Assim que entrou no ônibus ela avistou um lugar vazio ao lado de um velho. Ele, como a maioria dos passageiros, ao invés de se sentar no lado da janela liberando o lugar vago, sentava-se no banco da passagem, como se quisesse dizer que os dois lugares eram dele e que não queria companhia. Ignorando o sinal, ela pediu licença e se sentou. Após sentar, sentiu que o espaço parecia ser menor do que aquele que estava acostumada ao sentar num ônibus. Notou que o velho se esparramara no banco de tal maneira que ocupava não apenas o lugar dele, mas metade do dela. Irritada, mal conseguia se mexer. Tentou ganhar espaço com os braços, mas o velho estava irredutível. Logo em seguida, pensou em tentar uma força tarefa com as pernas, mas ficou com medo de ser mal interpretada, e também não gostou da ideia de sentir suas pernas roçando com as do velho. Desistiu de lutar. Resolveu se adaptar ao pequeno espaço, afinal, estavam em uma metrópole e todos os espaços estavam dominados. Mas não era justo. Cada qual com o seu banco seria natural, por que ele insistia em roubar um pedaço do dela? O mau humor tomou conta. Talvez de pé seja melhor, indagou. Levantou-se. Faltava um ponto para descer. Paciência. Deu o sinal e saiu, amaldiçoando o velho espaçoso.

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