Tempos atrás na musculação ( que me obrigo fazer três vezes por semana), fui abordada por uma dessas senhoras ricas e dondocas de academia, que ao analisar meu corpo, teceu o seguinte comentário: – Seu corpo está ótimo, mas acho que um silicone lhe deixaria mais proporcional. Agradeci a dica e fiquei refletindo comigo mesma sobre a tal cultura dos peitos inflados que nos assola. Não era apenas a mulher da academia que me cobrava os tais peitos imponentes, mas os programas de TV, revistas de moda e o outdoor do ônibus que insistia em me oferecer ( juntamente com os peitos da modelo) um estilo de sutiã que eu jamais usaria. Nada contra as mulheres siliconadas, mas parece que hoje em dia é vergonhoso ser como é. É pecaminoso não seguir os padrões impostos. E tudo está a venda. O sutiã desconfortável que é tido como belo, e os peitos, que como acessórios, são vendidos na clínica mais próxima, com facilidade de pagamentos inquestionáveis. Esses dias li uma declaração de uma destas sub-celebridades com codinome frutífero, que dizia que fazer uma lipoaspiração, para ela, era como fazer as unhas. Eis outro procedimento que me dá paúra. Vi de relances tempos atrás em um programa de televisão que teve a pachorra de mostrar uma cirurgia dessas ao vivo. Me deu náuseas, e pânico. Na verdade um pânico alheio por essas mulheres que se submetem a estas torturas medievais para se encaixar neste tal padrão mediático, que além das formas esguias e seios que transbordam no decote, também cultua os cabelos lisos e longos. Ainda mais numa terra onde os cacheados e crespos predominam. Noto que aos poucos, estas mulheres, sem perceber, estão se transformando nas próprias mercadorias que compram. Se tornaram um mostruário do cenário do ter, que constituí a sociedade capitalista. Abriram mão de suas verdadeiras formas para adquirirem os contornos de um ciborgue plastificado que clama para ser visto e amado, mas se atira num abismo onde as formas se repetem, e as essências se anulam: são todas iguais. São os mesmos peitos, cabelos e estereótipos criados em laboratório, que se amontoam na mesma pilha, como a seção de brinquedos numa loja de departamento. Nessas horas, ser uma estranha no ninho me deixa feliz. Me sinto tão bem em poder ser livre para me assumir como eu sou. Com meus seios pequenos, cabelos ao vento e sem código de barras.
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Sabrinah Giampá
Jornalista e CabeleireiraO blog surgiu como uma espécie de catarse para Sabrinah Giampá, que conseguiu transformar um trauma de infância em uma missão: ajudar outras pessoas no resgate da verdadeira identidade, através da redescoberta dos fios naturais.
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