Achei extremamente lamentável a morte da criança de três anos, ocorrida na escola CEB, no início desta semana. O que mais me impressiona é a ganância que está por trás da negligência que levou à tragédia em si. A escola, localizada no bairro nobre de Moema, cobrava do pai de cada aluno, a bagatela de R$ 2700,00 reais, o que não dá o salário de muita gente. Com este valor, ela vendia em seu pacote atenção integral, além da disciplina extra de natação. A maioria dos pais, receosos de perder um filho afogado numa ocasião longe do ambiente escolar, tido como imaculado, enxergava a disciplina uma forma de evitar qualquer acidente. Para tranquilizá-los e garantir a segurança que a escola oferecia, ela convidava os pais para assistir uma aula, que não passava de uma encenação teatral, pois nela figuravam centenas de educadores, praticamente um para cuidar de cada duas crianças. Entretanto, o cenário perfeito só existia numa ficção inventada para garantir os lucros da instituição. Por trás dos panos, havia uma única professora, amparada por uma única assistente, que tinham que se desdobrar para dar conta de uma turma vasta. Isto porque a escola, que angariava R$ 2700,00 mensais de cada aluno preferia economizar com o número de educadores. Não acredito que a culpa seja da professora, e muito menos da assistente. A culpa pelo acidente em si foi a ganância dos proprietários desta escola, que pensando apenas no lucro, negligenciaram e subestimaram a curiosidade de uma criança de três anos. Ou será que eles acreditavam que dois adultos teriam poderes sobrenaturais para cuidar de um grupo de crianças, que pela própria natureza são avessas às regras e costumam seguir seus instintos e anseios de descoberta? Infelizmente este é um retrato da nossa realidade, que é embalsamada pelos valores enraizados em nossa cultura, o de levar vantagem em tudo.
Uma amiga que se mudou há alguns meses comprou um sofá na Tok&Stok ( sim, vou dar nome aos bois). Está esperando até hoje. A cada ligação, uma desculpa. E pra piorar, avisam que não tinham o produto no estoque. Mas por que diabos não avisaram isso no momento da compra? Por que é preciso vender. Quanto ao sofá, ela continua esperando. Caso ele nunca venha, ainda existe o Procon. Mas e quanto aos pais desta criança? Pois não há Procon que traga a vida deste menino de volta, que traga de volta os sonhos que estes pais sonharam pra ele, e que foram engulidos pela piscina da escola CEB.

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