Penso que os tempos atuais tem transformado o ser humano numa criatura cada vez mais individualista, que é totalmente o oposto da verdadeira natureza humana, a de se socializar. A relação com vizinhos é cada vez mais inexistente, ao ponto de se evitar até um simples bom dia. Os colegas do trabalho se transformaram em rivais devido à lógica corporativa do cada um por si, e as conexões substituíram as relações reais e os vínculos, que deixam de existir com apenas um clique. São 500 amigos virtuais que se configuram como criaturas ilusórias que apenas coexistem na utopia cibernética. Na vida real estamos, na grande maioria, submersos a uma solidão que busca artifícios cada vez mais superficiais para tapar um vazio que não se preenche sem laços verdadeiros. O consumo exacerbado tem este papel, e nos impulsiona a vivenciar a cultura do ter antes mesmo de ser, e nos configura como mercadorias vendáveis, a qualquer preço. Há uma busca inconstante em ser o que acreditamos como um padrão de qualidade que gera aceitação. Isto faz com que muitas pessoas abram mão de suas identidades para criar uma personagem atrativo para a grande maioria. Esta maioria, por sua vez, idolatra ‘personas’ cada vez mais estereotipadas, e são incapazes de enxergar a verdadeira essência que habita a alma humana. Verdades se evaporam em meio de tantas mentiras e já não sabemos mais quem somos e para onde vamos. Nos tornamos uma gigante massa homogênea e gelatinosa, se consistência, sem vontade, sem razão.

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