baixo, e muito menos fazer você desistir do seu objetivo. Tenha foco e coragem. O seu objetivo é maior que qualquer atitude preconceituosa.
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  1. Realmente acho q essa transição foi a mais impressionante que eu á vi. Parabéns vc é um exemplo para todas as mulheres cacheadas ou ñ sua atitude é um exemplão!

  2. To passada como uma mudança de cabelo transformou a pessoa tb , vc era menininha sem nenhum diferencial e agora virou una leoa uma mulher fatal to passada Parabéns seu kbelo é maravilhoso

  3. Meu Deus, ela ficou lindíssima. E eu enfrento a mesma situação que ela. Meus pais ainda não me aceitaram depois do BC. Minha mãe fica falando que minha cabeça “tá muito grande” devido ao volume e tals, mas eu não ligo. Já ouvi muitos comentários maldosos em apenas uma semana de BC, mas eu também não ligo pra opinião dos outros.Eu estou me sentindo ótima assim, e quero arrasar com meu cabelo cacheado. Chega de sacrifícios pra agradar as pessoas, pois elas não merecem que eu seja escrava da química para agradá-las. O importante é que eu aprendi a me amar do jeito que sou, sem me importar com o que pensam sobre mim. 🙂

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